Depois de um primeiro ano de mandato marcado pelo enxugamento de contas, o governador de Minas Gerais deve passar pela prova de fogo neste ano, segundo especialistas. Ele vai tentar aprovar neste ano o projeto de lei de recuperação fiscal e isso pode implicar na venda de duas estatais: a Copasa e a Cemig.
Por Laura Marques | CBN
O primeiro ano de gestão Romeu Zema em Minas Gerais foi um treino, segundo especialistas. E é a partir de agora que o primeiro governador do partido Novo vai enfrentar os embates que vão mostrar se a legenda e seus ideais se solidificam.
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| Romeu Zema, Governador de Minas Gerais. Foto: Omar Freire/Imprensa MG |
Em 2019, o governador iniciou o processo de enxugamento das contas de Minas Gerais, que é o maior desafio da gestão. Entre as medidas tomadas estão uma reforma administrativa que deve gerar economia de R$ 1 bilhão em quatro anos; um acordo judicial para pagar uma dívida de mais de R$ 7 bilhões com as prefeituras, sendo que ainda faltam R$ 6 bilhões; além da aprovação da venda de parte dos recursos do nióbio mineiro. Recurso que será usado para interromper o parcelamento de salários dos servidores públicos durante até seis meses. O problema já ocorre há cerca de quatro anos.
O professor de contabilidade governamental do IBMEC, Thiago Borges, aponta que 2019 foi um ano de ensaio para o empresário e governador de Minas Gerais:
“Vários gestores do governo Zema nunca tinham atuado diretamente no setor público. Tem que ter um aprendizado de como a máquina funciona. Para entender que as coisas no estado acontecem num ritmo muito lento. E esse ritmo também é ditado pelo judiciário e o legislativo. O recurso que o estado tem hoje basicamente é para pagamento de folha. Então, o governo teve que se adaptar a essa realidade. E aí tomar algumas atitudes”, explica.
Segundo o presidente do Novo, João Amoêdo, Zema faz uma gestão alinhada com os ideais da legenda e que deve impactar positivamente nas candidaturas de 2020. Ele faz reuniões mensais com o governador em Belo Horizonte e entende que a gestão do partido em Minas Gerais ainda não teve espaço para fazer grandes mudanças devido à situação financeira do governo. Diante disso, Amoêdo destaca qual será a prioridade no estado.
“O estado sair da gestão de algumas empresas. Caminhar para a privatização. Essas empresas hoje estão sem capacidade de investimento. Com poucos recursos. E aí vai sobrar mais tempo e recurso para a gente aplicar nas áreas essenciais: educação básica, saúde e segurança”, comentou Amoêdo.
Em 2020, uma das pautas mais polêmicas do governo Zema que deve ser analisada pela Assembleia Legislativa é a privatização de estatais mineiras, como Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). O governador mineiro defende essas medidas para que o estado faça a adesão ao regime de recuperação fiscal do Governo Federal. O que daria mais tempo para o estado pagar a dívida com a União. E, segundo Zema, tiraria Minas Gerais da crise financeira.
A aprovação dessa pauta na Assembleia Legislativa será a prova de fogo para o chefe do executivo, segundo o pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais, Thiago Silame. Ele avalia que isso pode ser mais difícil em 2020:
“Medidas impopulares em anos eleitorais podem ter custos elevados para os parlamentares que almejam, por exemplo, se candidatar para prefeituras. Os parlamentares vão fazer esse cálculo, considerando o impacto da opinião pública sobre esse tema.”
Para 2020, a previsão é de um déficit de mais de R$ 13 bilhões no orçamento do governo. Na previdência, o déficit chega a R$ 16 bilhões. Em fevereiro, o governo de Minas Gerais deve enviar o projeto de lei de reforma da instituição para a Assembleia - o que também deve provocar polêmica na Casa.
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