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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Energia concentra aportes em Minas

No primeiro trimestre de 2020, foram anunciados US$ 900 milhões em investimentos para Minas Gerais. O valor ficou superior ao verificado para o primeiro trimestre desde 2016, quando a pesquisa foi iniciada.

Por Michelle Valverde | Diário do Comércio

Os aportes estão concentrados no setor de energia e serão aplicados em expansão e modernização de negócios e plantas já instaladas no Estado. Pela primeira vez, desde que os estudos foram iniciados, não foram divulgados investimentos em implantações.

Segmento de geração de energia solar foi o que mais atraiu investimento estrangeiro para Minas Gerais no primeiro trimestre | Crédito: Pexels

Em relação aos investimentos totais anunciados para o Brasil, o valor registrado no Estado representou 2,4% do total, mas em relação ao total de investimentos com destino declarado, representou 7,3 %.

Os dados são do informativo “Investimentos Anunciados para Minas Gerais”, elaborado pela Fundação João Pinheiro (FJP).

De acordo com os dados da FJP, entre os cinco estados de maior volume de investimentos anunciados no primeiro trimestre de 2020, estão: São Paulo, com U$ 5,7 bilhões e participação de 45,8%.

Os demais estados obtiveram cerca de US$ 1 bilhão. Rio Grande do Norte, na segunda posição, e o Paraná, na terceira, registraram individualmente US$ 1,2 bilhão; o Rio Grande do Sul, na quarta colocação, US$ 1 bilhão. Minas Gerais, com US$ 900 milhões, ficou na quinta posição.

Em Minas Gerais, 60% dos aportes anunciados de janeiro a março de 2020 foram destinados a projetos mistos de expansão e modernização. Os anúncios em expansão representaram 28%, e os de modernização, 12%. Pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2016, não houve anúncios para implantação.

Ao longo dos primeiros três meses de 2020, o valor anunciado (R$ 900 milhões) superou todos da série histórica para o intervalo. Levando em consideração os aportes anunciados no primeiro trimestre, em 2019, os valores para Minas Gerais foram de US$ 600 milhões. Em 2018, no mesmo período, o anúncio foi de US$ 500 milhões, em 2017 de US$ 400 milhões, e 2016 de US$ 500 milhões.

Assim como visto no trimestre imediatamente anterior, a predominância dos investimentos foi de capital nacional. Levando em consideração os primeiros trimestres anteriormente analisados, houve modificação no perfil de aportes, uma vez que o capital estrangeiro foi, em geral, o mais relevante na série histórica para o período. Em 2020, o capital nacional representou 77,4% dos investimentos anunciados. Desse montante, 89,2% foram aportados no setor energético.

A parcela do capital estrangeiro representou apenas 22,6%. A participação do Chile foi predominante (22,4%) e destinada a projetos em energia solar. A pequena parcela dos Países Baixos e do Canadá (0,1%) foi de anúncios para a agropecuária. A participação de Luxemburgo, também de 0,1%, direcionou-se ao segmento de serviços de atenção à saúde humana e focado em infraestrutura hospitalar de apoio ao tratamento do Covid-19.

De acordo com a coordenadora da coordenação de Análise de Insumo-produto e pesquisadora em Ciência e Tecnologia da FJP, Carla Aguilar, o resultado do primeiro trimestre foi positivo para o Estado, principalmente pelo cenário desfavorável que o País enfrenta. Ela ressalta que os investimentos estão voltados para ampliação e modernização das plantas e dos negócios já presentes no Estado.

“Mesmo em um cenário de crise, foram anunciados investimentos em Minas Gerais. É interessante observar é que os aportes estão focados em expansão e modernização. Não são anúncios de novas implantações de plantas ou negócios, o que é resultado das incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus, pela crise econômica, do aumento dos riscos e pela crise política no Brasil, o que torna o cenário desfavorável para novos investimentos”, explicou.

Detalhamento 

No primeiro trimestre de 2020, 91,4% dos anúncios de investimentos foram do setor de energia, sendo que 72,5% foram provenientes da Cemig. Outros 27,5% ficaram distribuídos entre a Órigo Energia e a chilena Atlas Renewable Energy destinados a empreendimentos em energia solar. No setor serviços, 5,3% foram direcionados ao setor de armazenagem pela empresa de comércio eletrônico Dafiti.

Se antes os aportes estavam concentrados na região intermediária de Belo Horizonte (RGInt Belo Horizonte), no primeiro trimestre de 2020, a região intermediária de Montes Claros obteve a maior participação, respondendo por 22,4% do total. Os aportes anunciados são referentes à construção de uma nova planta de energia solar no município de Pirapora.

De acordo com a FJP, Extrema, município da RGInt Pouso Alegre, obteve 5,3% do total das intenções de investimentos, voltados para a construção de um centro de distribuição pela empresa Dafiti, de comércio eletrônico. A Capital registrou 1,8%, com destino à ampliação de área de locação de um shopping local. A RGInt Patos de Minas atraiu 1% para investimentos no comércio. As RGInt Varginha, Ipatinga e Uberaba somaram 0,5%.

Os investimentos sem informação por município totalizaram 69%.

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