Ontem, enquanto estávamos a caminho do local onde fazemos a Happy Hour Com Freitas (nossa live quinzenal), nos surpreendemos com o trânsito no sentido Tijuca.
Alexandre Freitas | Diário do Rio
Até o momento ninguém sabia o porquê de tanto engarrafamento e barulheira. Numa cidade grande como o Rio de Janeiro, o som de uma sirene é apenas mais um dos ruídos de fundo da poluição sonora de uma metrópole.
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O dia de ontem foi maçante. Vi de perto manobras de esvaziamento de quórum para não votar a nossa Emenda da Transparência, fora discussões em plenário e outras reuniões ao longo do dia. Não sei vocês, mas depois de um dia pesado de trabalho, tudo o que eu menos quero ouvir é a Voz do Brasil. Coloquei o celular um pouco de lado, liguei o Spotify e fui tentando dar uma relaxada até a live começar.
Até receber uma ligação, me informando do incêndio no hospital Badim, eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Todo esse “mundo conectado” não foi o bastante para bradar aos quatro ventos que havia uma tragédia acontecendo no bairro onde fui criado e moro até hoje.
A vida na metrópole é tão corrida que passamos a banalizar sirenes de caminhões de bombeiros e ambulâncias. Vivemos em uma distopia onde o irrelevante é duradouro e o que é expressivo é efêmero. Nos tornamos mais frios e indiferentes ao que acontece do nosso lado, enquanto nos preocupamos com o que acontece no outro canto do país.
Afinal de contas, que cidadão fluminense nunca ignorou o esgoto a céu aberto na comunidade a menos de 1 km da sua casa, mas pinta o próprio corpo com girafas em solidariedade às queimadas na Amazônia?
Ontem, durante a live, fomos nos atualizando sobre o incêndio no Badim, quando soubemos da primeira morte. Encerrando a transmissão, dei uma última olhada na minha filha e fui dormir na expectativa de que os danos causados pelo fogo e fumaça não fossem maiores. Hoje, quando acordei, tive a infeliz notícia de que o número de mortes havia subido para 11 e que inúmeras vítimas foram intoxicadas com a fumaça.
O receio de sair de casa para trabalhar e não conseguir voltar, não se restringe apenas à Segurança Pública. Graças à administração irresponsável da UFRJ, vimos nossa história ser incinerada no incêndio do Museu Nacional. Graças à negligência do Flamengo, perdemos 10 meninos no Ninho do Urubu, sonhos que nunca se realizarão, famílias que nunca ficarão conformadas… E o hospital Badim? Enquanto não temos confirmação dos verdadeiros responsáveis pelo incêndio, podemos apenas lamentar essa tragédia e entender mais sobre as algumas ações dessa organização.
Há algum tempo, o hospital, que pertence à Rede D’Or, vem se expandindo. Visitantes chegaram a dizer que havia, no estacionamento, material de construção, lixo, e fios desencapados ao lado de um gerador, mantido no subsolo.
Autoridades apontam para a hipótese do fogo ter iniciado no gerador do subsolo e que, diferente do que aponta a diretoria do hospital, não havia brigada de incêndio e nem um protocolo de emergência nesse caso.
Nossa história virou cinzas e fuligens, jovens tiveram seus sonhos interrompidos e, agora, 11 pacientes morrem e mais de 70 pessoas são internadas. Quem responderá por isso?
Até quando vamos continuar minimizando a negligência? Quantas pessoas vão morrer até percebermos que negligência mata?
Polo Cinza (Masculina) |
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