Uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) será realizada em breve, antes da votação do projeto que muda a regra da progressão funcional dos servidores do Judiciário para ocorrer a cada dois anos. Atualmente, o servidor só é promovido com a vacância do cargo (por aposentadoria ou morte).
Camila Pontes | Extra
Os deputados criticaram a urgência da votação sem um debate mais aprofundado. Segundo a justificativa do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), serão usados cerca de R$ 100 milhões com a extinção de 309 cargos do órgão para aplicar a medida. Mas os deputados querem mais garantias de que a Alerj não terá problemas com o Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
Os deputados criticaram a urgência da votação sem um debate mais aprofundado. Segundo a justificativa do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), serão usados cerca de R$ 100 milhões com a extinção de 309 cargos do órgão para aplicar a medida. Mas os deputados querem mais garantias de que a Alerj não terá problemas com o Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
O plenário da Alerj debateu por mais de uma hora a proposta Foto: THIAGO LONTRA / Alerj / Thiago Lontra |
Para acalmar os ânimos, o presidente da Casa, deputado André Ceciliano (PT), decidiu fazer a audiência. O texto recebeu 13 emendas dos deputados.
— Vamos aprovar. Devemos fazer nos próximos dez dias uma audiência pública. Depois de discutir as emendas o projeto vai voltar para a pauta — afirmou.
O projeto enviado pelo Poder Judiciário muda para a progressão do servidor serventuário — deixando os magistrados de fora —, com critérios como a exigência de capacitação continuada pela Escola de Administração Judiciária (Esaj). Segundo o texto, atualmente há 645 cargos de analista judiciário e 128 de técnico de atividade judiciária vagos.
Essas duas carreiras são compostas por 12 valores de vencimentos. Então, o último padrão será alcançado pelo servidor ao final de 22 anos de carreira. Na justificativa, o presidente do TJ-RJ, Claudio de Mello Tavares, diz que a mudança não fere as regras do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
Discordância
Para o deputado Alexandre Freitas (NOVO), não há uma depreciação salarial dos servidores do Judiciário, se comparado aos outros Poderes do estado, e o órgão não vem fazendo sua parte em relação à contenção de despesas públicas.
— Se colocar na conta do lápis a contabilidade conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Judiciário não cumpre os limites dos gastos com ativos nem com os inativos, porque não faz os cálculos contábeis da forma correta. O Judiciário não tem feito a parte que lhe compete na contenção de despesas — afirmou.
Concordando com o colega, o deputado Renan Ferreirinha (PSB) acredita que o projeto fere o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e aumenta os custos.
— O orçamento do Poder Judiciário é da ordem de R$ 5 bilhões, ou seja, está faltando uma certa economicidade com os recursos ali. Se sobra em torno de R$ 1 bilhão, R$ 500 milhões para o fundo, é melhor esse recurso ser gerido de uma forma que não se tenha excedente. Os Poderes precisam ficar com o necessário, por isso fiz uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para essa sobra voltar ao Tesouro — comentou o parlamentar.
Lembrando seu histórico de apoio ao funcionalismo, o deputado Luiz Paulo (PSDB) avalia que os cargos vagos do Tribunal de Justiça do Rio não devem ser considerados para compensar a despesa gerada com a proposta. Para o parlamentar, o Conselho de Supervisão do RRF deveria ser ouvido para, então, o texto ser votado.
— A despesa não é suprida por extinção de cargos não ocupados, porque esses cargos não estão gerando despesa. Então só aumenta o custo. Em uma questão polêmica como essa, eu achava que o conselho do regime devia ter sido ouvido inicialmente e formalmente para depois o processo progredir. Além do mais, nós estamos em negociações duras e difíceis para a renovação do RRF, se não renovar, aí não tem dinheiro para pagar ninguém. Então, neste momento, tem que tratar com seriedade. Eu sempre voto a favor do funcionalismo, mas o momento é de muita tensão.
Recomposição de perda salarial
Na avaliação do deputado Flávio Serafini (PSOL), é importante discutir as possibilidades orçamentárias para repor as perdas salariais dos servidores do estado.
— Nos pareceu uma medida equilibrada para garantir algum tipo de recomposição de perdas salariais para os servidores que estão sendo muito desvalorizados. A mensagem do Judiciário vai compensar as progressões com a extinção de 309 cargos. Hoje, o órgão tem cerca de mil cargos vagos e vai estar extinguir 30% disso. Há um entendimento tanto da presidência quanto do sindicato de que, com o processo de informatização, é possível essa diminuição de cargos sem perder a qualidade do serviço prestado — explicou.
Segundo o diretor do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Rio (Sindjustiça-RJ), Zé Carlos Arruda, o projeto não muda a despesa para custear as progressões, que já ocorrem de acordo com a legislação vigente. O diretor não concorda que a medida pode ferir o Regime de Recuperação Fiscal.
— Não vai gerar mais despesa porque o plano de carreira já existe, inclusive a progressão por tempo, que já acontece em todo o funcionalismo estadual. Desde 1993, a lei já previa isso, e a regra foi regulamentada em 2005 — contou.
Polo Laranja (Masculina) |
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