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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

"É preciso ter liberdade econômica e possibilitar o empreendedorismo", diz João Villela

Candidato do Novo na disputa eleitoral pelo Executivo santista, ele entende que é preciso “evitar obras feitas em cima de outras obras, perdendo muito dinheiro e em contratos mal concebidos”

Por Lucas Vasques | Folha Santista

O empresário João Augusto Lopes Villela de Sousa, de 48 anos, é o candidato do Partido Novo, com o número 30, que não conta com coligações.

João Villela - Foto: Divulgação

Ele é formado em Direito e Engenharia Mecânica, proprietário das Lojas Design Gallery e diretor da Antioquina, entidade de ajuda a refugiados sírios.

“Os turistas precisam saber que encontrarão na cidade as mais variadas opções de cultura, laser, gastronomia. A questão cultural no Centro tem que ser fantástica, otimizada”, acredita Villela.

Raul Finochio Ferreira da Rosa (Novo), de 44 anos, também empresário, é o candidato a vice na chapa.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a Prefeito de Santos?

João Villela:
Santos não cresce há pelos menos dez anos. A cidade vem acumulando prejuízos dia a dia. O Centro está abandonado. A falta de emprego é uma constante: todo mundo tem algum parente, amigo ou conhecido que foi trabalhar em São Paulo ou interior por não encontrar oportunidades aqui. São profissionais qualificados que poderiam agregar muito ao município. Nesses últimos tempos, mais de 20 mil pessoas perderam os empregos – isso antes da pandemia. É um problema muito sério e que não pode continuar em uma cidade com tanto potencial. Precisamos ter liberdade econômica para crescer e eu posso contribuir para isso.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?

Villela:
Acabar com desperdícios, burocracia e privilégios. Temos que evitar obras feitas em cima de outras obras, perdendo muito dinheiro e em contratos mal concebidos. Possibilitar que empresas possam gerir prédios públicos, como o Teatro Coliseu, Teatro Municipal, entre outros. Precisamos melhorar toda a área do Centro, abandonada, e é fundamental movimentarmos nosso turismo e economia. Principalmente, é preciso ter liberdade econômica e possibilitar o empreendedorismo. Quem gera emprego são empresas.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos. O que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?

Villela:
O grande ponto é justamente esse. Precisamos pensar em ter outras alternativas além do Porto, pois o Porto é gerido a partir de concessões federais. É um importante gerador de empregos na cidade, mas não só ele. O retroporto é fundamental. Devemos pensar em outras formas de gerar empregos, olhar com atenção os setores de comércio, serviços e turismo. Certamente com estes segmentos alavancados teremos muito mais oportunidades de trabalho em Santos.

Folha Santista: Qual sua posição acerca da usina da instalação da usina de incineração de lixo em Santos?

Villela:
A grande questão é que hoje temos uma regra legal, a lei federal é de 2010. E existem alguns passos antes de incinerar ou fazer o aproveitamento dos resíduos sólidos. Temos que reduzir o consumo de produtos, reciclá-los e reaproveitá-los. Em seguida, há os biodigestores. E aí é realmente possível você fazer o reaproveitamento energético do resíduo sólido de uma forma adequada. Há o gás e uma série de outras coisas que são aproveitadas do lixo. Também é importante realizarmos um trabalho de conscientização das pessoas que trabalham com lixo e da população que os descarta. É possível fazer uma campanha muito melhor com redução dos impostos para condomínios que fizerem uma coleta adequada. Há muito a ser feito antes de simplesmente incinerar o lixo. Incinerar não é adequado. Aliás, a lei não permite simplesmente incinerar o lixo, mas é possível fazer o reaproveitamento energético do resíduo sólido que sobrar dessas etapas.

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que pretende fazer nesta região da cidade?

Villela:
São várias as questões. Primeiro é preciso aproveitarmos os turistas. Por exemplo, os navios que chegam aqui. Os turistas precisam saber que encontrarão na cidade as mais variadas opções de cultura, laser, gastronomia. A questão cultural no Centro tem que ser fantástica, otimizada. São vários os teatros históricos, como o Coliseu, o Guarani e mesmo o Municipal, que não fica no Centro, mas é tradicional, com uma das mais belas arquiteturas do país para esse tipo de edifício. A iniciativa privada pode e deve ser estimulada a utilizar esses espaços e explorá-los com shows, espetáculos, festivais, festas e eventos diversos. Para isso, é fundamental reduzirmos os impostos e acabar com a burocracia. Os comerciantes locais também precisam se sentir confiantes em levar seus negócios para o Centro, a Bacia do Mercado, lugares lindos, historicamente importantes e que não têm seu potencial usufruído como deveriam. A Bacia do Mercado é um lugar que pode se tornar lindíssimo, possui saída para o mar e é possível fazer uma ligação de lá para outros lugares, a exemplo da Ponta da Praia. Assim os turistas poderiam se locomover pela cidade e aproveitar nossas paisagens. É necessário revitalizarmos o Mercado Municipal, transformá-lo num lugar turístico e atrativo, como os mercados de São Paulo e outras grandes cidades. Com produtos de qualidade e restaurantes e bares no entorno. Há muitas maneiras de alavancar essas regiões de Santos. Somos uma cidade com potencial turístico, mas que ainda não sabe desenvolvê-lo e utilizá-lo de maneira intensa e objetiva em parceria com a iniciativa privada. Temos ótimos restaurantes, mas que não são devidamente divulgados para além de nossas fronteiras. Podemos incentivar as presenças de food trucks, eventos como feiras de automóveis antigos, festivais culturais, gastronômicos.

Folha Santista: Quais propostas tem para as áreas de cultura e turismo da cidade?

Villela:
A cultura pode gerar muita renda e emprego também. Temos que fazer a concessão de vários imóveis que são hoje subutilizados ou estão abandonados pela prefeitura, como o Coliseu e o próprio Teatro Municipal, em situação muito degradada. Além de contribuir para a educação, é necessário um ambiente cultural que valorize nossos talentos e mentes pensantes, e possibilite a concretização de novas ideias. Que funcione também como fomento econômico, movimentando toda a cadeia criativa, atraindo investimentos, festivais, estúdios de cinema, streaming, manifestações de todas as vertentes artísticas. Também buscaremos valorizar nosso legado enquanto município, o patrimônio histórico, a memória santista.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?

Villela:
Prevenção é o ponto mais importante da saúde. Saneamento básico está ligado diretamente à saúde. A cada real investido em saneamento básico há uma economia de quatro reais na saúde. A mortalidade infantil em Santos, uma cidade que era para ser de Primeiro Mundo, está acima da média do estado de São Paulo. Um absurdo. Temos uma grande área com 26 mil pessoas vivendo sobre palafitas e na região dos cortiços. Quantos aos exames, que são importantíssimos e precisam ser de qualidade e rápidos, podemos fazer uma parceria público-privada com as empresas. No horário que elas não estão utilizando para o particular, podemos pagar uma tabela SUS e que essas empresas, fiscalizadas pela prefeitura, atendam à população rapidamente.

Folha Santista: Como avalia as duas gestões de Paulo Alexandre Barbosa?

Villela:
O marketing e a maquiagem dessa administração são muito bons. Mas a burocracia, desperdício do erário e privilégio de algumas pessoas têm acabado com a prefeitura. Não dá mais para esse tipo de governo – que se arrasta há mais de 30 anos no Brasil – continuar.

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