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Joinville: de 'Manchester catarinense' a celeiro de startups (VIDEO)

Em Santa Catarina, indústria aposta em laboratórios de inovação aberta e tecnologia para atrair startups e criar ecossistema espelho para o país

Por Maria Clara Dias | Exame

Não tão distante de um dos principais polos de inovação da região sul, em Florianópolis, a também catarinense Joinville dá largos passos rumo à transformação e consolidação de um cenário inovador e de fomento a startups.

Em uma curva de crescimento acelerada, a cidade tem deixado de lado o passado industrial – pelo qual ganhou o apelido de "Manchester catarinense", numa referência ao segundo maior centro urbano do Reino Unido, também conhecido pelo passado industrial – e assumido a uma posição de destaque entre os ecossistemas de inovação e empreendedorismo na região Sul.

A Transfeera, fintech de gestão e processamento de pagamentos, tem feito parte dessa revolução. A startup nasceu em Joinville no ano de 2017 e, ao decidir continuar por lá e evitar o famoso êxodo de startups para o eixo Rio-São Paulo, ganhou uma missão adicional: ajudar a fomentar um ecossistema ainda em desenvolvimento. Para isso, juntou seus pertences e se mudou para um parque tecnológico recém-inaugurado dentro de um renomado centro industrial da região.

“Para nós, a decisão está ligada ao desenvolvimento. Já nascemos dentro desse ecossistema e com a consciência de que estar próximo de outras empresas é a resposta para o crescimento”, diz Guilherme Verdasca, fundador da Transfeera. O segundo semestre deve marcar o início das operações da fintech no parque, segundo Verdasca.

O lugar que atrai a Transfeera e outras empresas, institutos e organizações da região é o parque tecnológico Ágora Tech Park, inaugurado em outubro de 2019 e que serve como um braço de inovação dentro do Perini Business Park, um dos principais centros empresariais da América Latina.

Sob o pretexto de reunir os principais agentes corporativos da região sul, o Perini Business Park foi inaugurado há 20 anos. Hoje, já abriga 250 empresas que juntas faturam 5,2 bilhões de reais anualmente, um montante que equivale a 20% do PIB da região e 2% do PIB de todo o estado de Santa Catarina.

“Nossa percepção é de que teríamos que continuar estimulando o crescimento das empresas inseridas no parque. Do contrário, em 15 anos elas não mais existiriam por não serem inovativas”, diz Marcelo Hack, CEO do Perini. A criação do Ágora surgiu a partir da intenção de amadurecer um ecossistema já existente, mas que não contava com qualquer suporte para expansão. Assim surgiu o espaço de 14.000 metros quadrados.

Join.valle

Junto ao fato de ser a maior cidade de Santa Catarina, Joinville agora também busca o selo compartilhado pelos principais pólos de inovação nacionais e o mérito de carregar aceleradoras, startups de destaque e organizações que contribuam para a evolução da inovação brasileira.

Na esteira de ações para deixar para trás o tradicional passado industrial e se tornar o principal destino para startups sulistas, a cidade tem investido em infraestrutura – e com isso conquistado grandes nomes da iniciativa privada.

Para Hack, o ecossistema de inovação de Joinville é tão antigo quanto o de Florianópolis, mas, diferente da cidade litorânea, não possuía (até pouco tempo atrás) suporte para crescer.

“Nosso ecossistema começou a tomar forma em 2019 com o Join.valle [apelido dado ao vale da inovação do município]. Ainda há muito a se fazer, e temos de encarar nossa atuação, assim como Florianópolis, como uma maneira de consolidar a inovação do estado como um todo”, diz.

O argumento se justifica pelo cenário de inovação nas duas cidades. Florianópolis está entre as 10 cidades com maior número de startups no Brasil, e as empresas locais já têm certa maturidade: 37% delas estão em fase de tração, e 18% em fase de escala.

Já em Joinville, a grande maioria das startups ainda encara um cenário de validação e apenas 8% apresentam faturamento de 500 mil reais a 1 milhão de reais, segundo mapeamento da Associação Brasileira de Startups (AbStartups).

Na cidade catarinense, dominam os setores de serviços e indústria, que juntos totalizam mais de 70% do PIB local. É um dado que justifica a dominância industrial na região – e também o interesse por mais tecnologia e atualização.

A cidade é também o sétimo município com o maior saldo de empregos do país, com 6.656 posições em 2019 - última referência disponibilizada publicamente pela cidade. Entre as cidades da região Sul, perde apenas para a capital do Paraná, Curitiba.

Além do setor econômico pujante, Joinville também reúne indicadores sociais positivos. Já foi considerada uma das melhores cidades para se viver no Brasil, e ostenta um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano do estado.

A presença de diferentes universidades também facilita a capacitação técnica dos profissionais recém-formados e de chegada no mercado de trabalho. Joinville concentra campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).

Como aconteceu com a Transfeera, o arranjo chama a atenção. No Ágora, além de entidades como Sebrae e Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), também está presente a incubadora Softville, responsável pela incubação da fintech. Nela, outras 121 startups estão incubadas, estendendo a lista de pequenas empresas atraídas para o novo polo inovativo em Joinville.

"Não criamos nada. O Ágora agora nada mais é do que uma catedral, que criou uma curiosidade capaz de atrair atores importantes e que ainda não enxergavam Joinville como um lugar óbvio para as suas estratégias de crescimento”, explica Jean Vogel, diretor executivo do Ágora.

Do lado das grandes companhias, estão as multinacionais WEG, ArcelorMittal e Tigre, presentes no Perini e que já deixaram claro o interesse por estreitar relacionamento com startups com a ajuda do Ágora.

Para facilitar essa ponte, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) inaugurou no parque tecnológico um espaço apelidado de FaberUp, um programa de inovação aberta que busca criar uma rede que inclua empresas do setor industrial e startups.

O FaberUp surgiu em 2020 para explorar o potencial de crescimento rápido de empresas, principalmente as de médio e grande porte. “Criamos um conceito de indústria, mas com características de startups.

Com isso, hoje temos uma rede de empresas industriais que desejam manter os processos de crescimento e a veia empreendedora”, diz José Eduardo Fiates, diretor de Inovação da FIESC.

A conexão é feita com a ajuda de workshops e treinamentos que estimulam a troca de informações, além de programas de aceleração entre as grandes indústrias, que oferecem experiência de mercado, e as pequenas, que podem contribuir com soluções inovadoras. Neste quase 1 ano, já foram mobilizadas 185 empresas associadas à FIESC e 390 empreendedores em 7 workshops online realizados pelo projeto.

Junto da aproximação com startups e entidades de empreendedorismo, a nova cidade tecnológica quer também estar de braços abertos para parcerias com o ambiente acadêmico.

Não por coincidência, ao lado do laboratório de inovação do parque tecnológico está o campus de Joinville da Universidade Federal de Santa Catarina, que concentra, bem no epicentro da zona industrial do estado, alunos dos cursos de exatas como Engenharia, Sistemas de Informação e Computação. "Conviver neste ambiente e esse conjunto de cenários solta uma série de amarras. Os resultados estão aparecendo, e ainda vão aparecer”, diz Vogel.

A torcida dos empreendedores é para que o cenário seja ainda mais positivo e, com sorte, leve Joinville a alcançar em pouco tempo o mesmo patamar visto em outras cidades da região sul já conhecidas pelos seus vales da inovação.

É o caso das cidades de Porto Alegre e Curitiba, por exemplo. Nesta última, há também uma tendência em ser um grande berço de unicórnios, dando origem a empresas como MadeiraMadeira e Ebanx. Mas, como um consenso entre os especialistas, não há disputas por lá. É o conjunto da obra que fará, em breve, da região sul o grande destino de startups no país.

3 lições de Joinville para cidades inovadoras
  • Investimento em espaços de inovação
Como no caso do Ágora, a infraestrutura é um passo importante para consolidar a inovação local. A construção de espaços que permitem a colaboração e interação entre diferentes agentes abertamente é um ponto forte na cidade.
  • Aproximação com a academia
Parte da construção da mentalidade inovativa vem da ideia de colaboração entre indústria, sociedade, governos e iniciativa privada. A cidade catarinense deixa um outro recado ao estimular a aproximação com o ambiente acadêmico, o que fortalece a parceria entre empresas, startups e estudantes universitários - que muitas vezes são até mesmo contratados por essas companhias.
  • Apoio ao empreendedorismo local
Tornar-se um local convidativo para entidades apoiam o empreendedorismo local é um incentivo a mais para que um ecossistema avance. Em Joinville - e principalmente no Ágora - já figuram instituições como o Sebrae e Acate, além de associações e incubadoras.

Alisson Julio (NOVO-SC) | Vereador em Joinville

Nossa cidade foi destaque no portal Exame como “celeiro de startups”, desde sempre nossa cidade é conhecida pelo povo trabalhor, inovador e empreendedor. Fico feliz de estar contribuindo para que cada dia mais Joinville esteja preparada para o futuro. Nesta manhã, participei da reunião do projeto IoT Live Lab que irá transformar a Univille no maior laboratório de Internet das Coisas da região.
Afinal, o que é Internet das Coisas?

Internet das Coisas é um conceito que se refere à interconexão de objetos cotidianos, essa conexão permite que objetos físicos sejam capazes de reunir e transmitir dados. Você pode conectar toda uma empresa, instituição ou até mesmo toda uma cidade e utiliza os dados colhidos para melhorar o desempenho, economia e/ou conforto dos usuários.

Essa é uma excelente iniciativa para Joinville, que se consagra no mapa da tecnologia IoT e de cidades inteligentes.


CAMISETA NOVO30 LARANJA (UNISSEX)

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