Nas discussões da Nova Previdência, inúmeras corporações vieram até a Câmara defender o enquadramento de suas carreiras nas aposentadorias especiais. Das 277 emendas protocoladas à PEC, cerca de 70% buscam criar regras diferenciadas ou ampliar benefícios a alguma categoria ou atividade profissional.
Tiago Mitraud | Hoje em Dia
O grande problema destas demandas é que os benefícios são focados em grupos específicos, que fazem forte lobby pela manutenção e ampliação dos seus privilégios. Enquanto isso, o restante da sociedade, difusa e não organizada, acaba pagando a conta de poucos.
O grande problema destas demandas é que os benefícios são focados em grupos específicos, que fazem forte lobby pela manutenção e ampliação dos seus privilégios. Enquanto isso, o restante da sociedade, difusa e não organizada, acaba pagando a conta de poucos.
Deputado Federal Tiago Mitraud (NOVO-MG) | Reprodução |
Enquanto guardas municipais, agentes de trânsito, oficiais de justiça e peritos pedem para se aposentarem com a mesma idade reduzida dos policiais e bombeiros estaduais, estes pedem idade e valores iguais às Forças Armadas. Os professores, que pelo texto atual já poderão se aposentar com cinco anos a menos que os demais trabalhadores, acham a vantagem pequena. Por outro lado, zeladores e demais profissionais da educação pedem para serem reconhecidos com os mesmos direitos que os professores.
Não tenho dúvidas de que todos estes profissionais são importantes e exercem papel fundamental para a sociedade. Porém, acredito que as condições de determinada carreira, e seus ônus e bônus, fazem parte do processo de escolha da profissão. Mesmo o Brasil não sendo ainda um país que permita à sua população realmente ser o que quiser, para todas as classes sociais e níveis de escolaridade há alternativas de carreira. Não é papel do restante da sociedade, portanto, arcar com os custos de escolhas individuais. O caminho que defendo é que não haja benefícios especiais para ninguém.
E por incrível que pareça, os próprios profissionais que vinham me pedir benefícios especiais concordavam com isso. Mas somente para as demais categorias, nunca para a deles. O que eu sempre ouvia era: “Concordo com seu ponto para as outras carreiras, mas é que a minha realmente precisa. O deputado não conhece as nossas particularidades.”
E assim viramos o país dos especiais. Onde a regra não vale para todos. Onde as leis algumas vezes são até adequadas, mas possuem tantas exceções que não só tornam nossa legislação extremamente complexa, como também injusta.
No dia em que a sociedade chegar à conclusão que todos brasileiros são iguais perante a lei e, por isso, todos deveriam ser considerados igualmente especiais, aí sim teremos um país mais justo, com regras mais simples, e onde o peso do Estado será mais leve para todos, inclusive para a “minha categoria”.
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Um comentário:
Perfeita sua colocação.
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