Cris Monteiro | Folha de S.Paulo
Vereadora (Novo) em São Paulo, atuou como executiva do mercado financeiro por 30 anos
Tratar o governo Bolsonaro sob qualquer nuance liberal se tornou um malabarismo perigoso no Brasil da pandemia. Não é mais possível ser divergente da imobilidade sanitária do governo ou desprezar a pauta de costumes e, ao mesmo tempo, tentar salvar a pauta econômica. A trágica política concretizada pelo ministro Paulo Guedes não tem mais nada de liberal. O mundo todo já observa o declínio econômico e financeiro trazido pela espiral disparatada, estatizante e autoritária do Brasil.
Vereadora (Novo) em São Paulo, atuou como executiva do mercado financeiro por 30 anos
Tratar o governo Bolsonaro sob qualquer nuance liberal se tornou um malabarismo perigoso no Brasil da pandemia. Não é mais possível ser divergente da imobilidade sanitária do governo ou desprezar a pauta de costumes e, ao mesmo tempo, tentar salvar a pauta econômica. A trágica política concretizada pelo ministro Paulo Guedes não tem mais nada de liberal. O mundo todo já observa o declínio econômico e financeiro trazido pela espiral disparatada, estatizante e autoritária do Brasil.
Trata-se agora de não deixar naufragar o bom nome do liberalismo econômico na cilada de um governo regressista. A recente ruptura do meu partido, o Novo, com o governo mostra o quanto é necessário avançar e esclarecer a população sobre nossas profundas diferenças. Aliás, tanto com relação ao atual governo —que se mascarou de liberal só para vencer as eleições— quanto ao anterior, antiliberal e corrupto. É necessário que cada liberal deste país se diferencie desses dois polos. Ainda há tempo.
O presidente Jair Bolsonaro mentiu que era liberal. Mentiu. Ele não é. Bolsonaro é estatizante, autoritário, militarista, intervencionista, antidemocrático. Não reformou. Não privatizou. Só aparelhou. A Abin, a PF, as estatais, o governo inteiro. Fez declarações públicas recentes mostrando-se contrário à venda até mesmo da Ceagesp, em São Paulo.
Não se iludam mais. Os dois novos textos levados ao Congresso, da Eletrobras e da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), foram uma tentativa de dar satisfação ao mercado financeiro, cujo humor, aliás, piorou substancialmente (especialmente dos estrangeiros) depois do que ocorreu com a Petrobras e, pior, mais recentemente, após notar que a opção nacional ainda poderia se projetar no antiliberal e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As prioritárias reformas, a redução da intervenção na economia pelo Estado, o enxugamento da máquina pública, o equilíbrio das contas, as políticas de equilíbrio monetário, fiscal e financeiro, a abertura global e os programas sociais como porta de saída da miséria são algumas das bandeiras liberais que Bolsonaro pisoteou. No início, necessitado de apoio, apresentou com Guedes pequenos pacotes incompletos. Mas o presidente a cada dia custa muito caro à nossa economia e ao nosso país. Sim, ele ampliou o chamado custo Brasil.
A militarização das estatais do petróleo e da energia —já são mais de 90 dirigentes oriundos das Forças Armadas em estatais—, o aparelhamento político-ideológico da máquina, a corrupção enfiada sob os tapetes, a interferência na autonomia do Congresso, a omissão nas reformas, os privilégios e o abuso do poder político são provas cabais.
A tão esperada reforma administrava foi desvirtuada para proteger servidores, e a da Previdência foi desidratada para apoiar militares. Ele ainda tenta, pela economia, tutelar a sociedade da mesma forma que os governos anteriores do PT: com seu populismo.
Liberalismo? Não. Uma desventura política autoritária, que agora volta a se polarizar com o lulismo, deixando não só o mercado, mas o mundo estarrecido. Não podemos deixar o liberalismo ser incendiado nessa fogueira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário