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sexta-feira, 16 de julho de 2021

Competitividade energética de Minas favorece os investimentos

Em meio à pior escassez de chuvas no País em 91 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e à ameaça ao fornecimento de energia no Brasil, é cada vez mais latente e necessário o incentivo ao desenvolvimento de fontes alternativas de energia. Diante do cenário, num futuro próximo, a garantia de geração pode se tornar um fator decisivo na atração de investimentos e Minas Gerais conta com a segurança e a competitividade energéticas a seu favor.

Por Mara Bianchetti | Diário do Comércio

A avaliação é de especialistas do setor consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, que não acreditam em impactos para além da elevação dos preços da energia no decorrer de 2021. No fim de junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou reajuste de 52% para a bandeira vermelha 2, que passou de uma cobrança extra de R$ 6,24 para R$ 9,49 por cada 100 kWh consumidos.

Os protocolos de investimentos para implantação de usinas fotovoltaicas chegam a R$ 36 bilhões no governo Zema | Crédito: Divulgação

E não para por aí, a agência discute agora a possibilidade de aumentar novamente o valor da bandeira, que é a mais cara do sistema. Há dois cenários para a cobrança nos próximos meses: manter os R$ 9,49 por 100 kWh ou elevar o valor para R$ 11,5 por cada 100 kWh. Além disso, a agência prevê que a bandeira vermelha 2 ficará acionada até, pelo menos, novembro. A partir de dezembro, dependendo das condições dos reservatórios das usinas hidrelétricas, a agência pode reduzir a bandeira para a vermelha patamar 1 ou amarela.

“A crise hídrica é um ponto sensível do País. Mas não vai faltar energia no Brasil. Para este ano, o que temos é a energia mais cara, mas não racionamento – pelo menos em todos os cenários por nós analisados. Já para o ano que vem será outra história. Se não chover no fim do ano, os problemas serão maiores. Mas ainda temos um verão inteiro pela frente”, analisa o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes.

Já quando o assunto é Minas Gerais, o especialista explica que o Estado é exportador de energia. “Já tive a oportunidade de dizer ao governador (Romeu Zema – Novo) que Minas é não apenas a caixa d’água do Brasil, como tem se tornado a casa do sol também. É grande nosso potencial em energia solar. Temos pelo menos uns 20 gigawatt de geração em projetos em andamento. Por isso, estamos bem posicionados para a atração de investimentos quando a garantia de geração se tornar um fator decisivo para investidores“, completa.

De maneira complementar, o consultor na área de energia, Aloisio Vasconcelos, afirma que a situação energética nacional no momento não é alarmante, que não existe um grande risco de racionamento, mas que são necessárias medidas urgentes do governo, como monitoramento dos lagos, campanhas para população diminuir o consumo de energia, incentivos para melhoria das instalações industriais, etc.

No caso de Minas Gerais, ele diz que o Estado representa cerca de 11% do Brasil, ou seja, a questão é delicada, mas possível de ser resolvida. “A grande tranquilidade de Minas é o excelente parque gerador. Além de muitas usinas hidrelétricas, ainda conta com alternativas como usinas de biomassa, térmica e uma extraordinária possibilidade de geração solar”, avalia.

Vasconcelos também acredita que as fontes de energia renováveis e a garantia de segurança energética serão fatores de competitividade num futuro próximo. O especialista lembra que o mundo inteiro caminha para a eliminação de fontes de energia térmica. Daí a importância de um incentivo governamental ainda maior para fontes alternativas.

“Defendo que Minas tenha um programa incentivado de implantação de energia solar. Não só o já proposto na lei, mas um que vá além e aproveite ainda mais o potencial gerador do nosso Estado”.

Minas Gerais já atraiu R$ 36 bilhões em energia solar

Por fim, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) destacou, por meio de nota, que a seca observada esse ano tem afetado muito algumas usinas hidrelétricas, em especial em Minas aquelas que ficam na bacia do Rio Grande (Usina de Furnas, Mascarenhas de Moraes, Marimbondo e Água Vermelha). E admitiu que o cenário tem evidenciado a importância das iniciativas de diversificação da matriz energética mineira.

A Pasta citou que conta com o projeto estratégico Sol de Minas, que visa manter Minas como o Estado com melhor ambiente de negócios para geração de energia solar no País.

“Não é à toa que somos o Estado com maior potencial de geração distribuída instalada, ultrapassando 1 GW, modalidade em que o consumidor gera a própria energia e abate de sua conta, fugindo assim do alto custo da energia em épocas de racionamento. Além disso, somos também destaque na geração de energia solar centralizada, que são aquelas grandes usinas cuja geração é destinada às distribuidoras ou ao mercado livre de energia”, cita.

Ainda conforme o governo, já são mais de 600 MW em operação e apenas na atual gestão já foram atraídos R$ 36 bilhões em protocolos de investimentos para novas usinas fotovoltaicas, que representarão aproximadamente 9 GW de capacidade nova em nossa matriz.

“Como resultado disso, nos próximos anos teremos cada vez mais investimentos em energias renováveis em Minas, gerando emprego e renda em áreas carentes como o Norte e Nordeste do Estado, além de nos tornarmos menos dependentes da matriz hidráulica e dos eventos climáticos de chuvas”.

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