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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Varejo de Minas fecha 2020 com crescimento de 3,5% nas vendas

Mesmo com todos os desafios e reflexos da pandemia da Covid-19, o volume de vendas do comércio varejista em Minas Gerais apresentou avanço em 2020 na comparação com 2019. A alta, de janeiro a dezembro, foi de 3,5%, na série com ajuste sazonal. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por Juliana Siqueira | Diário do Comércio

O setor, ao longo do ano passado, viveu momentos distintos. A supervisora de pesquisa econômica da entidade, Claudia Pinelli, ressalta que vários estabelecimentos ficaram fechados por conta das medidas de isolamento social, adotadas como uma maneira de combater a Covid-19. Posteriormente, quando tudo voltou a funcionar novamente, o segmento passou por um período de recuperação, impulsionado até mesmo pela demanda reprimida.

O segmento de artigos farmacêuticos foi destaque em MG, com alta de 22,2% | DIVULGAÇÃO

“Houve uma recuperação após a abertura e essa recuperação foi muito intensa. Os resultados foram fortes bem no início. A atividade agora está caminhando para uma estabilidade”, diz ela.

Tanto é que, na passagem de novembro para dezembro, o segmento em Minas Gerais registrou queda de 4,4% – a quarta retração consecutiva. No entanto, em relação a dezembro de 2019, os números foram positivos, com um crescimento de 4,8%.

Além da estabilização dos números em dezembro, Claudia Pinelli explica ainda que o recuo no último mês do ano passado também é um reflexo da Black Friday, que ocorre em novembro.

A data, que é marcada por vários descontos em diversos estabelecimentos, muitas vezes faz com que os números aumentem bastante em novembro, o que interfere nos resultados do mês seguinte, já que muitas pessoas aproveitam para antecipar as compras de fim de ano.

Setores 


Os dados do IBGE também revelam quais foram os segmentos dentro do comércio que mais apresentaram alta em dezembro de 2020 na comparação com igual período de 2019.

Conforme ressalta Claudia Pinelli, esses avanços estão ligados ao fato de as pessoas estarem mais tempo em casa por conta do distanciamento social. Além disso, acrescenta ela, os setores que mais tiveram incremento não pararam de funcionar no período em que as medidas de isolamento social foram mais rígidas, como o segmento farmacêutico.

Nesse cenário, então, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosmético tiveram um incremento de 22,2%. Outros destaques foram hipermercados e supermercados (4,9%), que, segundo Claudia Pinelli, poderiam ter avançado mais, não fosse a pressão inflacionária que os alimentos sofreram. Combustíveis e lubrificantes também tiveram alta (4,6%).

No comércio varejista ampliado, por sua vez, na mesma base de comparação, houve avanço do setor de veículos, motocicletas, partes e peças (14,5%) e de material de construção (0,5%).

Perspectivas 

A supervisora de pesquisa econômica do IBGE ressalta que o cenário ainda é de incertezas e que os indicadores, inclusive, refletem isso. Ela lembra que o ambiente macroeconômico ainda não está favorável para as famílias até no que diz respeito à geração de emprego e renda. A tendência, então, é de que os números continuem se estabilizando.

Varejo mineiro mostra otimismo para 1º semestre

Apesar do momento vivenciado por toda a sociedade, em virtude da pandemia do novo coronavírus, o início do ano sempre é marcado pelas boas expectativas e planos para os próximos meses. No comércio varejista, o primeiro semestre de 2021 impacta positivamente 44,1% das empresas em Minas Gerais, que acreditam que o período será melhor que o segundo semestre de 2020. Essa confiança é justificada pela presença de uma das datas comemorativas mais importantes para o setor: o Dia das Mães.

Segundo a pesquisa de Expectativa de Vendas, elaborada pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio-MG, o Dia das Mães (36,4%) é considerado como uma das datas mais rentáveis para o comércio. Em seguida, está o Carnaval (14,2%), a Páscoa (13,0%) e o Dia dos Namorados (12,5%), que devem contribuir para o crescimento das vendas no primeiro semestre de 2021.

O levantamento pontuou ainda que 30,2% do comércio investirá em ações promocionais, ao passo que 25,9% realizarão ações de divulgação/propaganda. “Embora o setor terciário enfrente um dos momentos mais delicados da história, os empresários enxergam o primeiro semestre como uma boa oportunidade para retomarem seus negócios. Para isso, é preciso adotar medidas como um planejamento estratégico, a readequação de serviços e produtos e um atendimento diferenciado para atrair os clientes e garantir um giro de vendas durante o período”, explica o economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida.

A pesquisa apontou também que 40,4% dos empresários viram seu volume de vendas melhorar no segundo semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. Dentro desse índice, em 64% dos estabelecimentos, a melhora foi de até 20%.

Ainda de acordo com o levantamento, o otimismo/esperança foi o motivo citado por 48,0% dos empresários para justificar as boas perspectivas. “Cerca de 34% das empresas acreditam em outros motivos, como o maior consumo das pessoas em isolamento social, o início da vacinação e a melhora na economia como fatores que contribuirão para alavancar o setor. Além disso, 10,7% delas apostam no aquecimento das vendas neste primeiro semestre”, destaca o economista-chefe.

Entre os segmentos que devem sobressair no período estão: informática, telefonia e comunicação (72,7%); combustíveis e lubrificantes (70,0%); veículos e motocicletas, partes e peças (63,4%); livros, jornais, revistas e papelarias (60,0%); bem como joias, óticas, artigos recreativos e esportivos e eletroeletrônicos (57,1%). Já o cartão de crédito é apontado por 43,1% dos empresários como a principal forma de pagamento que será utilizada pelos consumidores.

Desafios 

O levantamento apurou ainda que os principais obstáculos para o consumo deverão ser a pandemia de Covid-19 e o fim do auxílio emergencial (73,3%), além do desemprego (19,0%); o momento econômico do País (13,2%); a alta dos preços dos produtos (11,2%), o endividamento do consumidor (4,0%); e a concorrência desleal (2,5%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 27 de janeiro de 2021. Ao todo, foram avaliadas 401 empresas, sendo pelo menos 40 em cada região de planejamento (Alto Paranaíba, Central, Centro-Oeste, Jequitinhonha-Mucuri, Zona da Mata, Noroeste, Norte, Rio Doce, Sul de Minas e Triângulo) de Minas Gerais. A margem de erro da análise é de 5%, com um intervalo de confiança de 95%.

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