Prefeitura anuncia recursos para obras até o fim do mandato
Mateus Simões | O Tempo
Lá em Brasília, os deputados do Novo fizeram o que era possível para tentar barrar na Comissão de Orçamento e Finanças o aumento de R$ 2 bilhões ao Fundo Eleitoral para o pleito de 2020. Infelizmente outros deputados acabaram empurrando a proposta, que, aparentemente, vai garantir que os partidos sejam irrigados com mais dinheiro público, chegando a um gasto total de R$ 4,5 bilhões em repasses para serem torrados pelas siglas partidárias, entre Fundo Partidário e Fundo Eleitoral.
Foto: MOISES SILVA / O TEMPO |
O que muita gente não percebeu é que, enquanto isso, Belo Horizonte instituiu um fundo eleitoral exclusivo, informal, para financiar a reeleição do prefeito Alexandre Kalil. E, por triste coincidência, também com R$ 2 bilhões de dinheiro público. Os fatos são evidentes e não permitem qualquer engano: o prefeito assumiu publicamente que é candidato à reeleição ao mesmo tempo em que anunciou que, após a prefeitura guardar dinheiro por 30 meses, vai despejar R$ 2 bilhões em obras até o final do mandato – coincidentemente, no período pré-eleitoral.
Belo Horizonte vem amargando dois anos e meio sem investimentos em infraestrutura, com ruas esburacadas, passeios sujos, parques e praças abandonados, mas evidentemente não era falta de dinheiro, já que o prefeito ficou dois anos sem receber repasses do governador Fernando Pimentel, sem fazer uma única reclamação ou adotar qualquer providência. Começou a gritar agora, sempre no tom de bravata eleitoral, e, mesmo assim, resolveu não aceitar o acordo assinado por mais de 800 municípios e intermediado pelo Tribunal de Justiça. Abriu mão de receber mais rápido, para jogar Belo Horizonte na fila interminável dos precatórios estaduais, cujo tempo médio de pagamento pulou de 11 para 15 anos durante o governo do PT.
A justificativa, aparentemente, é que Kalil queria que BH furasse a fila e recebesse antes de Brumadinho, por exemplo. Aliás, foi o próprio prefeito quem disse estar com o caixa gordo, e o anúncio das obras comprova isso: faltando pouco mais de 12 meses para as eleições, declarou que aplicará R$ 2 bilhões em obras na cidade.
Nada de errado em se fazerem obras, mas por qual razão elas devem se acumular às vésperas da eleição?
Aliás, Belo Horizonte precisa desesperadamente de obras estruturais, mas de tempos em tempos o que vemos é a realização de obras de perfumaria, para fazer vista diante da proximidade eleitoral, enquanto investimentos de longo prazo continuam relegados. Não estou falando de metrô, mas de qualquer ampliação que fosse, mesmo nas linhas exclusivas… uma reles organização de ciclofaixas… um esforço de promoção de operações tapa-buracos… Isso para não falar nas obras estruturantes dos grandes corredores viários, na falta absoluta de investimento em saneamento básico ou mesmo na revitalização das áreas mais degradadas da cidade.
O problema é que estas são obras que demandam planejamento e não encontram voz entre aqueles que fazem propostas pensando apenas em 12 meses antes da eleição.
As grandes soluções para a capital continuam sendo adiadas em troca de pequenos projetos políticos, mas a conta dessa falta de investimento já bateu à nossa porta: continuamos perdendo empregos e PIB per capita, mesmo quando o resto do Estado já reagiu. Basta ver que Minas foi o Estado que mais gerou empregos no país, enquanto a cidade de Belo Horizonte continua estagnada. Com tanto dinheiro e foco nas eleições, não sobra nem um nem outro para tratar os problemas da cidade.
Polo Branca (Masculina) |
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