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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Eleições 2020: ‘Teto de gastos tem de ser absolutamente respeitado’, diz candidato do Novo à Prefeitura de SP

Empresário e ex-secretário de Doria, Filipe Sabará defende privatizações, corte de gastos e ‘controle fiscal em dia’ para retomada econômica no pós-pandemia

Por Rafaela Lara | Jovem Pan

Candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Partido Novo, Filipe Sabará já atuou como secretário de Assistência e Desenvolvimento Social quando João Doria (PSDB) esteve à frente da prefeitura, em 2017, e é fundador da ONG Arcah, voltada ao acolhimento de pessoas em situação de rua e sem-teto. Sabará também é formado em marketing pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), atuou como presidente do Fundo Social de São Paulo, órgão de filantropia do estado, e é empresário do setor de cosméticos. Segundo ele, um dos principais temas da disputa municipal deste ano será a retomada econômica da cidade no pós-pandemia, que só será possível através de privatizações.

Filipe Sabará vai disputar as eleições pelo Novo | Reprodução / Twitter

“Nossa grande bandeira é justamente a retomada econômica pelas oportunidades que São Paulo precisa voltar a oferecer para as pessoas. Não tem como o setor público investir na retomada, e por isso acredito muito que o liberalismo será a única saída para cidade de São Paulo. A prefeitura precisa parar de atrapalhar a vida de quem quer empreender. É preciso privatizar para focar no essencial”, disse em entrevista exclusiva à Jovem Pan. 

À frente da Secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Sabará criou o programa Trabalho Novo, que visava empregar pessoas acolhidas das ruas através de parcerias com empresas privadas. Segundo ele, mais de 3 mil empregos foram criados durante o programa. Os Centros Temporários de Acolhimento (CTAs) da cidade também foram implantados durante sua passagem pela pasta – ele criticou a atual condução dos CTAs pela gestão de Bruno Covas, vice de Doria que assumiu a Prefeitura quando o ex-prefeito disputou e venceu as eleições para governador de São Paulo, em 2018. “Era um trabalho essencial que foi cortado”, disse. “Infelizmente o prefeito descontinuou o programa que criamos e os CTAs que construímos com dinheiro privado estão extremamente mal administrados. Quem precisa de mão de obra, poderia estar contratando essas pessoas. É uma abordagem voltada para oportunidade de emprego que eles abraçam com toda a garra”, continuou.

Sabará avalia que o pleito municipal, com primeiro turno em 15 de novembro e o segundo no dia 29 do mesmo mês, pode se tornar “um ambiente hostil e difícil para a velha política e políticos que fazem campanha de um jeito tradicional, em comícios e eventos de rua. A pandemia deixa o perfil dessas eleições ainda mais digital”. Para ele, a população paulistana buscará “por soluções práticas para a vida e as propostas viáveis nesse sentido serão analisadas e absorvidas”. Em julho, o Congresso aprovou o adiamento das eleições devido à pandemia do novo coronavírus e com as recomendações de distanciamento social vigentes não será possível fazer campanha de modo tradicional.

Na gestão do município, além de defender privatizações para “enxugar a máquina pública”, Sabará também quer a retomada dos programas criados por ele e voltados ao atendimento e geração de emprego para população de rua e também nas áreas da periferia, que ele tem chamado de “regiões de oportunidades”. “Quando criamos o Trabalho Novo, empregamos mais de 3 mil pessoas em mais de 190 empresas privadas. Isso nos mostra que a população de rua precisa de oportunidade. Não se trata majoritariamente de um problema de saúde. As pessoas usam a droga como fuga da realidade e por conta da questão social, essas pessoas permanecem nas ruas. Nosso programa mostrou como reverter isso na prática. Essas pessoas precisam de ocupação, de estar no mercado de trabalho. É preciso retomar isso”, afirma.

Sabará chamou o programa De Braços Abertos, da gestão Fernando Haddad (PT), de “de braços abertos para a morte” e ressaltou que a política adotada naquela ocasião na região da Cracolândia não funcionou. Nas periferias, ele defende o investimento do setor privado no micro e pequeno empresário. “Com a taxa de juros a 2%, quem tem dinheiro vai ter que investir na economia real que são os micro e pequenos empresários de São Paulo. A vocação de São Paulo de dar oportunidade para as pessoas se perdeu por conta de prefeitos que não entendem de liberalismo”, avaliou.

Durante a gestão Doria no município, após a demissão da então secretária de Assistência Social, Soninha Francine (PPS), feita pelo tucano em vídeo, alegando que havia necessidade de colocar “força na gestão”, Sabará, que atuava como secretário-adjunto, foi alçado ao posto de Soninha. Entre os colegas de partido, Sabará é visto como um nome técnico para o posto. O empresário e candidato do Novo também é herdeiro do Grupo Sabará, empresa de grande porte do setor químico que atua na fabricação de cosméticos.

Diante de discussões que levantaram a possibilidade de revisão do teto de gastos do governo federal, o candidato do Partido Novo à Prefeitura de São Paulo, Filipe Sabará, afirmou que, se eleito, o “teto de gastos tem de ser absolutamente respeitado”. Em âmbito federal, o assunto provocou a queda de dois secretários do Ministério da Economia, agitou os ânimos de Brasília no último mês e fez com que o presidente Jair Bolsonaro se pronunciasse ao lado dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados em defesa da responsabilidade fiscal. Sabará, no entanto, evitou comentários sobre o governo Bolsonaro, mas defendeu uma reforma administrativa na Prefeitura. “Nossa proposta é, obviamente, controlar os gastos ao máximo e privatizar para pagar direito as contas e não subir impostos. São Paulo subiu 30% de IPTU e o munícipe não pode mais pagar tanto imposto, que como em um passe de mágica é incluído na conta. A questão do teto se faz muito necessária, o controle fiscal tem que estar muito em dia e o teto tem de ser absolutamente respeitado. Não há como fazer isso sem diminuir gastos e privatizar”, disse à Jovem Pan. Segundo ele, o principal tema das eleições e o desafio do próximo gestor da cidade de São Paulo será a retomada econômica após a pandemia do novo coronavírus.

Para se tornar o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, Sabará passou por um processo seletivo interno, com análise de currículo, entrevista com consultores e dirigentes do partido. Na segunda fase, era necessário pagar o valor de R$ 4 mil para participar. O pré-candidato defende “quadros técnicos” para as secretarias do município e elogiou a condução do Estado de Minas Gerais pelo correligionário Romeu Zema que, segundo ele, “está dando um show em Minais com uma equipe técnica e enxuta”.

Veja algumas propostas defendidas pelo pré-candidato do Novo à prefeitura de SP

Na Economia: Privatização


O pré-candidato acredita que a privatização, o investimento do setor privado em áreas de periferia e a reforma administrativa na Prefeitura devem ajudar o caixa do município a se recuperar após a pandemia. “O grande desafio será a retomada da economia, os eleitores querem saber como pagam salários, retomam negócios e isso já é assunto. O setor tem reclamado de dificuldade de retomada. Quem perdeu o emprego e quem empreende também vai buscar isso em um prefeito. Privatizar não foi o foco da gestão [do atual prefeito, Bruno] Covas e isso será necessário no próximo ano”, disse.

Na Educação: Inovação

Ao abordar o tema Educação, Sabará ressaltou que o ensino público será ainda mais demandado no próximo ano com a saída de alunos das escolas particulares do município. “Muitos pais que haviam colocado suas crianças em escolas privadas, agora com a crise, vão depender mais ainda da educação pública. Com a pandemia, inovações deverão ser feitas na Educação para mudar esse cenário”, afirmou.

Na Saúde: Modernização

Para Sabará, o setor da Saúde do município necessita passar uma modernização, mas para isso acontecer “é preciso enxugar a máquina pública”. “Enxugando a máquina conseguimos focar em serviços essenciais para o paulistano. É preciso criar o prontuário eletrônico e teremos o básico no dia a dia para a Saúde, que tem prestado um atendimento fraco”. avaliou. Com a pandemia de Covid-19, houve atraso nas cirurgias eletivas e os índices de leitos disponíveis nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) disparou na capital.

Moradia: Revisar plano diretor

Segundo Sabará, a revisão do Plano Diretor, que determina a ocupação do solo urbano da cidade, poderia promover um “adensamento maior do centro da cidade e, junto com isso, trazer encontros entre o mercado financeiro e os empreendedores”. Ele defende ainda que a Prefeitura deixe “a população crescer de forma liberal no Centro” através moradias mais baratas na região enquanto que os moradores da periferia teriam acesso ao investimento privado para o fortalecimento dos negócios nessas regiões mais afastadas do centro expandido de São Paulo.

No Social: Assistência com oportunidade

Para as periferias, que Sabará tem chamado de “regiões de oportunidade”, ele defende o investimento do setor privado nos micros e pequenos empresários dessas localidades. Para os moradores de rua e usuários de droga em situação de rua, o ex-secretário quando João Doria foi prefeito da capital acredita que é preciso oferecer a assistência com oportunidade de emprego. “Quando implementamos o Trabalho Novo, geramos 3 mil empregos com 190 empresas privadas. Quem precisa de mão de obra poderia estar empregando essas pessoas, e eles abraçam a oportunidade com toda garra. É uma abordagem voltada para oportunidade de emprego e mudança de vida. Atualmente, a prefeitura não consegue resolver a causa nem o sintoma”, declarou.

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