Pular para o conteúdo principal

Militantes do Novo pedem que partido não permita candidatura de deputados que não se opoem a Bolsonaro

Cinco dos oito deputados votaram a favor da proposta bolsonarista na PEC do voto impresso

Por Camila Mattoso, com Fabio Serapião e Guilherme Seto | Folha de S.Paulo

Um grupo de cerca de cem militantes do Novo enviou ofício ao diretório nacional do partido cobrando que, como a sigla oficializou-se como oposição ao governo Jair Bolsonaro, não ceda a candidatura à reeleição para deputados que têm se manifestado de maneira oposta aos posicionamentos da legenda.

Membros do partido Novo promovem um adesivaço em 2020 do então candidato a vereador Andre Bolini - Rubens Cavallari/Folhapress

Na PEC do voto impresso, por exemplo, cinco dos oito deputados votaram a favor da proposta defendida pelo governo Bolsonaro. ​Marcel van Hattem (RS) fez discurso favorável à PEC com críticas ao Tribunal Superior Eleitoral, que tem sido alvo de ataques e alegações falsas de Jair Bolsonaro.

A bancada de deputados do Novo tem votado com o governo em diversas ocasiões, gerando contrariedade em militantes do partido mais alinhados às visões de seu fundador, João Amoêdo, que hoje é um crítico de Bolsonaro.

No ofício (leia na íntegra abaixo), eles apontam que as diretrizes do Novo publicadas em março dizem que os participantes do processo seletivo de pré-candidatos do partido cobrará o alinhamento aos posicionamentos da instituição.

Diante disso, argumentam, os mesmo requisitos devem ser aplicados aos políticos do Novo que desejem ser novamente candidatos pelo partido.

"Pedimos, então, em estrita observância da orientação adotada, que sejam alijados do processo seletivo os que se manifestam em desalinhamento com os posicionamentos do partido, tanto de oposição quanto de apoio ao impeachment do Presidente da República, sendo impedidos de se candidatar ou recandidatar pelo mesmo, resguardando a instituição", conclui a carta.

Leia o ofício na íntegra:

Prezados,

De acordo com o teor do Ato nº 3 das diretrizes do NOVO, publicado em 8 de março de 2021, o partido assumiu posicionamento de oposição ao atual governo federal. Referido ato traz em seu art.1º esta orientação que, conforme seu texto afirma, “norteará desde já tanto nossas posições institucionais quanto nossas candidaturas para 2022. (…)”.

Isto posto, e em face de estar em curso a realização do processo seletivo para as eleições de 2022, espera-se deste Diretório Nacional zelo extremado nesse processo.

Assumida a postura de oposição, seguiu-se o endosso ao pedido de impeachment do Presidente da República. Conforme a própria letra da diretriz em questão, o direcionamento do processo seletivo há que se submeter aos posicionamentos da instituição, sendo, portanto, inadmissível a aprovação de pré-candidatos que não se alinhem às posturas acima citadas, sendo as mesmas premissas norteadoras e pré requisitos para aprovação.

Assim também entre mandatários que porventura desejem ser novamente candidatos pelo partido, há que se aplicar estes mesmos requisitos de seleção para que representem a legenda.

Cabe lembrar que os pré-candidatos todos se manifestarão em nome do partido ao longo do período de pré-campanha e campanha, tornando imprescindível a coerência na aplicação da orientação para que se alcance unidade e alinhamento no discurso e na prática.

Portanto, já não há lugar para questionamentos nem tampouco manifestações contrárias entre os que pretendem representar a sigla. Pedimos, então, em estrita observância da orientação adotada, que sejam alijados do processo seletivo os que se manifestam em desalinhamento com os posicionamentos do partido, tanto de oposição quanto de apoio ao impeachment do Presidente da República, sendo impedidos de se candidatar ou recandidatar pelo mesmo, resguardando a instituição.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bancada do NOVO na ALERJ defende reforma tributária do estado

Com apenas 2 deputados estaduais, Chico Bulhões e Alexandre Feitas, o NOVO defende que o estado do Rio de Janeiro passe por uma reforma tributária, além da privatização da CEDAE. Por Quintino Gomes Freire | Diário do Rio Em discurso ontem, 5ª (14/3), o líder do partido, Bulhões, disse “Precisamos fazer estudos para entender onde estão os gargalos, como é que a gente consegue aumentar a competitividade das empresas que querem se instalar no Rio de Janeiro, gerando empregos e renda“. Deputados Estaduais Alexandre Freitas e Chicão Bulhões (NOVO-RJ) Ele elogiou o esforço da Secretaria de Fazenda no combate à sonegação e a corrupção na concessão de incentivos fiscais do estado, mas questionou o foco do governo na ampliação das receitas. Destacando que a crise fiscal também é uma crise de despesas. “Responsabilidade fiscal demanda responsabilidade com despesas. Não é sufocar apenas o contribuinte. É claro que tem que se punir quem está errado, mas também reconhecer que o esta

Deputado quer fazer ‘revogaço’ de leis e burocracia na Assembleia Legislativa de São Paulo (VIDEO)

Você sabia que há uma lei em vigor no Estado de São Paulo, que isenta da cobrança de frete ferroviário o transporte de pombos-correio? Por Fernando Henrique Martins | Gazeta do Povo Parece piada, mas não é. Trata-se da Lei n.º 943 de 1951 , proposta pelo então deputado Antônio Sylvio Cunha Bueno, aprovada por seus pares, e sancionada pelo governador Adhemar de Barros. Deputado Estadual Ricardo Mellão (NOVO-SP) | Reprodução Assim como essa, tantas outras leis sem qualquer utilização prática ou relevância atravancam o sistema de cidades, estados e do País. É exatamente esse o ponto que o deputado estadual Ricardo Mellão (Novo) pretende atacar em sua legislatura. “Temos feito um trabalho que inicia na desburocratização legislativa. Minha equipe levantou 15 mil lei e descobrimos que 73% delas dizem respeito a denominações de viadutos, estradas, além de datas comemorativas, como Dia do Saci, Dia do Tomate. Só sobre o Dia da Uva temos três datas diferentes”, explica o parlame

Maioria dos partidos se identifica como de centro

Vinte siglas se classificam como fora dos extremos no espectro político em meio a um cenário polarizado; apenas uma legenda, o PSL, se considera de direita Vinícius Passarelli e Paulo Beraldo | O Estado de S.Paulo Em meio a um cenário polarizado, mais da metade dos partidos políticos brasileiros se diz de centro, enquanto apenas um - o PSL, até pouco tempo atrás a legenda do presidente Jair Bolsonaro - se considera de direita e sete se colocam como de esquerda. É o que aponta levantamento feito pelo 'Estado' com os 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem questionou as siglas como elas se autodefinem em relação à orientação ideológica. “O PSL é um partido liberal, de direita”, informou a legenda. Partido hegemônico na esquerda do País há pelo menos 30 anos, o PT saiu de sua última convenção nacional, realizada em novembro, como uma agremiação “de esquerda democrática e libertária”. Já outros partidos deram respostas “curiosas” quand