Leonardo Sodré | O Globo
NITERÓI - A corrida pela prefeitura de Niterói começa hoje. A partir de agora, os candidatos oficializados pelo TSE estão autorizados a ir à rua pedir votos. Devido à cláusula de barreira, três dos oito postulantes à cadeira de prefeito ficarão de fora da propaganda eleitoral no rádio e na TV, prevista para começar no dia 9, e terão de se adaptar a uma eleição atípica em meio à pandemia, que dificulta o contato com o eleitor. Candidaturas de coligações amplas chegam mais competitivas, com tempo nos veículos de comunicação, e tentarão imprimir nos políticos a imagem de gestores.
Na urna eletrônica, o eleitor de Niterói terá a opção de escolher entre oito candidatos a prefeito. Foto: Divulgação / TSE |
Pelo menos cinco campanhas tentarão construir a imagem de candidatos com capacidade para administrar problemas de uma cidade com orçamento de R$ 3,4 bilhões previsto para o ano que vem, quantia que destoa do montante disponível nos demais municípios da região e aumenta o nível de cobrança do eleitorado. Axel Grael (PDT), que reúne outros 14 partidos (SDD, PT, Cidadania, PP, PL , Patriota, Avante, PV, MDB, PSB, PCB , PRTB, Rede e Pode) em torno da sua candidatura, deve ficar com mais da metade dos dois tempos diários de dez minutos, que serão transmitidos pela Rede TV!.
Candidato do prefeito Rodrigo Neves, Axel usará o espaço para vincular sua imagem às realizações da atual gestão.
— Nossa campanha será propositiva. Temos um conjunto de entregas para a população que impacta no nível de aprovação do governo. Nosso foco será mostrar a continuidade da gestão. Queremos manter essa pegada — reforça.
A estratégia do candidato da situação faz dele o principal alvo de ataques. O TSE contabilizará esta semana o tempo exato que cada campanha terá na TV, mas a tendência é que Deuler da Rochar (PSL), com apoio do Republicanos, tenha cerca de dois minutos, os quais pretende usar para criticar a atual administração.
— Estamos produzindo muito (conteúdo) para já lançarmos a partir do dia 27 (hoje). Vamos contextualizar tudo o que está acontecendo na cidade. A população muitas vezes é enganada por falsos gráficos, falsas pesquisas. Vamos apresentar um grande plano de governo— diz.
Felipe Peixoto (PSD) entra na campanha com uma estratégia diferente da usada na última eleição, quando partiu para o ataque e foi derrotado por Rodrigo Neves. O candidato tem apoio do DEM, do PSDB e do PROS, o que deve lhe garantir o terceiro maior tempo de TV. Quer usar o espaço para consolidar a imagem de político experiente e chegar ao segundo turno.
— Diferentemente da maioria dos candidatos, sou bastante conhecido na cidade e quero mostrar que tenho maior capacidade técnica e política para administrar Niterói. No segundo turno, é uma outra eleição; o tempo é o mesmo, e com certeza estaremos lá — acredita.
Flávio Serafini (PSOL) vai para a terceira disputa à prefeitura e tentará usar os cerca de 30 segundos que terá na TV para convidar o eleitor a acessar suas redes sociais, ambiente onde se destaca, com maior número de seguidores que os concorrentes.
— A cidade é uma das mais desiguais, e queremos mudar isso. Temos políticas urbanas que estão muito mais no asfalto do que na favela. Em Niterói, acredito que a propaganda na TV conta muito pouco. Vamos usar o espaço para chamar as pessoas para nossas redes e apostar nos debates para chegar ao eleitorado fora delas —adianta Serafini, que conta com apoio da UP.
Juliana Benício concorrerá pela primeira vez em chapa puro-sangue do NOVO e quer usar os cerca de dez segundos que terá para impulsionar seu perfil nas redes.
— Estamos construindo um partido nos moldes da contemporaneidade, ainda formando bancada, e a cláusula de barreira impede que tenhamos maior espaço — lamenta. — Vamos usá-lo para contrapor com as mídias digitais, onde chegaremos a mais gente com nossas propostas.
QUEM FICA DE FORA
A reforma eleitoral sancionada em 2017 deixou de fora do fundo partidário e da propaganda gratuita no rádio e na TV os partidos que não tiveram, nas últimas eleições para a Câmara Federal, o mínimo de 1,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados, com um mínimo de 1% do eleitorado em cada um deles. Em razão disso, as candidaturas de Danielle Bornia (PSTU), Renata Esteves (PMB) e Tuninho Fares (DC) ficarão sem tempo na propaganda eleitoral.
Danielle Bornia vai usar a campanha para criticar a medida que a deixou de fora da TV e do fundo eleitoral partidos como o dela.
— Vamos denunciar como é antidemocrático esse processo eleitoral, que não impacta na melhora da vida dos trabalhadores — afirma.
Renata Esteves aposta na repercussão de sua chapa com Soraia Cantarino, a primeira exclusivamente feminina a concorrer em Niterói.
— Nosso foco será na inclusão feminina, de pessoas com deficiência e nos idosos. São temas importantes para Niterói e que tem nos dados muita receptividade junto à população — acredita.
Tuninho Fares admite as dificuldades em disputar com as coligações maiores, mas aposta no corpo a corpo:
— Nossa campanha é pé no chão. Sabemos que é difícil, que vamos enfrentar candidatos com grande poder econômico, mas através das redes sociais e da presença nas ruas vamos fazer nossas propostas chegarem (à população).
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