Atuação do governador dividiu opiniões na Assembleia Legislativa
Por Léo Simonini | O Tempo
Procurados pela reportagem de O TEMPO, deputados estaduais dos quatro blocos da Assembleia Legislativa opinaram sobre os primeiros cem dias de governo do Novo. O mais duro nas críticas foi o opositor Cristiano Silveira (PT).
Blocos da ALMG têm opiniões distintas sobre o início do governo Zema | Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG |
“O governador acumula um conjunto de contradições. Criticava o uso de palácios, mas tivemos informação de que já usou o Palácio das Mangabeiras. Falava em redução drástica de comissionados, e esse número não chegou a 10% do prometido. Falava do novo modelo de governar, porque o povo estaria cansado do PT e PSDB, e, vencendo o PSDB no 2º turno, trouxe o partido para seu governo. Prometeu a venda de todas as aeronaves, vendeu apenas uma. Dizia que iria utilizar aviões de carreira, mas já usou aviões do Estado. Ele também acumula dificuldades de articulação política, de um lado com os prefeitos. Temos que lembrar que a relação com a Assembleia não está legal, nem digo com a oposição, falo da base. A votação de um de seus vetos teve apenas três (votos) favoráveis. O governo está perdido politicamente e administrativamente, porque, até agora, não apresentou projetos estruturantes para Minas. Ele sinaliza em aceitar o plano de recuperação fiscal do governo Federal, rejeitado pela maioria dos Estados, até mesmo o Rio de Janeiro. Não sei porque seria bom para Minas. E o governador não ataca aquilo que já avançamos, que é o debate das compensações da perda da Lei Kandir”, disparou.
Apesar de fazer parte do bloco de base, Cleitinho (PPS) também faz críticas ao governador. “Positivo, com algumas ressalvas, como a suspensão das bolsas da Fapemig, os cortes dos vigilantes, corte das escolas integrais. Educação não é gasto, é investimento. Além da falta de posicionamento do Ipsemg. Mas acertou ao revogar o decreto do ex-governador Pimentel, que estava retendo os recursos do municípios no caixa único”, disse.
Do mesmo partido de Zema, Guilherme da Cunha também sai em defesa do chefe do Executivo. “Infelizmente, durante a transição, o ex-governador Pimentel não colaborou de forma adequada, e o governador Zema só pôde conhecer a verdade sobre as finanças e o fluxo de caixa do Estado após tomar posse. Isso dificultou o planejamento e atrasou o início das soluções. Mas, entre desafios e tragédias, destaco três: a primeira, de dar o exemplo e mostrar disposição de cortar na própria carne, exercendo o papel que se espera de um líder; a segunda, invisível, de manter os serviços essenciais em funcionamento. O SAMU, por exemplo,
estava com recursos atrasados desde setembro do ano passado. Por fim, talvez a mais significativa, foi a celebração do acordo para pagamento da dívida com os municípios”, enumerou.
Também da base aliada, Wendel Mesquita (Solidariedade) faz mais elogios do que críticas ao início de governo. Ele cita o acordo com a AMM e garante que o diálogo entre os Poderes tem sido fácil. “Minha opinião é positiva, tenho dialogado bem, tenho me relacionado bem, e esse novo direcionamento no sentido de economizar é importante”, citou.
Já Sávio Souza Cruz (MDB), que faz parte de um dos blocos independentes, tem um discurso mais parecido com o da oposição, sobretudo ao frisar a falta de experiência política de Zema para amenizar arestas entre os Poderes.
“O governo não tem qualquer experiência na atividade política e, de certa forma, entrou nessa onda de sua desvalorização. E isso tem dificultado a interlocução entre Executivo e Legislativo. Para piorar, Minas Gerais vive problemas fiscais enormes, cuja solução depende de articulação política que tem que ser liderada pelo governador, no Senado e na Câmara, para exigir do governo federal uma recomposição financeira da Lei Kandir. Esse tipo de ação e esse gosto pela articulação em nome de Minas é que não percebo e a Assembleia sente falta na ação do governador”, completou.
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