Juliane Guerreiro | nd+
Nesta terça-feira (20), o candidato Adriano Silva, do partido Novo, foi o prefeiturável entrevistado pelo Grupo ND na série de sabatinas com os pretendentes à prefeitura de Joinville.
Entrevista com Adriano Silva foi conduzida pela apresentadora Sabrina Aguiar – Foto: Luana Amorim/ND |
Adriano Bornschein Silva tem 42 anos e é formado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foi diretor comercial e de marketing da empresa Catarinense Pharma, que pertence a sua família, e há seis anos é presidente da instituição. Também preside a Força Empresarial para Emergências (FEE). Há mais de 15 anos, é voluntário e faz plantão de socorrista no Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. É a primeira vez que se candidata a um cargo público.
Confira a entrevista:
Em seu plano de governo, você fala sobre a necessidade de uma reforma administrativa. Na prática, quais são as suas ideias em relação a essa reforma?
A reforma administrativa tem que acontecer de forma gradativa e a gente tem que entender quais são os movimentos temos que fazer. Por exemplo, nós podemos aglutinar secretarias, talvez formar novas secretarias. Isso vai depender do dia a dia.
Um dos pontos é que a secretaria de desenvolvimento tem que voltar a ser o que ela era, uma secretaria que desenvolve o futuro da cidade, que atrai investimentos na cidade e, principalmente, que é uma fábrica de projetos. Então, ela vai estar o tempo todo desenvolvendo projetos para que a gente possa buscar recursos federais e estaduais para fazer os projetos saírem do papel.
Na maioria das vezes, a gente vê recursos federais e estaduais e não tem projeto para captar esse recurso. Então, essa secretaria teria urbanistas, engenheiros, arquitetos, acadêmicos, seria como uma espécie de coworking onde você pensa a cidade para o futuro e vai desenhando esses projetos e deixando num banco de projetos. Quando tiver acesso aos recursos, faz o projeto sair do papel. Esse é um dos exemplos que pode acontecer.
Também tem a parte do plano de carreira dos servidores que precisa ser revista, a questão da meritocracia para os servidores tem que ser vista na reforma administrativa para que a gente possa criar, por exemplo, pontos para os professores para criar um incentivo a cada mais olharem para a aprendizagem dos alunos, o que já vi em algumas cidades. Esses recursos são usados como bônus na remuneração de professores e a aprendizagem dos alunos aumentos muito.
Então, eu vejo que a educação de Joinville é uma boa educação e a gente pode lapidar e melhorar ainda mais. E quando se fala em valorização de professores é justamente isso, dar uma condição melhor de remuneração, principalmente para aqueles que se dedicam mais no trabalho com as crianças.
Ainda sobre a reforma administrativa, você pretende manter o formato da secretaria de cultura unida com a de turismo?
A gente vai ter que ver quais as vantagens e desvantagens de ter uma fundação. Eu não tenho ainda isso na prática, mas uma coisa que eu sei que vamos ter que rever é o Simdec. Hoje, a forma como foi montado o Simdec inviabilizou os projetos culturais de captar esses recursos. A Banda dos Bombeiros Mirins, que eu acompanho, foi um dos poucos anos em que não conseguiu captar esse recurso de tão burocrático e dificultoso que ficou o processo. Então, a gente vai ter que rever o sistema para que a gente facilite para o produtor cultural conseguir esse recurso.
Isso é mais prioritário do que refazer a fundação. E valorizar também o conselho de cultura, que existe e o prefeito e vice-prefeito tem que atuar ativamente nesse conselho. Ele não pode simplesmente existir e não ter voz, uma deliberação, não poder participar.
As parcerias público-privadas estão previstas em várias áreas do seu plano de governo. Como fazer com que as empresas se interessem e como fiscalizar essas parcerias?
A gente tem vários segmentos em que vai haver interesse. Por exemplo, o Hospital São José é um hospital que tem uma estrutura forte, robusta, e que já existem empresas interessadas para serem organizações sociais e administrarem. Isso é muito bom para a cidade porque a gente ganha eficiência, ao longo do tempo a gente consegue reduzir o custo da estrutura do São José, que hoje pesa muito.
A mesma coisa para o Centreventos, para a Arena, que são equipamentos públicos que têm um sistema altamente pesado pra prefeitura de custo, em torno de R$ 400 mil por mês de manutenção, e retorno muito baixo. Então, se a gente passa isso para a iniciativa privada, a gente consegue aumentar o retorno, tanto de a prefeitura não gastar quanto ainda captar tanto em eventos para a cidade como em recursos de aluguel. A Cidadela Cultural é outro exemplo, que a gente tem que trazer para a iniciativa privada.
O fato é que, hoje, um dos pontos que prejudica a atração de qualquer empreendimento privado em Joinville é a burocracia, o excesso de burocracia que nós temos hoje impede a gente de conseguir executar trabalhos na cidade. Então, o primeiro processo, e aqui eu me coloco como responsável por fazer ele acontecer, é conduzir um mutirão da desburocratização, que tem que ser um mutirão porque uma lei só não vai resolver. Você tem que botar várias entidades na mesa, como Ministério Público, Câmara de Vereadores, secretarias, Vigilância Sanitária, Bombeiros, e rediscutir todos os pontos que hoje emperram o desenvolvimento da nossa cidade.
A qualificação e valorização dos profissionais da educação foi uma das prioridades elencadas por especialistas para o próximo prefeito e também está no seu plano de governo. Como pretende viabilizar isso?
Isso é na questão da meritocracia. Os modelos que a gente estudou pegaram as escolas e, a cada dois ou três meses, fizeram uma prova em todas as escolas para ver o grau de aprendizagem em cada uma delas. Então, você está respeitando a diferença de região de Joinville, o grau daquela escola e colocando metas para alcançar um maior índice de aprendizagem. E aí você remunera os diretores e professores com várias metas, como a aprendizagem. Outra meta é a assiduidade do professor, por exemplo. São vários pontos que a gente tem que trabalhar e aí isso você dá um bônus mensal para esses professores. Aí você valoriza aquele que faz a diferença pra cidade.
Em seu plano de governo, você fala em abrir uma consulta pública para apresentação de projetos pela iniciativa privada para captação e distribuição de água e tratamento de esgoto. Como isso deve funcionar e qual seria o papel da Companhia Águas de Joinville nesse contexto?
A Águas de Joinville vai continuar existindo, mas você passa o serviço dela para uma concessão público-privada, a administração dela passa a ser de uma entidade privada. Então, você não privatiza a água e o saneamento, mas passa a concessão do serviço. Dessa forma, a prefeitura passa a ser agente fiscalizador, que vai cobrar dessa empresa os resultados que a gente espera, pra universalizar o quanto antes a questão do saneamento, baratear o custo de tratamento, que hoje é extremamente alto, sendo que já existem tecnologias que conseguem baratear bastante esse custo e pensar, talvez, em até repassar isso para o consumidor. É isso que nós temos que fazer hoje.
Joinville tem de 20 a 30% de saneamento captado e tratado, muito pouco. A gente fala tanto em cuidar do meio ambiente e quase 80% do que a gente produz de esgoto vai pra natureza. Dessa forma, a gente consegue, então, utilizando o pacto federativo da questão do saneamento, usar essa questão no dia a dia. É uma concessão onerosa, onde você capta recurso inicial e essa empresa fica durante 20, 30 anos trabalhando pra compensar o investimento inicial que ela fez. E como ela fez o investimento inicial alto, quer fazer com que o serviço aconteça o mais rápido possível para captar o retorno desse investimento, modelo parecido com o que tem sido feito nos aeroportos.
Você fala em retomar grandes obras estruturantes. Que obras seriam essas? Como tirá-las do papel?
Na secretaria de desenvolvimento, que é essa fábrica de projetos, a gente quer deixar esses projetos prontos. Isso porque, por exemplo, o prefeito lá atrás não ia imaginar que teria o PAC 1 o PAC 2, isso é dinheiro de verba federal e que você, como prefeito, não sabe que vai acontecer. Mas se você já tem o projeto desenvolvido e acontece essa verba, você capta mais rápido esse recurso para a cidade. O modelo é a gente ser pró-ativo na questão de projetos.
Também dar andamento nos projetos que já existem, como a ponte Adhemar Garcia, que hoje é piada e ninguém acredita nela. Ela está em sequência, está em fase de licenciamento ambiental, já existe uma verba para condução dela, então é manter isso. O Novo é não tem a intenção de eliminar o que foi feito no outro governo, o que é bom tem que dar sequência, tem que haver uma lógica de sequência nos trabalhos.
Outras pontes que já foram idealizadas, não projetadas, a gente pode projetar e buscar recursos federais, estaduais, financiamentos para executar. Então, a ponte Nacar, ponte Anêmonas, tantas pontes que a gente precisa desenvolver na cidade para melhorar a mobilidade urbana. A zona Sul praticamente fecha tudo num ambiente, então a ponte Adhemar Garcia é fundamental para criar esse eixo norte-sul na região Leste, para desafogar a região do terminal do Guanabara e da Ponte do Trabalhador. São esses pontos que a gente coloca em infraestrutura.
Você fala em incentivar o transporte público. Como fazer isso com uma das passagens mais caras do Estado? O que fará em relação à licitação do transporte?
Abrir esse contrato de licitação, sentar com as empresas e entender o sistema. Hoje, temos um sistema desenhado há muito tempo. Com as novas tecnologias, a gente tem que integrar micro-mobilidade com o transporte público e achar outras soluções. Uma delas é criar o expresso marginal. A marginal da BR-101 é um equipamento fundamental para a mobilidade urbana hoje e que nós não estamos utilizando. Primeiro, é preciso ligar ela nos pontos em que não está interligada e usá-la Norte-Sul com um ônibus expresso. Então, por exemplo, quem mora na zona Sul pode chegar ao Distrito Industrial com mais facilidade trafegando fora da cidade, o que hoje não acontece porque a marginal está fechada. Isso pode trazer até um barateamento do custo do transporte.
Hoje, o transporte coletivo está fechado como um todo para as duas empresas. Tanto o transporte corporativo, o fretamento, é obrigado a fazer com Transtusa e Gidion, o transporte público é com eles. Então, quando você abre, eu tenho certeza que vão abrir outras oportunidades também de transporte. Aqui eu estou idealizando uma questão, mas hoje um dos custos altos do transporte público é com os ônibus que vão trafegar até a periferia dos bairros, pegam um, dois passageiros e trazem, então isso tem um custo alto. A gente pode desenvolver uma linha direta, terminal a terminal, o que já existe, e a pessoa que vem de bicicleta ou deixa ela no terminal ou acopla direto no ônibus e carrega. Assim, como o ônibus faz só esse trajeto macro, talvez essa linha possa ser uma linha com tarifa reduzida. Então, é ter uma opção para o consumidor buscar. Essas questões a gente quer colocar na mesa, mas isso só vai ser possível a partir do momento que a gente abrir essa caixa preta e entender o processo.
Você pretende eliminar leis que sejam inúteis e que atrapalham o cidadão. Quais leis, por exemplo?
Hoje, não é uma lei, mas é um código, que é o código de construção da cidade, que é de 1964. Quando um fiscal ou agente da Sama tem que liberar um documento, ele tem que usar um código que está completamente ultrapassado, já que tem que seguir o que está escrito. Então, se a gente não redesenhar o que está escrito, força eles a tentarem um bom sendo, no que eles podem ser questionados pelo Ministério Público, criando uma insegurança jurídica pra quem está executando.
Então, são leis que já caducaram, que estão inúteis, códigos que ficaram no passado e tem que ser redesenhados e isso em todas as áreas. O código da Vigilância Sanitária é de 1995, quanta coisa já evoluiu de lá pra cá que não precisaria mais o fiscal estar olhando. Quando eu falo em mutirão da desburocratização é colocar tudo isso no papel. E se tiver que ir para a Câmara de Vereadores para se desfazer uma lei, nós vamos propor que se desfaça a lei.
Em seu plano de governo, você fala em acompanhar e apoiar famílias em situação de vulnerabilidade para que elas superem essa condição. Quais as ações estão previstas nesse sentido?
O partido Novo é super favorável a ajudar as famílias que estão nessa questão de vulnerabilidade. Nós temos que ajudar com o mínimo, dar a condição pra que ele saia disso. Saúde, educação e segurança é primordial que o governo faça isso acontecer da melhor forma possível. Agora, nós incentivarmos também entidades sociais que hoje existem na cidade é o caminho melhor de eficiência pra ajudar essas pessoas.
Muitos governos fizeram na contramão, trazendo isso pra dentro do poder público essa questão da assistência social, só que ela é extremamente custosa para a sociedade e muitas vezes não dá o resultado que nós desejamos. Já entidades sociais conseguem fazer com o mesmo recurso muito mais e um trabalho mais direcionado, um atendimento direto.
Um dos outros pontos é para essas famílias que estão realmente na miséria, que é criar restaurantes populares, mas não com estruturas como temos hoje no Adhemar Garcia. Não faz sentido a gente ter um restaurante popular lá. Como a pessoa que é miserável vai sair do Aventureiro, do Jardim Paraíso, pegar um ônibus e ir até lá almoçar por R$ 2. Ele vai gastar mais para se locomover. Então, a ideia é fazer parcerias com restaurantes locais: você cadastra essas famílias e eles buscam alimentação nesses restaurantes locais, o que vai ser muito mais barato para o município, vai fomentar o empreendedorismo local e faz com que aquela pessoa que precisa da alimentação tenha uma alimentação balanceada e perto de casa, sem precisar se locomover.
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