Por Luciano Costa | Reuters
SÃO PAULO - O crescimento vai se dar com a aquisição de participação em empreendimentos pré-operacionais da tecnologia conhecida como GD, que envolve usinas de pequeno porte cuja geração é direcionada para abater a conta de luz de consumidores.
“A Cemig SIM vai investir em 2020 cerca de 100 milhões de reais só na questão de energia solar”, disse à Reuters o CEO da subsidiária, Danilo Gusmão Araújo.
“Nossa expectativa é que em cinco anos a gente invista 600 milhões de reais em soluções de eficiência energética e também na energia solar. Em dez anos, seria mais que dobrar, para 1,4 bilhão de reais.”
O executivo projetou que a empresa deve fechar este ano com participação em usinas que somarão cerca de 52 megawatts em capacidade, contra 30 megawatts atualmente.
O crescimento será viabilizado principalmente com a compra de fatias minoritárias de 49% em ativos de GD pré-operacionais ou já em funcionamento.
“Nossa primeira opção é através sempre das aquisições de projetos pré-operacionais, porque com isso a gente consegue fazer uma aceleração do crescimento, de forma mais rápida”, disse o CEO.
Como a Cemig é controlada pelo governo de Minas Gerais, participações superiores a 51% nas usinas tornariam os ativos estatais, o que poderia gerar complicações burocráticas aos negócios, explicou.
Os investimentos da empresa focam instalações em Minas Gerais, que além de sede da Cemig é considerado o Estado mais competitivo para negócios de geração distribuída fotovoltaica por questões tributárias e pela boa irradiação solar.
As transações têm sida feitos com recursos próprios, aportados pela Cemig na empresa, mas a unidade pretende obter financiamentos de longo prazo atrelados a seus ativos.
“Estamos agora com uma operação que está sendo concluída com o Banco do Nordeste”, disse Araújo, sem detalhar. Ele também revelou conversas com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) sobre eventuais empréstimos.
Pela modalidade de geração distribuída, pequenas usinas solares ou placas fotovoltaicas em telhados podem ter toda a produção abatida da conta de luz de consumidores.
A Cemig SIM tem negociado a produção de suas usinas principalmente com clientes do setor comercial, em processo de venda digital de planos para a compra por determinado período do direito à energia gerada.
Os consumidores conseguem em média corte de 20% nos custos com a energia ao aderir a esses planos para usar a produção das usinas solares, segundo Araújo, que comentou que a empresa lançará em breve produtos focados em consumidores residenciais.
“Estaremos nos próximos meses lançando um produto para os clientes residenciais de Minas Gerais, nossa expectativa é que nos próximos 60 dias já tenhamos isso lançado”, afirmou.
Instalações operacionais de GD somam 3,5 gigawatts no Brasil, contra 2 gigawatts no começo deste ano. Isso já é mais que os 3 gigawatts em usinas fotovoltaicas de grande porte ativas no país, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em meio ao crescimento, a Aneel chegou a iniciar no ano passado discussões sobre mudanças nos incentivos à tecnologia, ao apontar que subsídios dados à GD poderiam pesar no longo prazo sobre consumidores que não utilizam esses sistemas.
A agência, no entanto, recuou após o presidente Jair Bolsonaro e parlamentares terem atacado a ideia, com promessas de derrubar no Congresso eventual decisão do regulador. Desde então, há expectativa de que o assunto volte a ser discutido em um projeto de lei.
Boné Preto |
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