Eduardo Ribeiro | Gazeta do Povo
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O estelião é um lagarto que tem manchas no dorso parecidas com estrelas. Ele é capaz de mudar de cor para enganar presas e predadores, como tantos na família dos répteis. Por analogia, essa habilidade foi tratada como fraude ou ardil para ludibriar as pessoas, daí que o estelião tenha emprestado seu nome e passado ao idioma como estelionato. A associação entre o tipo penal e o comportamento de um candidato pré e pós eleições nos forneceu a justa adjetivação para quem quer tirar vantagem das expectativas alheias: estelionatário eleitoral.
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O estelião é um lagarto que tem manchas no dorso parecidas com estrelas. Ele é capaz de mudar de cor para enganar presas e predadores, como tantos na família dos répteis. Por analogia, essa habilidade foi tratada como fraude ou ardil para ludibriar as pessoas, daí que o estelião tenha emprestado seu nome e passado ao idioma como estelionato. A associação entre o tipo penal e o comportamento de um candidato pré e pós eleições nos forneceu a justa adjetivação para quem quer tirar vantagem das expectativas alheias: estelionatário eleitoral.
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Jair Bolsonaro foi eleito com uma plataforma econômica liberal, de estímulo às privatizações, austeridade fiscal, repúdio às negociatas e à velha política (pois é!), tecnicidade nas indicações para ministérios e entes públicos, combate à corrupção etc. Até agora, Jair Bolsonaro entregou o fim da Lava Jato, a interferência na Polícia Federal e na ABIN, o casamento com o Centrão, o abandono das privatizações, declarações constrangedoras sobre a política de preços da Petrobras, a nomeação de um ministro do STF sem convicção pela prisão em segunda instância, o completo descaso com a qualidade de quadros indicados para alguns ministérios, a militarização do governo, mas, sobretudo, ele revela disposição diuturna contra a saúde das pessoas ao lidar de maneira indigente face à pandemia. Onde está o candidato que dizia também defender a vida do cidadão de bem?
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Nesse sentido, a atuação do Ministério da Saúde é didática. Ao defenestrar Mandetta e esculhambar Teich, Bolsonaro optou pela troca de comando em meio à batalha e, destaque-se, alçou a ministro alguém sem conhecimento e capacidade para sê-lo. Praticamente todas as escolhas de Pazuello estão equivocadas. E o equívoco de Bolsonaro foi escolher Pazuello para tentar debelar o maior problema sanitário de que se tem notícia. Não há vacinas, não há respeito pela vida, não há plano para nos acordar deste pesadelo.
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Desde cedo, Bolsonaro age com populismo barato ao escorar-se em decisão do STF que possibilitou aos prefeitos e governadores decidirem por medidas amargas, mas por vezes inevitáveis, para conter a propagação do vírus em momentos de saturação e colapso do sistema de saúde. Critica-os publicamente, não admite responsabilidade compartilhada, faz pouco caso de cuidados importantes como o uso de máscaras e estimula aglomerações desnecessárias. Insiste na errônea dicotomia entre saúde e economia, negligenciando de forma absolutamente temerária a negociação e aquisição de vacinas, única solução definitiva para a crise que estamos vivendo.
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O governo furta-se às suas responsabilidades e joga a população numa equação cruel em seu paradoxo, em que o isolamento social é replicado ad eternum por autoridades locais e o poder federal brinca de planejar a solução do longínquo Palácio do Planalto, fingindo se importar com as dores da sociedade enquanto conta votos e mentiras para 2022. Bolsonaro zombou da qualidade das vacinas e ameaçou com seus possíveis efeitos colaterais, mas agora sabemos que, entre os répteis, é melhor virar jacaré do que ser estelião.
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