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100 dias de governo: a avaliação de Adriano Silva à frente de Joinville

Prefeito falou sobre lockdown, compra de vacinas, reforma da previdência e relação com Estado e Legislativo

Juliane Guerreiro | nd+ Joinville


Na ampla sala do primeiro andar da prefeitura de Joinville, uma bicicleta vermelha do corpo de bombeiros logo mostra que o lugar já está adaptado ao seu novo dono: neste sábado (10), o empresário e bombeiro voluntário Adriano Silva (Novo) completa 100 dias à frente da maior cidade de Santa Catarina.

Se a bicicleta faz alusão à histórica corporação da qual o novo prefeito faz parte, outros itens também remetem à trajetória dele, como o composto de catuaba e outros energéticos produzido pela indústria da família, que é ingerido em forma de shot logo pela manhã para dar energia no enfrentamento dos desafios diários na administração da cidade.

E foi sobre esses desafios que Adriano Silva falou ao ND+ em uma entrevista exclusiva sobre os 100 primeiros dias no comando da prefeitura. Confira!
A passagem da iniciativa privada para o poder público

O empresário Adriano Silva deu lugar ao prefeito Adriano Silva no dia 1º de janeiro, quando se tornou o primeiro prefeito eleito pelo partido Novo no Brasil. E a adaptação da iniciativa privada para o poder público, segundo ele, não tem sido difícil.

“O que deixa a gente mais ansioso é o tempo que se leva no meio público. Uma simples compra leva, no mínimo, 60 dias. Isso nos estranha no sentido de não conseguir realizar as coisas com tanta rapidez quanto no mundo privado”, fala.

Apesar disso, vindo de uma indústria também burocrática, como é a farmacêutica, Adriano diz estar acostumado ao “engessamento”. Da iniciativa privada, ele trouxe um processo seletivo considerado inovador e que também é uma premissa do partido.

“A gente conseguiu fazer da mesma forma que faria no meio empresarial, o que foi muito legal. Tivemos quase 20 mil inscritos para todas as vagas num tempo curto, fico muito satisfeito com o time como um todo”, destaca. Segundo ele, 65% dos contratados são servidores de carreira. “Foi uma grata surpresa encontrar pessoas com altíssima capacidade, currículo muito desenvolvido, experiência e determinação”, completa.

Relação com a Câmara e o Estado

Adriano considera boa a relação com a Câmara de Vereadores e acredita que os dois poderes têm mantido a independência e trabalhado por um objetivo comum. “A discussão está sendo muito boa, temos conversa aberta com todos os vereadores, escutamos os projetos, as ideias, e isso vai surtindo um grande efeito”, avalia.

Já em relação ao governo estadual, o prefeito de Joinville analisa que a mudança na administração, com o afastamento de Carlos Moisés e a posse de Daniela Reinehr, não deve trazer grandes mudanças. “Houve mudança, mas uma vontade muito grande de acertar e de estarem próximos de Joinville. Não tenho o que temer, estou satisfeito e acho que vamos conseguir manter o bom relacionamento”, ressalta.

Embelezamento e desburocratização

Ainda na campanha e mesmo depois de assumir, Adriano Silva elegeu a desburocratização e o embelezamento da cidade como prioridades. 100 dias após a posse, ele avalia que as ações foram prejudicadas pelo agravamento da pandemia, mas vê avanços.

“O embelezamento está acontecendo ainda e é uma das coisas que mais me motivam. Quando a gente vem do meio privado, quer fazer as coisas rápido e, no embelezamento, a gente vê as mudanças de forma prática, como o resgate do canteiro central da Avenida JK e praças e parques que estão sendo remodelados através de parcerias privadas”, fala.

Sobre a desburocratização, o prefeito afirma que há uma equipe formada para discutir medidas relacionadas ao tema e o Executivo deve enviar, em breve, um Código de Defesa do Empreendedor para aprovação na Câmara. “Ele já está escrito e é um marco legal para que todas as leis não possam romper com princípios desse marco”, fala. Adriano pretende ter resultados mais evidentes da desburocratização em 180 dias.

Reforma da Previdência e PPPs

A aprovação da reforma da Previdência no município é um dos grandes planos e desafios de Adriano à frente da prefeitura. O projeto já foi enviado à Câmara e sofre resistência por parte dos servidores.

“Com a reforma, estamos falando de economia anual de R$ 36 milhões que vão poder ser investidos em infraestrutura, a pasta que mais exige investimento. Ela ajuda também na obtenção da CRP, certidão que a gente está sem e que me preocupa demais. Todas as obras planejadas são em cima de financiamento e, sem a reforma e a certidão, todas param”, argumenta.

O prefeito também avalia que a reforma é necessária para a sustentabilidade do Ipreville. “Se nada for feito, em 75 anos pode fechar o Ipreville. Quando ele foi montado, a expectativa de vida do servidor era de 65 anos, hoje é de 85. São 20 anos a mais com o mesmo tempo de contribuição”, fala.

Outro grande projeto que está sendo viabilizado pelo Executivo é a chamada lei de PPPs (parcerias público-privadas), proposta muito defendida por Adriano Silva durante a campanha.

“A lei está praticamente escrita, estamos aguardando a reforma da Previdência passar para não ter instrumentos importantes atrapalhando um ao outro”, fala. Segundo ele, estudos já têm sido realizados para implementar PPPs no Hospital Municipal São José e na Águas de Joinville. “Nada está parado, todos os estudos estão acontecendo”, destaca.

Enfrentamento ao coronavírus

Adriano Silva assumiu a prefeitura em um momento menos crítico em relação à pandemia da Covid-19, mas viu a condição se agravar nos primeiros meses do ano. Apesar disso, acredita que as ações implementadas pelo município conseguiram conter o avanço da doença.

Ele cita a transformação de UPAs em hospitais de campanha, a publicação de decretos restritivos, a compra de respiradores e BIPAPs (ventiladores não invasivos) e o centro de tratamento na Tupy como medidas que ajudaram no enfrentamento à pandemia no momento mais crítico.

Segundo ele, houve redução de 50% dos casos ativos nos últimos 15 dias. “Se a gente continuar esse declínio da curva, em pouco tempo voltamos a ter o novo normal, que é uma quantidade de pessoas com Covid-19 ativa, mas dentro da capacidade de resposta do município, voltando à estrutura normal da saúde”, fala.

O lockdown, medida defendida por parte da população, deve ser evitado ao máximo, segundo o prefeito. “O limite seria não ter mais capacidade de atender casos graves. Mas nós conseguimos, através da mobilização da população, do aumento da capacidade e de decretos que trouxeram resultados efetivos, trazer a curva para baixo sem precisar fechar o município”, argumenta.

Para ele, o enfrentamento à pandemia passa principalmente pela imunização da população e, por isso, o município se uniu ao consórcio montado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) junto a cerca de outras duas mil cidades do país para comprar vacinas. “A compra pelo município é uma opção, mas deveria ser a última porque rompe o Plano Nacional de Imunização”, fala.

“A gente percebeu que, coincidência ou não, o governo federal passou a comprar um volume muito maior de vacinas após a mobilização. Ao meu ver, deveria ter sido sempre comprada pelo governo federal, mas quando a gente percebia que as doses não vinham, eu não poderia ficar parado. Então, fomos com a FNP, que é uma opção de retaguarda”, ressalta.

Avaliação dos 100 primeiros dias

Adriano Silva se diz satisfeito com os 100 primeiros dias à frente do governo municipal, mas acredita que a pandemia atrapalhou o andamento de muitos trabalhos.

“O que mais me tira o sono é ver demandas muito grandes de desassoreamento, limpeza de bueiros e restabelecimento de áreas de enxurrada, em que o tempo de resposta é muito aquém do que deveria ser. A herança herdada é completamente insuficiente para o que se tem de demanda”, diz.

Adriano não vê a necessidade de uma reforma administrativa, como em outros governos. Porém, estuda mudar atribuições entre secretarias. Ao completar 100 dias de nova administração, a prefeitura de Joinville lançou relatório com 100 ações realizadas no período. O documento pode ser conferido no site da prefeitura.

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