Por Sandra Carvalho | Diário do Comércio
O setor de fundição em Minas Gerais tem contornado as adversidades da pandemia e da alta no preço do ferro-gusa, voltando a crescer. A produção aumentou 6,4% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, motivada pela retomada da indústria.
O Sifumg prevê alta de 15% na produção de fundidos em Minas, chegando a mais de 670 mil de toneladas em 2021 | Crédito: Ronaldo Guimarães |
A expectativa do presidente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga, é de crescimento de 15% em 2021, superando a marca das 670 mil toneladas. Para o Brasil, o setor estima um recorde de produção da ordem de 2,6 milhões de toneladas de fundidos.
No ano passado, principalmente em função de paradas temporárias de alguns setores industriais por causa da pandemia, a produção mineira recuou em 9%, fechando em 590 mil toneladas. O parque de fundição do Estado chegou a registrar 70% de ociosidade. “Mas nos últimos meses do ano passado e neste ano, houve retomada. A queda no ano passado foi menor do que esperávamos. Acredito que, mesmo com a piora no cenário da pandemia, vamos continuar com essa retomada nos próximos meses e fechar o ano com um saldo positivo”, avaliou.
As paradas pontuais de algumas montadoras de veículos em várias partes do País no início de março, devido à falta de peças e ao aumento de casos de coronavírus – como as ocorridas em março na Fiat, em Betim, e na Mercedes-Benz, em Juiz de fora – ainda não impactaram o setor. “Foram paradas pontuais. As montadoras costumam ter um volume grande de implementos e peças importadas. O que estamos percebendo no momento é uma busca maior no mercado interno.”, observou.
Outros pontos que mantêm o otimismo de Gonzaga para este ano são as aprovações pelo Congresso, no ano passado, dos marcos regulatórios do gás e do saneamento. Este último prevê a universalização dos serviços de água e esgoto tratados no Brasil até o ano de 2033.
“Gás natural é um insumo importante na fundição. Com as mudanças previstas no marco regulatório, haverá alternativas energéticas e redução de custos para as indústrias. Em relação ao saneamento, esperamos que muitas obras sejam realizadas, demandando altos volumes dos nossos produtos. Isso manterá nosso crescimento”, ressaltou o presidente do Sifumg. Para atender ao aumento esperado da demanda, segundo Gonzaga, o setor vem investindo em qualificação de mão de obra e em tecnologia.
Ferro-gusa
O preço do ferro-gusa continua pesando no parque de fundição mineiro. O insumo representa 20% do custo e registrou alta de 78% em todo o ano passado, puxado pela cotação do minério de ferro e pelo frete do carvão.
“O aumento do ferro-gusa tem sido substancial. Estamos pagando no ferro preço de produto acabado. Há negociação em andamento, estamos conseguindo repassar. Os compradores estão entendendo”, disse Gonzaga. De acordo com ele, os gargalos de falta de matéria-prima registrados no ano passado foram aos poucos resolvidos e hoje não há falta do insumo.
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