Marcela Trópia (NOVO-MG) | BHAZ
De modo geral, o Brasil foi um dos países onde as escolas ficaram mais tempo fechadas. De acordo com uma pesquisa realizada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), a suspensão das atividades escolares presenciais no Brasil durou, em média, 279 dias. Um número muito elevado quando comparamos com outros países. A realidade em Belo Horizonte, infelizmente, conseguiu ser ainda pior. Foram 404 dias até a primeira reabertura, para crianças de 0 a 5 anos.
Desde o início dos meus trabalhos como presidente da Comissão de Educação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, assumi o compromisso de defender a educação na nossa cidade. A pauta mais urgente era a reabertura segura das escolas.
Durante o mês de março, antes da Prefeitura autorizar a volta às aulas, realizamos visitas técnicas a diversas escolas da rede municipal e privada de BH, com o intuito de avaliar a adequação das instituições aos protocolos de segurança e se estavam preparadas para receber os alunos.
Nossa primeira conquista veio em 26 de abril, quando a Prefeitura autorizou a retomada das atividades nas creches e escolas da educação infantil para crianças de até cinco anos. Contudo, não estávamos satisfeitos, pois dois desafios se impunham: garantir que a reabertura gradual seguisse em curso para outras faixas etárias e que as famílias se sentissem seguras de mandar seus filhos para a escola.
Retomamos as visitas técnicas para conversarmos com as equipes pedagógicas que atuam na ponta sobre a experiência das primeiras semanas de reabertura e como tem sido a preparação para a ampliação desse retorno.
A despeito das mentiras que os sindicatos dos trabalhadores da educação de BH e de MG espalharam sobre os riscos de contaminação das crianças com a volta às aulas, as visitas técnicas que realizamos provaram que o retorno seguro é possível.
As salas foram reorganizadas para respeitar o distanciamento entre os alunos, dispensers de álcool foram espalhados pela escola, novas pias foram instaladas para incentivar a higienização das mãos, além de obras para aumentar as janelas das salas, e a substituição dos pisos por um mais fácil de higienizar.
Também temos visto o engajamento da comunidade escolar para que o retorno presencial aconteça. Inclusive, algumas diretoras fizeram questão de falar que muitos professores têm sido contrários às manifestações de greve dos sindicatos, justamente por entenderem que as escolas ficaram fechadas por muito tempo e isso tem impactado negativamente no aprendizado dos alunos.
O sucesso dessa reabertura depende da colaboração de vários atores. Famílias, professores e professoras, direções, alunos, Poder Legislativo, Poder Executivo, além de outras frentes envolvidas na elaboração dos protocolos e de políticas públicas. E, nesse sentido, cada um tem que fazer a sua parte.
Tenho feito a minha na Comissão de Educação fiscalizando as escolas, conversando com a comunidade escolar, realizando audiências públicas e combatendo a desinformação sobre a volta às aulas. Precisamos que o Prefeito também faça seu papel e, ao contrário de falar que não enviaria seus filhos para as escolas, comece a incentivar as famílias a aderirem ao retorno presencial para conseguirmos diminuir os prejuízos na educação.
Nosso próximo desafio em Belo Horizonte será de resgatar os alunos que desistiram de estudar. Por isso, precisamos mostrar às famílias e principalmente aos jovens que as escolas estão prontas para recebê-los, que é seguro retornar e que é urgente que isso aconteça.
Marcela Trópia é especialista em políticas públicas formada pela Fundação João Pinheiro (MG) e pós-graduada em Liderança e Gestão Pública pelo Centro de Liderança Pública (SP). Foi responsável por coordenar a campanha vitoriosa do deputado federal Tiago Mitraud (NOVO-MG) e atuou como coordenadora política do gabinete do deputado estadual Guilherme da Cunha (NOVO-MG). Em 2020, foi eleita vereadora pelo partido NOVO em Belo Horizonte com 10.741 votos, sendo a 6ª mais votada da cidade.
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