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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Filiados do Novo se irritam com força do PSDB no governo do Estado

Membros da sigla estão insatisfeitos com Romeu Zema por escolha de nomes da “velha política”


Fransciny Alves | O Tempo

A influência do PSDB no primeiro escalão do governo de Minas Gerais tem desagradado à militância do Partido Novo. A avaliação é a de que o governador Romeu Zema (Novo) traiu quem confiou nele ao não cumprir o que pregou durante a campanha eleitoral, de que não teria nos quadros do Estado nomes da “velha política” e de um partido que criticou ferrenhamente. No segundo turno das eleições pelo comando do Executivo, inclusive, Zema enfrentou o senador Antonio Anastasia (PSDB).

Romeu Zema
Governador de Minas Gerais Romeu Zema (NOVO) | Reprodução

Segundo apuração da reportagem, uma das insatisfações é com a nomeação de Custódio Matos para secretário de Governo, já que é um dos quadros mais antigos do PSDB. Além disso, outros nomes conhecidos da gestão tucana estão atuando de forma direta na administração, como Renata Vilhena, que cuida do projeto de reforma administrativa.

“A militância se sentiu traída. Tudo que foi falado durante a eleição, de que não se aliaria à velha política, seria extremamente técnico, foi por água abaixo. A impressão que se tem é que o PSDB perdeu a eleição, mas é quem vai mandar em diversas áreas do governo”, reclamou um candidato derrotado do Novo.

Outro ponto que tem incomodado a militância é o fato de que o deputado estadual Luiz Humberto Carneiro (PSDB) pode virar líder de governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A negociação feita pelo Novo era para que Guilherme da Cunha ocupasse o posto, mas nos bastidores é dito que Custódio agiu diretamente para que essa mudança ocorresse, com o aval do vice-governador, Paulo Brant (Novo).

A movimentação do secretário de Governo teria irritado quadros dos partidos e é especulado que um dos deputados eleitos, Bartô, deixaria a base na Assembleia para agir de forma independente. Em conversa com a reportagem, ele confirmou que está insatisfeito com a participação do PSDB na alta cúpula da gestão do Novo à frente do Estado, mas disse que ainda analisa qual vai ser seu posicionamento na Assembleia.

“Estou bem insatisfeito mesmo. Não é só questão de ter nomeado alguém que já foi de outro governo ou filiado a outro partido, mas sim de pessoas que estavam na cúpula do PSDB, que já têm o seu grupo político dentro do PSDB e estão inseridos dentro do Novo”, afirmou.

Ele ainda aproveitou para destacar que neste momento considera importante que as pessoas se mantenham coerentes com os valores. “O filiado do Novo pode ter certeza que sempre vou ser coerente com os nossos valores e com tudo aquilo que a gente propagou durante a campanha”, disparou Bartô.

Contraponto

A deputada estadual eleita Laura Serrano declarou que, pessoalmente, confia na gestão do governo e no secretariado técnico que foi formado para resgatar Minas da crise. “Acho que pode ser que exista uma insatisfação de algumas pessoas, da população, talvez até por não terem conhecimento da capacidade técnica de determinada pessoa que venha a ocupar o cargo, mas eu confio muito na gestão do nosso governador”, avaliou.

O discurso favorável a Zema foi endossado por outro integrante da bancada do partido, Guilherme da Cunha. Ele afirmou que o PSDB abraçou a proposta de renovação para o Estado e que acredita que a sigla trabalhará junto com o governo: “Sendo ele parceiro, não me traz incômodo nenhum de que tenha espaço no governo e voz ativa. Isso só demonstra que o nosso projeto está ficando cada vez mais plural e com mais chances de virar realidade”.

Para Brant, filiação é detalhe

O vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant (Novo), negou que tenha participado da escolha de nomes do PSDB para compor os quadros do Executivo mineiro. De acordo com ele, quem define o secretariado é o governador Romeu Zema (Novo).

Em conversa com a reportagem, o empresário afirmou ainda que a filiação partidária não é um atributo que define o caráter ou a competência de uma pessoa.

“Essa visão de filiação partidária era o que o PT fazia de certa forma: se é petista é bom, senão, é ruim. Eu não concordo com essa avaliação. O nosso critério de preenchimento de todos os cargos de primeiro e de segundo escalão leva em conta que a pessoa tem que ser idônea e competente. Para mim, na composição dos quadros de governo, a filiação é um detalhe”, disse.

Brant ainda ressaltou que a crise que o Executivo enfrenta é grave e que várias mudanças precisarão ser feitas. Por isso, segundo ele, será necessário o apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e da sociedade. “Ser do PSDB, do DEM, isso não define uma pessoa. Se ele é honesto e competente, então serve para o governo. Eu acho que isso de filiação é uma visão reducionista da realidade”, declarou o vice.

Questionado sobre a situação, o governo de Minas afirmou que “não vai se pronunciar sobre rumores nem boatos da internet”.

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