Marcela Trópia | BHAZ
Apesar da euforia da conquista da nossa vitória eleitoral, começo com a consciência de que estou entrando para uma das legislaturas mais desafiadoras de todos os tempos. Afinal, o trabalho que temos pela frente envolve não só resolver os impasses que há décadas travam Belo Horizonte, mas também inclui o desafio de recuperar a cidade dos baques sofridos ao longo da pior pandemia que a humanidade já enfrentou.
Os impactos sofridos na economia revelaram o problema crônico da burocracia em Belo Horizonte, onde quem quer trabalhar é visto com desconfiança. Nossa cidade virou especialista em travar boas ideias e enterrar novos negócios, mesmo antes da pandemia começar. Até o nosso ecossistema empreendedor, berço de startups que nos enchem de orgulho, já vinha se encolhendo ano após ano.
A chegada do coronavírus foi o golpe final para muitos empreendedores que já custavam a se manter de pé. Após uma longuíssima quarentena e sucessivos erros da atual gestão da prefeitura, vimos as placas de “passa-se esse ponto” e de “aluga-se” se multiplicarem pela cidade. Empresas consolidadas, comércios de rua, novos negócios… não há setor que tenha saído ileso. Com esse negócios, se foram também milhares de empregos. Se antes já era muito importante que Belo Horizonte se livrasse das amarras que impediam a cidade de se desenvolver de maneira plena, agora é imprescindível.
Burocracia atrapalha todo mundo
Diferente do que muita gente acha, reduzir o excesso de burocracia não é uma pauta que afeta apenas a negócios de tecnologia, ou grandes e tradicionais empresas mineiras. Ao contrário, quem mais sofre com o peso da burocracia municipal são os micro e pequenos empreendedores, que não podem contar com escritórios de contabilidade e advocacia.
Durante um dia de panfletagem na Praça da Liberdade, pude conversar com uma pipoqueira que teve seu carrinho apreendido por falta de uma licença. Ela me disse que a multa era tão alta que ela achou melhor comprar outro carrinho. Fui embora dalí consternada com a ideia de que aquela mulher ia todos os dias para a praça sem saber se à noite ainda teria o seu ganha-pão. Tudo isso por uma burocracia que nem deveria existir.
A administração pública jamais será capaz de responder ao problema do desemprego e da economia em baixa. Quem gera emprego e renda na cidade é o mercado, dos menores aos maiores e mais complexos negócios. Desburocratizar é abrir caminho para que pessoas como essa pipoqueira e tantos outros empreendedores possam atingir sua autonomia financeira.
Uma frente de vereadores pela desburocratização
Foi por isso que, a minha primeira ação como vereadora, logo que coloquei o broche e fiz o juramento, foi colher assinaturas para criar a Comissão Especial de Estudos de Desburocratização. Meu objetivo é reunir vereadores, de diferentes partidos e ideologias, que concordam que é preciso ser mais fácil trabalhar em Belo Horizonte. Pessoas que acreditam que a burocracia não pode mais matar sonhos e travar a vida de tanta gente boa e honesta, que quer apenas espaço e liberdade para trabalhar.
A Comissão Especial de Estudos será a nossa versão municipal da Frente Parlamentar pela Desburocratização, que eu pude ajudar a construir enquanto trabalhava como coordenadora política do deputado estadual Guilherme da Cunha (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Apenas em um ano de trabalho, conseguimos entregar ao governo estadual 117 sugestões de simplificação e boa parte delas já foi acatada.
Com o trabalho da Comissão de Desburocra, um apelido carinhoso que já dei para esse projeto tão importante, vamos tornar BH uma cidade onde se pode sonhar alto, empreender, construir uma carreira, inovar. Isso tudo sem ter medo da canetada na prefeitura ou da decisão arbitrária de um fiscal.
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