Diretório Nacional vai analisar representação; processo poderá resultar na expulsão
Marco Grillo | O Globo
BRASÍLIA – Filiados do Partido Novo no Rio de Janeiro apresentaram um pedido para que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , seja suspenso da legenda. A representação, que será avaliada pelo Diretório Nacional, é assinada pelo ex-candidato ao governo do Rio Marcelo Trindade, o deputado estadual Chicão Bulhões e Ricardo Rangel, que concorreu a deputado federal.
Filiados do Partido Novo pedem suspensão de Ricardo Salles, afirmando que ministro atua com 'absoluta irresponsabilidade' Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS / 24-08-2019 |
O texto encaminhado ao comando da sigla afirma que Salles vem “desdenhando de dados científicos”, “revogando políticas públicas sem qualquer debate prévio” e “atuando com absoluta irresponsabilidade”. Há ainda uma solicitação para que seja aberto um processo na comissão de ética do partido, que poderá resultar na expulsão. O Novo é presidido por João Amoêdo , que foi candidato à Presidência no ano passado.
A informação sobre o pedido contra o ministro foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO. Salles concorreu a deputado federal pelo Novo, mas não se elegeu. No fim do ano passado, foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o Ministério do Meio Ambiente. Segundo o documento, a conduta dele tem causado “dano grave” à imagem do partido e é contrária ao que a legenda defende na área ambiental.
Em maio deste ano, o Novo aprovou uma resolução que determina a suspensão dos filiados que exercerem cargos de primeiro escalão sem a indicação do partido. É o caso de Salles, mas a resolução tem efeitos apenas posteriores à data em que foi publicada. A representação pede que ele seja suspenso do partido liminarmente, antes mesmo de o pedido ser julgado internamente.
“Anote-se que o ministro Ricardo Salles tem atuado com grande convicção na adoção de condutas divergentes com os programas do Partido Novo no tema ambiental, demitindo profissionais qualificados, desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem qualquer debate prévio, aprofundado e responsável, reduzindo a capacidade de interlocução do país com seus pares internacionais e atuando com absoluta irresponsabilidade. Isto, por si só, já constituiu violação dos princípios e valores do Partido Novo, que prega a atuação profissionalizada, e não politicamente motivada, dos agentes públicos”, diz a representação.
O texto também cita a condenação de Salles por improbidade administrativa, em função do período em que foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo. O ministro recorreu da decisão. Procurado, via assessoria, para comentar a representação de filiados do partido Novo, ele não respondeu.
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