O Vale
Das cinco emendas apresentadas ao projeto que visa intensificar a aprovação de propostas ‘vapt, vupt’ na Câmara de São José dos Campos, duas receberam parecer contrário da Comissão de Justiça e sequer serão apreciadas pelos demais vereadores no plenário.
Já as outras três emendas, todas propostas pelo presidente da Casa, Robertinho da Padaria (Cidadania), receberam parecer favorável da Comissão de Justiça e serão apreciadas em plenário.
Os pareceres sobre as emendas foram elaborados pelo vereador Juvenil Silvério (PSDB), que é relator da Comissão de Justiça e é um dos autores do projeto, já que integra a Mesa Diretora da Câmara – ele é o 1º vice-presidente.
EMENDAS
As duas emendas de Thomaz Henrique visavam proibir que quatro tipos de propostas tramitassem em regime de urgência: projetos que criem ou ocasionem aumento de imposto; projetos que ocasionem aumento do subsídio do prefeito e dos vereadores; projetos que alterem o Regimento Interno da Câmara; e Projetos de Emendas à Lei Orgânica do Município.
Na justificativa, o vereador do Novo alegou que a proposta de alteração do texto visava “garantir que projetos de amplo interesse público tenham um prazo adequado de análise e discussão na Casa Legislativa e com representantes da sociedade”.
Nos pareceres contrários a essas emendas, Juvenil alegou que o Regimento Interno da Câmara não poderia ir contra a Lei Orgânica do Município, que permite que o prefeito solicite que projetos de sua iniciativa tramitem em regime de urgência.
As três emendas de Robertinho, que também é um dos autores do projeto (como presidente da Câmara, ele comanda a Mesa Diretora), receberam parecer favorável de Juvenil: uma complementa o projeto original, outra corrige a redação do texto e a terceira veda que suplentes em exercício do mandato participem de CEIs (Comissões Especiais de Inquérito).
Os outros dois vereadores que integram a Comissão de Justiça – Dr. José Claudio (PSDB), que é o presidente, e Rafael Pascucci (PTB), que é membro – não se manifestaram dentro do prazo sobre as emendas. Nesse caso, o Regimento Interno estabelece que isso representa concordância à manifestação do relator. Assim, os pareceres de Juvenil sagraram-se vitoriosos.
REPERCUSSÃO
Ouvido pela reportagem, Thomaz Henrique criticou os motivos apontados por Juvenil para a rejeição das emendas de sua autoria. “O parecer do vereador relator Juvenil Silvério alega que a retirada de alguns projetos do regime de tramitação de urgência restringe o artigo 74 da Lei Orgânica. Contudo o artigo 74 da Lei Orgânica permite que o prefeito solicite urgência na apreciação de projetos de sua iniciativa, dando-se o prazo de 45 dias para a sua apreciação. Não se confunde urgência de apreciação com o regime de tramitação regulado pelo Regimento Interno da Câmara. O regimento pode dispor dos prazos de apreciação, desde que se respeite o prazo máximo de 45 dias previsto na Lei Orgânica. Portanto, o parecer do relator distorceu a real finalidade da emenda que não contradiz a Lei Orgânica, mas sim garante que não será possível a aprovação de um projeto de interesse público em prazo acelerado, tampouco aumento de impostos ou do salário do prefeito e de vereadores”, disse. “Lamento o parecer político que põe em dúvida o bom propósito desta resolução em dar celeridade a bons projetos, abrindo possibilidade de que ‘pautas bombas’ sejam votadas rapidamente, sem participação popular, o que estávamos buscando evitar com nossas emendas. Fica a pergunta: o que vem por aí?”, questionou o vereador do Novo.
VAPT, VUPT
Segundo o projeto original, o prazo para apresentação de pareceres e emendas passará a ser contado em dias corridos, e não mais em dias úteis.
Hoje, com a contagem em dias úteis, um projeto enviado pelo prefeito em rito de urgência, por exemplo, só pode ser votado duas semanas após o início da tramitação – para ser votado antes, os vereadores precisam abrir mão dos prazos para emissão de pareceres e emendas.
Caso a contagem passe a ser feita pelos dias corridos, um projeto já estará apto a ser votado após uma semana de tramitação.
Dominada por vereadores da base aliada do prefeito Felicio Ramuth (PSDB), a Mesa Diretora é formada por Robertinho da Padaria, que é o presidente; Juvenil Silvério, 1º vice-presidente; Lino Bispo (PL), 2º vice-presidente; Marcão da Academia (DEM), 1º secretário; e Marcelo Garcia (PTB), 2º secretário.
A Mesa Diretora argumenta que “o objetivo da proposta é dar mais celeridade à tramitação de projetos de lei importantes para a cidade como, por exemplo, as diversas ações para minimizar o impacto socioeconômico da pandemia de Covid-19, que demandam agilidade”, e que “o direito à devida análise e à apresentação de emendas permanece assegurado a todos os parlamentares, uma vez que os projetos são classificados em diferentes ritos conforme a complexidade e urgência”.
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