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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Pesquisa identifica espécies de mamíferos no Parque Estadual do Pau Furado, em Minas Gerais

Projeto poderá servir de base para ações não apenas para esses animais, mas com foco na biodiversidade em geral


Agência Minas
Estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Parque Estadual do Pau Furado (PEPF), no Triângulo Mineiro, verifica a presença de espécies de mamíferos de médio e grande porte na reserva ambiental.

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Conclusão do monitoramento feito pelos pesquisadores está prevista para o final de 2020 | Divulgação / IEF

A pesquisa, além de identificar a comunidade de mamíferos presentes na região, poderá servir de subsídio para ações de manejo e conservação das espécies, não apenas para o grupo estudado, mas também para a biodiversidade em geral.

De acordo com a gerente do PEPF, Eliete Vilarinho, a pesquisa é muito importante, pois fornece indicadores para o manejo, uma referência de gestão estratégica para a unidade de conservação e da sua zona de amortecimento. “É importante a continuidade de projetos como esse, pois apontam ações efetivas de manejo e gestão de conflitos”, diz.

A coordenadora do projeto, professora Natália Tôrres, reforça que o conhecimento das comunidades de mamíferos de médio e grande porte é muito importante. “Com o monitoramento a longo prazo, poderemos concluir quais populações estão aumentando, diminuindo ou estão estabilizadas nessa região, e propor eventuais medidas de manejo", afirma.

Em andamento

O levantamento preliminar, realizado de julho a novembro de 2019, registrou a presença, por exemplo, de alguns mamíferos como a onça-parda, lobo-guará, tamanduá bandeira, tamanduá-mirim, jaguatirica, veado catingueiro, ouriço cacheiro, paca, entre outros.

No projeto, os pesquisadores utilizam como metodologia a instalação de 13 'armadilhas' fotográficas, distribuídas pelo parque, a uma distância mínima de 1km e em áreas de cerrado e cerradão. Foram gravados cerca de 800 minutos de vídeo e realizadas entrevistas com moradores da região. A conclusão da pesquisa está prevista para o final de 2020.

Crédito: Divulgação / IEF

“Embora o estudo não tenha sido finalizado, já possibilitou detectar aspectos positivos com o registro de animais carnívoros como a onça-parda, incluindo filhotes, a jaguatirica, lobo-guará e a irara, espécies fundamentais na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas onde ocorrem. Esses animais controlam as espécies de presas das quais se alimentam”, frisa a coordenadora.

O projeto faz parte do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), intitulado "Padrões de biodiversidade e processos ecológicos em ecossistemas de Cerrado na região do Triângulo Mineiro e Sudeste de Goiás (sub-bacia do Rio Paranaíba)”. O estudo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O parque

A origem do nome “Pau Furado” faz menção a uma grande gameleira localizada a margem do Rio Araguari, que era referência para travessia de tropeiros entre Minas Gerais e Goiás. Esta espécie era fonte de importante matéria prima para a época: a casca expele um látex que escurece logo após a extração e já foi muito usado em medicina caseira no combate à ancilostomose (doença popularmente conhecida como amarelão).

A madeira é branca, leve e resistente, serve à confecção de canoas, gamelas e outros utensílios domésticos. Um grande furo na árvore utilizado para a coleta deste látex fez com que ela ganhasse o nome peculiar e se tornasse um ponto de referência para toda a região. Posteriormente, foi construída uma ponte ligando os dois municípios, que foi apelidada de mesmo nome.

Localizada entre os municípios de Uberlândia e Araguari, a reserva é de grande importância para a conservação da biodiversidade regional, uma vez que foram identificadas centenas de espécies da fauna e flora dentro de seus limites geográficos.

A vegetação original da área está representada pelo Cerrado nas suas diferentes fitofisionomias como cerradão, cerrado sentido restrito, floresta ciliar, floresta de galeria, floresta estacional decidual e floresta estacional semidecidual. Com presença de árvores emergentes, que chegam a 30 metros de altura, é caracterizada pela alta diversidade de espécies arbóreas.

Na flora, destacam-se aroeira, angico, paineira, ipês e grande variedade de orquídeas. A fauna, por sua vez, apresenta, entre os mamíferos, a onça-parda, o lobo-guará, o tamanduá bandeira e o veado-campeiro, ameaçados de extinção. Belas aves como arara-canindé e águia-cinzenta, também ameaçadas, podem ser vistas no Parque. A herpetofauna, referente a répteis e anfíbios, é rica, com ocorrência de teiús e enorme variedade de serpentes.

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