Por Michelle Valverde | Diário do Comércio
Em alguns casos, principalmente no segmento de corte, produtores têm migrado para outros setores da floricultura e também para a produção de verduras e hortaliças.
De acordo com o diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Renato Opitz, de forma geral, está ocorrendo uma recuperação do setor, ainda que lenta. Se logo no início da pandemia o descarte de flores chegou a cerca de 90%, com a reabertura das floras como vendas iniciando-se um processo de recuperação.
"As primeiras semanas da pandemia foram críticas para o setor. Houve o fechamento das floriculturas e suspensão dos eventos. Todo mundo parou e houve muita dúvida em relação ao mercado. Ao longo dos meses, a situação foi melhorando. Conseguimos reabrir as floriculturas, que foram enquadradas como essencial, pelas flores serem produtos perecíveis. Isso ajudou bastante e gerou resultados, inclusive no Dia das Mães".
Ainda segundo Opitz, com o prolongamento do isolamento e as pessoas passando mais tempo em casa, também houve uma mudança no perfil de consumo. A aquisição de flores em vasos e para paisagismo aumentou, o que foi importante para a recuperação de parte dos segmentos da floricultura.
"Percebemos que houve uma mudança no perfil do consumidor. Como as pessoas estão ficando mais em casa, sem gastar com viagens, teatro e restaurante, por exemplo, elas estão deixando os lares mais confortáveis e agradáveis. As flores e as plantas transformam o ambiente, deixa mais agradável e alegre. Também percebemos que as pessoas estão investindo no paisagismo em sítios e chácaras, o que é muito importante para a recuperação do setor".
Para se ter ideia, com a mudança de consumo, as vendas em geral se recuperaram e, em agosto, mantiveram o mesmo desempenho que o registrado em igual período de 2019, segundo informou o Ibraflor.
Segmento de corte ainda registra queda de até 40%
O segmento de flores de corte, que tem as vendas focadas, principalmente, para o mercado de festa e eventos, está com as vendas entre 30% e 40% menores que as registradas em 2019, o índice foi apontado tanto pelo Ibraflor para a média Brasil quanto para o mercado de Minas, pela Associação de Distribuidores e Produtores de Flores e Plantas de Minas Gerais.
Com os eventos e festas ainda suspensos, muitos produtores migraram da atividade de corte para a produção para flores que estão com a demanda normal, como em vaso e para paisagismo.
"O setor de corte ainda enfrenta uma crise grande. As flores como rosas, callas, cravo, copo-de-leite, gérbera, lírio de corte, entre outros, são muito usadas em festas e eventos, que continuam suspensos. Parte das vendas que estão acontecendo se deve ao consumidor comprar estes itens para colocar em casa e também pelos produtores estarem vendendo para os supermercados buquês prontos e migrando para segmentos com maior demanda", explicou o diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Renato Opitz.
Outro tipo de migração está ocorrendo das flores de corte para o plantio de leguminosas e hortaliças.
"Minas Gerais é um exemplo de onde essa migração tem ocorrido. Na região Sul do Estado, com produção importante de flores de corte regiões de Andradas e Itapeva, teve casos de migração para a produção de leguminosas e hortaliças. Já na região de Araxá e Barbacena, onde o mercado enfrenta menos concorrência e as vendas são mais locais, isso já não aconteceu e a comercialização está em recuperação".
Para o presidente da Associação de Distribuidores e Produtores de Flores e Plantas de Minas Gerais, Flávio De Assis Vieira, em Minas Gerais, a situação dos produtores de flores de corte é crítica, principalmente, para as empresas que fornecem para Belo Horizonte e entorno, que é um grande mercado consumidor. Com a crise, dos 22 associados, oito já encerram como atividades.
"O consumo de flores na Capital ainda não voltou porque os eventos e festas continuam suspensos. Algumas cidades do interior, já voltaram e isso tem ajudado um pouco. Uma crise veio muito forte, acredito que cerca de 40% dos produtores devem a atividade", explicou Vieira.
Ainda segundo Vieira, a previsão de retorno ainda é incerta. "Pelas reuniões que participo, a previsão dos eventos e festas retornarem é em março. Mas, com toda a flexibilização que está ocorrendo, espero que seja antes".
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