Primeira participação do Novo em eleições nacionais termina com conquista do segundo maior colégio eleitoral do país, 8 deputados federais, 11 estaduais e 1 distrital eleitos
Rodrigo Tolotti Umpieres | InfoMoney
SÃO PAULO - O empresário Romeu Zema (Novo) confirmou o favoritismo indicado nas pesquisas e foi eleito o novo governador de Minas Gerais, com 6.963.914 votos (71,80% dos válidos), derrotando o senador Antonio Anastasia (PSDB). O resultado coloca o Partido Novo pela primeira vez no comando de um governo, sendo de largada no estado com mais municípios e o segundo maior colégio eleitoral do Brasil.
Reprodução Facebook |
Para quem acompanhou os primeiros passos da campanha (e até para o próprio candidato), o movimento foi surpreendente. Em cinco dias, o empresário saiu de 10% das intenções de voto nas pesquisas de primeiro turno para 42,73% dos votos válidos nas urnas em 7 de outubro. "Isso serve de alerta para esses mesmos políticos de sempre começarem a repensar como fazem política. Essa velha política, que sempre somente olhou para o interesse dos políticos e nunca representou a população adequadamente", afirmou em entrevista ao InfoMoney na ocasião.
Agora, Zema terá a oportunidade de pôr em prática as ideias do Novo em Minas Gerais. "Ele terá uma dificuldade evidente das contas fiscais do estado. Vai limitar seu trabalho, será o grande teste do Novo. Eles vão concentrar recursos e testar a plataforma do Novo. Vai ser uma oportunidade para dar um salto evolutivo para o partido", observou Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores em programa na IMTV.
No mercado financeiro, há uma grande expectativa com a gestão do empresário. As apostas são por um governo que invista esforços em ganhos de eficiência, enxugamento da máquina estatal e saneamento das contas públicas. Há quem acredite também no avanço de uma agenda de privatizações, o que já provocou um forte salto das ações de Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) na Bolsa -- embora Zema já tenha dito que não tomará a iniciativa imediatamente. Só em outubro, os papéis das duas acumularam respectivas altas de 68% e 37%.
"Privatizar essas empresas (Cemig e Copasa) imediatamente não é prioridade, pelo valor de mercado delas, que não vai resolver o problema de contas do estado. Mas já quero deixá-las totalmente profissionalizadas, enxutas. Pela primeira vez, será presidente da Cemig e da Copasa quem está lá há 15 ou 20 anos, e não um deputado, como tem acontecido", afirmou o candidato.
A dificuldade na implementação desta agenda também deve ter feito a ideia esfriar e o candidato buscar um tom mais moderado e de possível execução. "Para aprovar privatizações, [são necessários] 3/5 da Assembleia de Minas. Não é algo da noite para o dia. Agora ele foca na recuperação, para tirar das mãos dos deputados, o que precisa ser visto no horizonte de privatizações é a relação dele com a Assembleia, que segue com partidos tradicionais (PT, MDB e PSDB) em destaque", disse Paulo Gama, analista político da XP Investimentos.
"O novo com todo esse processo de campanha, discurso de política diferente... Funciona muito bem como vitrine, mas precisa ver como o discurso funciona na prática, sem desapontar o eleitor. Vai precisar descobrir o jeito do Novo de governar. Barreira para privatização é difícil de transpor, vale a pena mudar um pouco o foco mesmo", complementou o especialista.
A eleição para o Novo
A conquista coroou campanhas bem-sucedidas em diversas outras disputas. A primeira participação do Novo em eleições nacionais conseguiu colocar o partido no mapa político brasileiro. Foram 20 deputados eleitos, sendo oito federais, 11 estaduais e um distrital.
Além disso, o fundador do Novo, João Amoêdo, chegou em quinto lugar na corrida presidencial, com cerca de 2,7 milhões de votos (2,5%) superando nomes mais conhecidos, como Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos). O desempenho ficou longe da meta de alcançar 5% do eleitorado brasileiro, mas, para um partido com três anos de existência, é um número invejável entre muitos adversários.
Com os resultados deste primeiro pleito, o Novo já poderá dar continuidade à defesa de bandeiras que acompanharam o nascimento da sigla, o que já era feito por vereadores eleitos em 2016. A observar os discursos recentes, na lista de prioridades estão a redução da burocracia e o fim das "mordomias e privilégios" dos políticos, além de um enxugamento da máquina pública. Os eleitores poderão acompanhar de perto a partir de janeiro.
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