Entre janeiro e setembro de 2019, Minas registrou mais de 108 mil casos de agressão doméstica e familiar contra público feminino
Agência Minas
Nesta semana, o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, celebrado na segunda-feira (25/11), completa 20 anos de existência, em um ano marcado por aumento nos números de feminicídio, agressões e outros tipos de violência contra pessoas do sexo feminino. A data foi criada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1999, com objetivo de denunciar a violência contra as mulheres em todo o mundo, além de incitar reflexões, exigir políticas e sugerir soluções para a questão.
Divulgação / Fhemig |
Para discutir propostas de enfrentamento foram organizados seminários no Hospital Júlia Kubitschek (HJK) e na Maternidade Odete Valadares (MOV), unidades da Fhemig em Belo Horizonte, referências em saúde da mulher e atendimento humanizado. Durante os eventos, especialistas e profissionais debateram temas como a rede de apoio à mulher em situação de violência, aborto legal, Lei Maria da Penha, além de ações de prevenção e de promoção da paz.
Dados
Somente de janeiro a setembro de 2019, foram registrados mais de 108 mil casos de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais. Em BH, a taxa de feminicídio subiu 200% no primeiro semestre do ano, em comparação a 2018, de acordo com registros da Polícia Civil do Estado.
Além dos homicídios, as mulheres estão sujeitas a outros tipos de violência no cotidiano: assédio, estupro, agressão física, além de atos de violência psicológica, moral e econômica. Mulheres agredidas podem ainda apresentar dificuldade de se relacionar e desenvolver baixa autoestima, estresse, depressão e até enfermidades crônicas.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que, em média, a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. Já o Fórum Econômico Mundial analisou a desigualdade de salários em 142 países e o Brasil ficou na posição 124. A a expectativa é que a igualdade salarial no país ocorra apenas em 2095.
Atendimento
Tanto o Hospital Júlia Kubitschek quanto a Maternidade Odete Valadares compõem uma rede de apoio em Belo Horizonte para atender pessoas em situação de violência sexual. Também integram o sistema o Hospital das Clínicas e o Odilon Behrens.
No HJK há o Núcleo de Atendimento Integral às Mulheres Vítimas de Agressão Sexual (Naividas). A MOV conta com o Ambulatório de Violência Sexual, que existe há mais de duas décadas. As unidades acolhem a vítima, a qualquer hora do dia, no serviço de urgência e oferecem a profilaxia pós-exposição para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e gravidez, além de colher exames laboratoriais e vestígios de material genético para encaminhamento ao Instituto de Medicina Legal (IML), caso a pessoa deseje produzir laudo para futura denúncia criminal.
Posteriormente, a paciente é encaminhada para o atendimento ambulatorial, onde é acompanhada durante pelo menos seis meses por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social. A médica ginecologista da Odete Valadares, Mariana Meinberg, ressalta que a atuação é essencial para retirar a vítima de um possível ciclo de vulnerabilidade. “Essa mulher corre risco de entrar em relacionamentos abusivos, de se machucar, ingerir drogas, ter depressão e até mesmo de sofrer uma nova violência - seja ela física ou sexual. Nosso trabalho é, principalmente, tentar prevenir isso, fortalecendo a paciente”, afirma.
Polo Branca (Masculina) |
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