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Produtores rurais de Minas Gerais mantêm vendas on-line mesmo com retorno de feira presencial

Comércio pela internet é oportunidade de ampliar os mercados e alcançar consumidores de outros estados

Agência Minas

O uso da internet para a venda de produtos agropecuários veio para ficar no município de Rio Preto, na Zona da Mata. Esta é uma decisão tomada pelos pequenos agricultores, depois que começaram a usar as ferramentas digitais por causa das restrições impostas pela pandemia. Mesmo com o retorno das atividades presenciais, eles viram nas vendas on-line uma boa oportunidade para conquistar novos mercados e ampliar a comercialização.

Divulgação / Emater-MG

Acostumados a ter contato direito com os consumidores, os agricultores se viram obrigados, em 2020, a manter o isolamento social necessário para conter a covid-19. Com a nova realidade, surgiu um grande problema: a feira livre da cidade foi suspensa e eles não tinham mais como escoar a produção.

A saída foi encontrada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), com apoio da prefeitura e de voluntários das áreas de gestão, tecnologia e marketing. Foi criado um espaço livre on-line, que ganhou o nome de Feira ON. Vinte e seis agricultores familiares e feirantes passaram a adotar este sistema para a venda de queijos, biscoitos, bolos, pães, doces, ovos, hortaliças, artesanato e frutas.

Os produtos são anunciados pelas redes sociais como Instagram e Facebook. Semanalmente, são postadas fotos e informações dos itens que estarão à venda, para serem entregues pelos produtores em dias agendados. Os pedidos também podem ser feitos pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.

“Houve maior visibilidade para os produtores. Eles também melhoraram a organização e começaram os serviços de entrega”, afirma a técnica da Emater-MG em Rio Preto, Viviane Clementino.

Treinamento

Os produtores obtiveram treinamentos individualizados para que pudessem utilizar as redes sociais e outras ferramentas da Feira ON. “Podemos citar como exemplo a questão da fotografia para divulgação de seus produtos. Eles foram orientados sobre qual o melhor ângulo, luz, apresentação, como postar vídeos, compartilhar”, lembra a técnica.

O resultado surpreendeu. Muitos conseguiram superar as vendas da feira presencial, inclusive com encomendas dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Jorge Luiz de Freitas conta que, no início da pandemia, os queijos que produz ficaram estocados por até 80 dias, pois ele não se encontrava mais com os clientes. “Depois que criaram a feira on-line, melhorou muito. Antes eu só vendia os queijos aqui em Rio Preto. Hoje já vendemos até para o Rio de Janeiro”, afirma.

Com autorização da prefeitura de Rio Preto, a feira livre voltou a ser realizada na cidade, aos sábados. Mesmo assim, os produtores mantiveram as vendas pela internet. “Nem todos os produtores voltaram para as barracas na feira livre, por serem do grupo de risco, mas a feira on-line continua normalmente. Ela veio para ficar e se somar à tradicional”, explica Viviane Clementino.

Turismo rural

De acordo com a Emater-MG, hoje se vende muito mais para consumidores de fora de Rio Preto. Muitos turistas que visitam o município fazem a encomenda pela internet, com antecedência, e os produtores depois fazem a entrega nas pousadas.

“A feira on-line veio nos incentivar a persistir com as vendas. Nós conquistamos novos clientes”, afirma a produtora Ozana Maria de Paula. Ela e o marido, José Hugo, vendem leite. Uma parte é separada para a produção de queijos e biscoitos, oferecidos na Feira ON.

Segundo a técnica da Emater-MG, o município já atraia turistas que procuravam as cachoeiras da região, mas a Feira ON deu uma visibilidade muito grande também para os produtos da região. “Temos uma parceria muito boa com a Secretaria Municipal de Turismo, que está fazendo um trabalho para que a feira se torne um patrimônio de Rio Preto. Por causa da divulgação on-line, ela se tornou uma vitrine para o município”, conta Viviane.

Alguns agricultores estão aproveitando o momento para inovar e expandir as atividades. É o caso do produtor Luiz Fernando da Costa, presidente da feira. Além de vender seus produtos pela internet, ele também abriu as portas do sítio Jacarandá para receber turistas.

Os visitantes conhecem a criação de búfalos que existe no local e podem escolher o cardápio de um café que é servido com produtos feitos na propriedade, como bolos, queijos, pães e biscoitos. Além de consumir no local, num espaço ao ar livre, os turistas podem fazer encomendas para levar para casa. A divulgação das visitas é feita pelo Instagram e o agendamento também é pela internet.

“A gente já tinha um projeto antigo de turismo rural. Mas, neste momento, tivemos a ideia do café. Isso está dando certo, ajudou na renda, e a procura tem crescido”, afirma o produtor.

Associação e prêmio

Outra conquista recente dos produtores foi a formação da associação dos feirantes de Rio Preto. O registro cria identidade e permite a participação em políticas públicas, na obtenção de crédito rural e de doações pelo grupo.

O trabalho de criação da Feira ON rendeu à Emater-MG de Rio Preto o segundo lugar no Prêmio Melhor Inovação de 2020. O concurso é uma iniciativa da empresa e elege os trabalhos desenvolvidos por seus funcionários que tenham obtido resultados relevantes para a Emater-MG e para seus clientes.

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