Pular para o conteúdo principal

O Fundo Eleitoral e suas distorções

O Fundo Especial de Financiamento de Campanha, popularmente conhecido como Fundo Eleitoral, foi criado em 2017 pelo Congresso Nacional como resposta à proibição de doações de empresas para campanhas políticas. Já em 2018, o volume de dinheiro público que repassado aos partidos por meio deste fundo foi de R$ 1,7 bilhão. Agora, em 2020, esse valor será de R$ 2 bilhões.


Eduardo Ribeiro | O Estado de S.Paulo

Há muitos defensores desse modelo de subvenção. Não à toa, a maioria dos países adota alguma forma de subsídio para partidos políticos. Os argumentos vão desde a diminuição do fardo de prospectar doadores, até a tese de que, dessa forma, os políticos não ficariam reféns da iniciativa privada, diminuindo a influência, a troca de favores e a corrupção.



Mas quem conhece a nossa realidade sabe que R$ 2 bilhões é um valor exagerado. Nem mesmo em países cujo financiamento eleitoral é majoritário público, como Itália e Espanha, como cifras chegam perto disso. E o Reino Unido, por exemplo, com o PIB por captação quase 5 vezes maior que o Brasil, destino aos partidos 40 vezes menos.

De qualquer forma, como na maior parte das nossas leis, o financiamento público de campanhas políticas traz resultados totalmente dissonantes de suas intenções.

Primeiramente, é importante deixar claro que num país como o nosso, onde 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, onde amargamos a metade final do ranking internacional de educação, e em meio a uma pandemia, distribuir recursos públicos para fins eleitorais não podem ser uma prioridade.

Em segundo lugar, os argumentos em prol do financiamento público não se sustentam, uma vez que focam exclusivamente na origem do recurso, e não no propósito real de uma eleição democrática: a representatividade.

Temos 33 partidos registrados no Brasil, praticamente todos são descabida de partidos antigos que, ao longo do tempo, perderam o vínculo com sua essência ideológica. Portanto, além de sermos obrigados a financiar ideias opostas às nossas, muitas vezes nem sabemos o que estamos financiando.

Aliás, ao contrário do que muitos pensam, isso não é um modelo que beneficiou a pluralidade e a renovação. Na verdade, beneficia quem tem a chave do cofre, os caciques, muitos deles investigados por corrupção, e que definem os critérios para o repasse desses recursos. No fim, acaba priorizando seus próprios grupos políticos e se perpetuando no poder. Isso foi público e notório em 2018, e tudo indica que se repetirá em 2020.

Além disso, por ser um evento sazonal e extremamente concentrado no curto espaço de tempo, os custos aumentam naturalmente em função da alta demanda. Juntando-se a isso um aumento colossal na oferta de dinheiro exclusivo para este fim, é esperado que os preços de publicidade, materiais gráficos, e tudo o que envolve uma campanha política acabe sendo superfaturado, criando uma bola de neve e comprometendo ainda mais a competitividade dos novos participantes.

Nas últimas eleições municipais, em 2016, não havia Fundo Eleitoral e as campanhas correram normalmente. Não há nada de errado em prospectar doadores e conquistar apoio na sociedade através de suas ideias e da expressão de sua liderança. Pelo contrário, isso é louvável e deveria ser a regra.

É nisso que o Partido Novo acredita, por isso comunica ao TSE nossa renúncia ao Fundo Eleitoral. Assim como em 2018, não utilizamos um centavo do mesmo pagador de impostos em nossas campanhas, e gostaríamos de ver os outros partidos fazendo o mesmo.

*Eduardo Ribeiro é empresário, formado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Santa Catarina e tem atuação profissional voltada ao setor de saúde. Presidente do Novo já março de 2020

Camiseta Laranja Neon NOVO Masculina

Camiseta Dry Fit Neon (Masculina)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Daniel José: o que eu fiz pela Educação na ALESP

Em 2019 tive a oportunidade de fazer muito pela educação: Participei da CPI das Universidades, da Comissão de Educação e Cultura também faço parte do Conselho Consultivo da USP. Além disso, protocolei o Projeto de Lei ICMS educacional. Daniel José | Deputado Estadual (NOVO-SP) 2020 será um ano de muitas mudanças positivas para a educação de São Paulo e sinto-me honrado em fazer parte disso. Vamos com tudo! Polo Azul (Masculina)

Deputado quer fazer ‘revogaço’ de leis e burocracia na Assembleia Legislativa de São Paulo (VIDEO)

Você sabia que há uma lei em vigor no Estado de São Paulo, que isenta da cobrança de frete ferroviário o transporte de pombos-correio? Por Fernando Henrique Martins | Gazeta do Povo Parece piada, mas não é. Trata-se da Lei n.º 943 de 1951 , proposta pelo então deputado Antônio Sylvio Cunha Bueno, aprovada por seus pares, e sancionada pelo governador Adhemar de Barros. Deputado Estadual Ricardo Mellão (NOVO-SP) | Reprodução Assim como essa, tantas outras leis sem qualquer utilização prática ou relevância atravancam o sistema de cidades, estados e do País. É exatamente esse o ponto que o deputado estadual Ricardo Mellão (Novo) pretende atacar em sua legislatura. “Temos feito um trabalho que inicia na desburocratização legislativa. Minha equipe levantou 15 mil lei e descobrimos que 73% delas dizem respeito a denominações de viadutos, estradas, além de datas comemorativas, como Dia do Saci, Dia do Tomate. Só sobre o Dia da Uva temos três datas diferentes”, explica o parlame

Bancada do NOVO na ALERJ defende reforma tributária do estado

Com apenas 2 deputados estaduais, Chico Bulhões e Alexandre Feitas, o NOVO defende que o estado do Rio de Janeiro passe por uma reforma tributária, além da privatização da CEDAE. Por Quintino Gomes Freire | Diário do Rio Em discurso ontem, 5ª (14/3), o líder do partido, Bulhões, disse “Precisamos fazer estudos para entender onde estão os gargalos, como é que a gente consegue aumentar a competitividade das empresas que querem se instalar no Rio de Janeiro, gerando empregos e renda“. Deputados Estaduais Alexandre Freitas e Chicão Bulhões (NOVO-RJ) Ele elogiou o esforço da Secretaria de Fazenda no combate à sonegação e a corrupção na concessão de incentivos fiscais do estado, mas questionou o foco do governo na ampliação das receitas. Destacando que a crise fiscal também é uma crise de despesas. “Responsabilidade fiscal demanda responsabilidade com despesas. Não é sufocar apenas o contribuinte. É claro que tem que se punir quem está errado, mas também reconhecer que o esta