Futuro ministro Ricardo Salles é réu por improbidade administrativa, acusado de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental quando foi secretário estadual no governo do tucano. Ação teria favorecido mineradoras.
Deutsch Welle
O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou neste domingo (09/12) que Ricardo de Aquino Salles comandará o Ministério do Meio Ambiente. O ex-secretário do tucano Geraldo Alckmin é o 22º ministro indicado ao novo governo.
Salles é ex-diretor da Sociedade Rural Brasileira |
O anúncio foi feito por mensagem publicada na conta de Bolsonaro no Twitter. "Comunico a indicação do sr. Ricardo de Aquino Salles para estar à frente do futuro Ministério do Meio Ambiente", escreveu.
Advogado, Salles, de 43 anos, é um dos criadores do movimento Endireita Brasil, que quer renovar a liderança política da direita no país e ficou conhecido por promover o Dia da Liberdade de Impostos. Nas eleições deste ano, ele concorreu pelo Partido Novo a deputado federal por São Paulo, mas não foi eleito.
De 2013 a 2014, Salles foi secretário particular de Alckmin. Entre julho de 2016 e agosto de 2017, ele foi secretário estadual do Meio Ambiente no governo do tucano. Na época, ele era filiado ao PP.
Salles é réu numa ação por improbidade administrativa, acusado de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê. Segundo o G1, as mudanças teriam beneficiado empresas de mineração. O Ministério Público afirma que a fraude pode prejudicar o meio ambiente. Salles nega irregularidades.
O futuro ministro também é ex-diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
A indicação foi criticada pelo Observatório do Clima, uma coalização da sociedade civil formada por mais de 20 organizações. Em nota, a organização lembrou que Salles é réu na Justiça.
"Ao nomeá-lo, Bolsonaro faz exatamente o que prometeu na campanha e o que planejou desde o início: subordinar o Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Se por um lado contorna o desgaste que poderia ter com a extinção formal da pasta, por outro garante que o MMA deixará de ser, pela primeira vez desde sua criação, em 1992, uma estrutura independente na Esplanada", destaca a nota.
O nome do novo ministro do Meio Ambiente era um dos mais aguardados. Inicialmente, Bolsonaro anunciou que a fusão da pasta com o Ministério da Agricultura, porém, diante da repercussão negativa, tanto entre ambientalistas quanto no setor agropecuário, que teme retaliações nas exportações devido a possíveis retrocessos ambientais, voltou atrás.
Depois do recuo, o presidente eleito afirmou que procurava um ministro que não tivesse um caráter "xiita" ambiental, como, segundo ele, teria ocorrido em governos anteriores.
No contexto brasileiro, os dois ministérios têm funções quase opostas. O do Meio Ambiente, além de combater o desmatamento e atuar na conservação dos diferentes biomas brasileiros, cuida de questões ligadas ao saneamento, controle da poluição, licenciamento de obras de infraestrutura, como hidrelétricas. O da Agricultura, por sua vez, é responsável pelo estímulo à agropecuária, ao agronegócio.
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