O Globo
NITERÓI — O GLOBO-Niterói encerra a série de entrevistas com seis candidatos à prefeitura. O critério para a escolha e a ordem da publicação foi baseado no tempo de TV de cada um. Na edição impressa deste domingo é a vez Flavio Serafini e Juliana Benício. Antes, foram publicadas entrevistas com Axel Grael e Felipe Peixoto (no último dia 18) e Deuler da Rocha e Allan Lyra (dia 25).
Já está resolvido. Tenho experiência em gestão, e a pessoa que se forma em gestão está preparada para administrar qualquer tipo de organização. Trabalho há 15 anos em gestão educacional, que para mim é o setor da sociedade que mais se aproxima do setor público. Tenho mais experiência para entregar do que pessoas que viveram em gabinetes com equipes de dez pessoas no máximo, enquanto vim de um trabalho de instituições de grupos internacionais e nacionais, gerindo mais de dois mil pessoas.
Não teme desconfiança do eleitor diante do “novo” na política após ascensão e queda do governador Witzel?
O grande problema que a sociedade enfrenta não é o novo, é a manipulação de massa, aqueles que estão há tempo no poder manipulando informações. Às vezes, a manipulação vem por meio de candidato novo ou antigo. O que o cidadão tem que procurar é o que vem se colocando à disposição da sociedade, não vinculado a velhas práticas de compra de votos, de coligação partidária, que provavelmente gerará venda de secretarias, transformando a prefeitura em negócio.
Como pretende dialogar com os vereadores?
O que mais defendo é a democracia. A gente tem um governo autoritário que compra voto. Terei meu gabinete aberto para todos os partidos, desde esquerda até a direita, que vão gerir comigo um governo em prol do cidadão, com diálogo.
Antes do Partido Novo, qual era sua relação com a política?
Nunca tive relação com nenhum político, política partidária e nenhum governo. Fiz a boa política dentro da educação, mediando diversos interesses para entregar um serviço de qualidade. A política partidária para mim sempre foi um ambiente muito nojento, antipático e de corrupção. Quando encontrei o Partido Novo, percebi que era possível fazer política partidária limpa.
Quais seriam seus primeiros atos com relação à pandemia?
Acompanharia a ocupação dos leitos, como é feita hoje, monitorando a economia e vendo a flexibilização ou não. Se a gente tivesse mais leitos, poderia estar flexibilizando há mais tempo. A prefeitura não investiu adequadamente a verba. Não promoveu um ambiente de segurança para a saúde pública. O que eu faria hoje, principalmente, era abrir as escolas. As crianças precisam de amparo. Quando digo abrir escolas, digo promover um ambiente híbrido para inserção da criança, ao acolhimento pela educação, porque está desamparada há oito meses sem assistência pública.
Mas a prefeitura tentou reabrir gradualmente, e a Justiça impediu. Foi firmado acordo para a retomada apenas do ensino médio. Como enxerga essa pressão da sociedade?
Hoje a gente tem um gestor que tenta ganhar capital político de todos os lados, tanto das escolas particulares como dos pais. Eu iria para a sensibilização dessa sociedade, que está sem liderança, para entender o caminho correto a seguir e entraria novamente na Justiça. Logicamente que se a Justiça disser o contrário, não vou travar uma guerra.
O que a senhora acha do movimento antivacina? A da Covid-19 deve ser obrigatória?
Isso é uma falsa polêmica. Está comprovado que 80% das pessoas se vacinam voluntariamente. Apesar de termos obrigatoriedade em algumas vacinas, nunca vi uma mãe ser punida por não vacinar. Irei investir na sensibilização sobre importância da vacina.
E o que pretende fazer com o Hospital Oceânico?
Visitei e vi que ali havia boas práticas para a Covid, mas, na verdade, não conseguimos atender o cidadão niteroiense, porque as portas de entrada do sistema público de saúde não tinham testes nem triagem adequada. Quem chegava no Oceânico já estava em situação gravíssima, tanto é que a taxa de mortalidade ali foi alta, em comparação aos hospitais de campanha. Outros candidatos falam em municipalizar, mas precisa entrar para avaliar. Temos o Mário Monteiro e veremos a capacidade de ele ser ampliado, de virar de fato emergência. Quero ter uma emergência na região e não vejo necessidade, agora, de municipalizar o Oceânico.
Manteria os programas de transferência de renda da pandemia?
Foi uma medida acertada, apesar de mal executada. Gostaria de mais transparência. Sou a favor da renda básica, é uma política emergencial, diante da miséria e de adversidades como a pandemia. Enquanto estivermos em um período de incerteza haverá renda básica, mas não posso falar a quantidade e o tempo que será mantida.
Os ambientalistas não perdoam o Novo por ter tido o ministro Ricardo Salles nos seus quadros. O que pretende fazer pelo meio ambiente?
Não generalizaria. Nós temos muitos ambientalistas no Novo. Se uma parte dos ambientalistas lacra no Salles a estampa do partido isso é errado. Ele foi um filiado e nós temos muitos filiados pelo Brasil. Sou uma das maiores defensoras da revitalização do sistema lagunar, contra a maior precarizadora do meio ambiente, a concessionária Águas de Niterói, que não evita que o esgoto chegue aos córregos.
A senhora tem uma atuação como pesquisadora do IFRJ na cidade. As universidades públicas vêm sofrendo contingenciamento de verbas pelos governos federal e estadual. Como a prefeitura poderia ajudar nisso?
Estamos trazendo um debate federal para o âmbito municipal, mas vou me posicionar. Sou a favor da universidade pública. Não sou a favor de contingências de curto prazo. Se quer, a longo prazo, organizar as contas que faça isso com cautela, indicando que essas verbas serão reduzidas ao longo do tempo para que elas consigam se preparar. O foco do município é atenção básica. Preciso fazer as crianças lerem. Hoje temos crianças no 4º ano sem ler. Essa é a urgência do município.
E a segurança? Manteria o Niterói Presente?
Vou manter o Niterói Presente como um programa complementar à valorização da Guarda Municipal. Quero valorizar e investir na guarda, fazer que ela volte a ser o norte da segurança do município. Sou a favor da guarda armada, mas não faria isso de uma forma autoritária. Capacitaria de forma segura essa equipe e ganharia a confiança do cidadão.
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