Formatura reuniu diretores, professores, alunos e familiares de detentos
Agência Minas
Trocando algemas por cadernos. É assim que a Escola Estadual Professor Paulo Freire, que funciona dentro do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, possibilita a ressocialização dos detentos. Neste final de ano, nove presos concluíram o ensino médio, com direito a formatura e entrega de diploma. Para eles, 2020 terá um novo significado: mais oportunidades dentro e fora do sistema prisional.
Trocando algemas por cadernos. É assim que a Escola Estadual Professor Paulo Freire, que funciona dentro do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, possibilita a ressocialização dos detentos. Neste final de ano, nove presos concluíram o ensino médio, com direito a formatura e entrega de diploma. Para eles, 2020 terá um novo significado: mais oportunidades dentro e fora do sistema prisional.
Minas Gerais há, atualmente, cerca de 7,5 mil presos estudando | Dirceu Aurélio / Divulgação / Sejusp |
Emocionado, Rogerio Adriano, de 44 anos, considera a conclusão desta etapa de ensino uma oportunidade para abrir portas fora da penitenciária. Ele está recluso há quinze anos. “Já estudei lá fora, até ia à escola, já estudei até em colégios particulares, mas verdadeiramente eu fui me interessar pelo estudo dentro da unidade. Fiz aqui o ensino fundamental e, agora, o médio”, conta. O aluno acrescenta, ainda, que a educação é essencial. “Ela me dará o norte e abrirá as portas lá fora. Saindo daqui formado e instruído será mais difícil cometer os mesmos erros”.
Colação de Grau
Para celebrar a formatura, a cerimônia de colação de grau reuniu professores, diretores, alunos de outras turmas e familiares. Durante o evento, os formandos homenagearam toda equipe de policiais penais da unidade e os professores que contribuíram para os estudos de cada um deles. As famílias puderam visitar a exposição de cordéis elaborada pelos alunos, montada no auditório da unidade. O local também foi enfeitado por trabalhos e artes produzidas durante todo o ano.
O professor de geografia Emerson Ferreira conta que sua motivação em ensinar é acreditar no potencial de cada um de seus alunos. “Acredito que a educação pode transformar as pessoas e a vida delas. Os alunos são muitos dedicados e inteligentes. Tenho satisfação em desenvolver uma aula e criar um projeto, eles me fazem acreditar na ressocialização”, ressaltou.
O diretor de atendimento e ressocialização do complexo, Ury Ribeiro, falou durante a formatura sobre a importância de mostrar um novo caminho por meio dos estudos, para que, assim, os presos possam mudar a história de suas vidas. “A gente oferece a capacitação para que eles possam concretizar seus sonhos e construir um novo futuro”.
Ensino e profissionalização
Em Minas Gerais há, atualmente, cerca de 7,5 mil presos estudando. Eles estão matriculados em 85 escolas instaladas, por meio de parceria da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), dentro de unidades prisionais. A cada 12 horas de estudo, os detentos conquistam um dia a menos na sentença.
Além de alfabetização, ensinos fundamental e médio, há, no estado, aproximadamente 218 presos matriculados em cursos superiores, realizados, na maioria das vezes, na modalidade de ensino a distância.
Remição da pena
Todos os internos que estudam, fazem cursos de qualificação profissional ou trabalham têm direito ao benefício da remição da pena. O benefício da remição autoriza a redução de um dia da pena a cada 12 horas de estudo ou a cada três dias trabalhados. Todos os projetos educacionais e de trabalho que incluem remição de pena são autorizados pelo Judiciário.
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