Pular para o conteúdo principal

Tiago Mitraud: 10% do PIB pra educação: uma má ideia

Nesta semana, na Comissão de Educação da Câmara, por apenas um voto, conseguimos rejeitar um projeto do PSOL que determinava a realização de um plebiscito nacional que perguntaria à população se devemos ou não gastar 10% do PIB com educação. 

Tiago Mitraud (NOVO-MG) | Hoje em Dia

Mas, se a educação brasileira colhe resultados tão negativos, por que, então, rejeitar um projeto que buscaria ampliar o gasto público nessa área?


1. Já temos vinculações para a educação e elas não resolvem o problema

A Constituição prevê a vinculação de recursos para a educação em seu art. 212, estabelecendo que a União deve destinar pelo menos 18% de sua arrecadação tributária à manutenção e desenvolvimento do ensino, enquanto estados e municípios devem destinar no mínimo 25%. Se nosso problema educacional estivesse apenas relacionado a recursos, essas vinculações - que enrijecem o orçamento, comprimem outras despesas e dificultam uma boa gestão dos recursos públicos - já deveriam ter dado conta de aumentar a qualidade do ensino no país. Precisamos quebrar a lógica de que, para melhorar a educação, basta aumentar a quantidade de recursos destinados a ela.

2. Se vincular um percentual do orçamento é ruim, vincular percentual do PIB é ainda pior

A vinculação ao PIB ignora a lógica e os limites orçamentários, uma vez que o governo não executa seus gastos a partir do PIB. Hoje, mais de 95% do orçamento já está comprometido com despesas obrigatórias. Logo, chegaria-se a um impasse matemático, pois, para gastar 10% do PIB com educação, seria necessário gastar mais de 100% do orçamento.

E o que aconteceria se a moda pega, e outros setores importantes como saúde e segurança resolvem também criar esse tipo de vinculação? Seria o caos orçamentário, é claro. Mas essa questão não é algo que os autores da proposta se preocupam em responder.

3. O plebiscito não diria de onde sairia o dinheiro

Como sabemos, o orçamento público é finito. Gastar mais com educação significa gastar menos com saúde, assistência social, segurança, cultura, ciência e tecnologia, por exemplo. A proposta, no entanto, preferia ignorar esse ponto, e simplesmente perguntar à sociedade se deveríamos gastar mais com educação, sem apresentar à população, de forma transparente, as consequências dessa escolha.

A proposta, em resumo, apenas se propunha a gerar um apelo populista, dando uma falsa esperança à população de que votar a favor de tal vinculação resolveria alguma coisa. Precisamos tratar a questão educacional brasileira com mais maturidade e racionalidade, nos dispondo a discutir propostas que de fato tenham condições de melhorar a aprendizagem de nossas crianças e jovens. Propostas como essa apenas jogam para a plateia, trazendo ruído ao invés de soluções.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Deputado quer fazer ‘revogaço’ de leis e burocracia na Assembleia Legislativa de São Paulo (VIDEO)

Você sabia que há uma lei em vigor no Estado de São Paulo, que isenta da cobrança de frete ferroviário o transporte de pombos-correio? Por Fernando Henrique Martins | Gazeta do Povo Parece piada, mas não é. Trata-se da Lei n.º 943 de 1951 , proposta pelo então deputado Antônio Sylvio Cunha Bueno, aprovada por seus pares, e sancionada pelo governador Adhemar de Barros. Deputado Estadual Ricardo Mellão (NOVO-SP) | Reprodução Assim como essa, tantas outras leis sem qualquer utilização prática ou relevância atravancam o sistema de cidades, estados e do País. É exatamente esse o ponto que o deputado estadual Ricardo Mellão (Novo) pretende atacar em sua legislatura. “Temos feito um trabalho que inicia na desburocratização legislativa. Minha equipe levantou 15 mil lei e descobrimos que 73% delas dizem respeito a denominações de viadutos, estradas, além de datas comemorativas, como Dia do Saci, Dia do Tomate. Só sobre o Dia da Uva temos três datas diferentes”, explica o parlame

Bancada do NOVO na ALERJ defende reforma tributária do estado

Com apenas 2 deputados estaduais, Chico Bulhões e Alexandre Feitas, o NOVO defende que o estado do Rio de Janeiro passe por uma reforma tributária, além da privatização da CEDAE. Por Quintino Gomes Freire | Diário do Rio Em discurso ontem, 5ª (14/3), o líder do partido, Bulhões, disse “Precisamos fazer estudos para entender onde estão os gargalos, como é que a gente consegue aumentar a competitividade das empresas que querem se instalar no Rio de Janeiro, gerando empregos e renda“. Deputados Estaduais Alexandre Freitas e Chicão Bulhões (NOVO-RJ) Ele elogiou o esforço da Secretaria de Fazenda no combate à sonegação e a corrupção na concessão de incentivos fiscais do estado, mas questionou o foco do governo na ampliação das receitas. Destacando que a crise fiscal também é uma crise de despesas. “Responsabilidade fiscal demanda responsabilidade com despesas. Não é sufocar apenas o contribuinte. É claro que tem que se punir quem está errado, mas também reconhecer que o esta

Saulo Evangelista foi aprovado no processo seletivo do NOVO como pré-candidato a vereador de Petrópolis (RJ)

Saulo Evangelista é pós graduado na área de Exatas e em Ciência Política, estudante de Direito, Empresário do ramo Alimentício, Professor e Servidor Federal da Área de Segurança. Partido NOVO Petrópolis  Por ser de família de origem humilde, sua motivação vem da certeza de que a Educação pode transformar a vida de uma pessoa. “Creio que somos os verdadeiros agentes de mudança e que cada um de nós deve fazer sua parte para que o todo seja melhorado.” Saulo Evangelista acredita na visão de longo prazo e que o ser humano é um ser político por natureza e que é responsabilidade de cada um fazer as melhores escolhas de seus representantes. Saulo Evangelista foi aprovado no seletivo e na Convenção Municipal como pré-candidato a vereador de Petrópolis pelo Partido NOVO!! Parabéns Saulo Evangelista !! O NOVO Petrópolis está com você! Acompanhe Saulo Evangelista: https://www.facebook.com/sauloevangelistanovo/ https://www.instagram.com/sauloevangelistanovo/ https://twitter.com/sauloevangelist