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sexta-feira, 14 de maio de 2021

Pedro Duarte: Centro, um vazio na alma do Rio

O vereador Pedro Duarte faz uma defesa do Reviver Centro, e diz que um projeto como este precisa ser otimizado para entregar os melhores resultados possíveis

Pedro Duarte | Diário do Rio


Quando era mais novo, sempre sonhei em trabalhar no Centro. Ouvia falar de como a vida era agitada, de como existia um mundo de escritórios, lojas, bares e restaurantes.

O Centro me parecia um território que reunia diversas tribos, gente de todos os bairros e cidades vizinhas circulando durante toda a semana. A vida continuava aos fins de semana com os restaurantes, as feiras ao ar livre, os museus cheios de vida.

Hoje eu trabalho no Centro, na Cinelândia para ser mais preciso, um local que há pouco tempo vivia rodeado de milhares de pessoas diariamente. Infelizmente, o cenário já é outro no Centro do Rio – ou na Cidade, como muitos cariocas se referem carinhosamente -, consequências da crise social e econômica que atravessa o Rio, agravada ainda mais pela pandemia. Foi transformado em um cemitério de lojas, restaurantes e escritórios. Suas ruas vazias lembram filmes de terror do passado.

O Centro ainda é o coração econômico e financeiro da cidade, mas as sucessivas crises impactaram fortemente a região. Uma pesquisa do Programa Centro Para Todos (IPP, IRPH, PGM) realizada entre 2017 e 2018 aponta que, durante essa época, pelo menos 20% dos imóveis do Centro estavam vazios ou subutilizados. Em 2020, as vendas do comércio caíram mais de 30%, com fechamento de quase 800 empresas, segundo levantamentos do Clube de Diretores Lojistas do Rio e da Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Até os passageiros estão em falta no principal meio de transporte da região. O VLT, criado para interligar as ruas do Centro, viu o número de usuários cair pela metade, segundo dados da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp).

Para revivermos o Centro do Rio, será necessário um plano de ação para solucionar o problema dos terrenos vazios e subutilizados, públicos e privados, que não contribuem para o desenvolvimento e qualidade de vida da cidade. Com o abandono, vem a desordem urbana e a falta de segurança.

O que vemos no Centro hoje são consequências de um problema herdado há décadas.

Em 1976, um decreto da Prefeitura proibiu o uso residencial em todo o Centro, o que causou o afastamento de moradores da região. Foi revogado em 1994, mas o dano foi feito e a imagem de uma região não-residencial se perpetua até hoje.

Estamos próximos da revisão do Plano Diretor do Rio de Janeiro, momento mais que oportuno para alterar normas que não fazem mais sentido para a cidade e estruturar novas dinâmicas que possibilitem o desenvolvimento sustentável do Rio -a começar pela reocupação da sua área central com gente morando, trabalhando e aproveitando suas horas livres nos diversos equipamentos culturais. Além da II R.A., abrangida pelo Reviver Centro, o novo Plano Diretor pode articular uma ideia de centralidade expandida, integrando os bairros do entorno e a Zona Norte a essa proposta de promover moradias mais acessíveis e próximas ao trabalho das pessoas, aumentando a qualidade de vida da população carioca.

O Programa Reviver Centro, apresentado pela Prefeitura, é o início desse movimento. Ao buscar a vitalidade da área central, incentivando o uso residencial e misto (habitação + comércio + serviços), o programa busca a transformação do uso de imóveis vazios ou subutilizados através de benefícios fiscais, flexibilização de normas de construção, programas de aluguel social e investimentos diretos na recuperação do espaço público.

Para que o programa dê certo, é essencial a articulação entre poder público e iniciativa privada. É necessário atrair a atenção do mercado imobiliário para a região central, e isso se faz afinando benefícios, permutas, cálculos que garantam um valor final de metro quadrado que seja acessível aos novos moradores e vantajoso para o setor de construção.

Vejamos o exemplo de São Paulo. Em 2015, a capital paulista contava com 2 mil moradias populares. Na época, a revisão do Plano Diretor optou por ampliar a participação da iniciativa privada, e esse número saltou para 25 mil em apenas três anos.

Não basta um projeto bonito no papel. Um projeto como este precisa ser otimizado para entregar os melhores resultados possíveis, e só conseguiremos isso com o envolvimento da população, do setor público e da iniciativa privada.

Que o sonho de trabalhar no Centro seja complementado com o sonho de morar no Centro do Rio e voltar para onde tudo começou.

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