Por Paulo Ganime | Diário do Rio
A aprovação na semana passada da Medida Provisória da Privatização da Eletrobrás mostra problemas na política que infelizmente perduram. É como um futebol mal jogado, cheio de lances feios, retranca e também muitas faltas e jogadas duvidosas, passíveis de cartão vermelho. Assim como o futebol mal jogado, a arte do possível está muito longe de ser arte.
Os que eram contra a privatização argumentavam que, com a aprovação, haveria aumento na conta de luz, pela necessidade de “atender interesses do capital privado”. A realidade é que a Eletrobras reduz a cada dia sua participação no setor elétrico e possui sérios problemas de investimentos. A privatização, ou melhor dizendo, a capitalização, viria exatamente para aumentar a capacidade de investimento da empresa, suprindo a necessidade atual e mantendo o Governo como controlador. Em alguns casos, a questão ideológica atrapalha e às vezes desinforma. Ser contra a privatização, sem apresentar embasamento e sem apontar os reais motivos para um aumento na conta de luz, confunde e impede um debate mais profundo sobre o tema.
Os que eram favoráveis à privatização se dividiram em dois grupos, os que eram favoráveis ao texto original enviado pelo Ministério da Economia e os que votaram favoráveis ao texto piorado pelo relator. Quem votou pela aprovação do texto do relator defendeu a tal arte do possível, tolerando os pontos ruins do texto em troca da tão sonhada e necessária privatização. O problema foi que além de aprovarem um texto ruim, também deram razão ao discurso distorcido de quem foi contrário, pois, de fato, a conta vai aumentar se o texto do relator não for alterado no Senado. Segundo a ABRACE, trata-se de R$ 20 bilhões por ano a mais na conta do consumidor. Sou muito a favor das privatizações, mas dessa forma? Sabe-se lá o que vão colocar no texto quando tratarmos da próxima e o que vão piorar por conta de interesses estranhos.
Interesses estranhos e escusos permanecem. Arte do possível para quem? Eletrobrás estratégica para quem? Fora as minorias organizadas que fizeram pressão, tivemos ainda o lobby do mal, aquele que não quer melhorar o setor elétrico, mas sim colocar dinheiro no bolso de alguns em detrimento da população. Sabemos como a banda toca, mas para dar nomes aos bois só com provas. Esse fato deve ser falado, as pessoas precisam saber disso. Muitos criticaram via redes sociais a posição contra ao “cenário possível”, mas não sabiam o que de fato aconteceu.
Enfim, um desabafo. Ainda temos muitos vícios na política e precisamos tratá-los. Reforma política, voto distrital, acabar com fundão eleitoral podem ser alguns trunfos para tentar combater essas práticas. Precisamos melhorar a política e isso é um fato. O texto da MP da Eletrobras será analisado pelo Senado e lá pode ser melhorado.
Paulo Ganime foi eleito pela primeira vez a um cargo eletivo em 2018, aos 36 anos, com 52.983 votos pelo NOVO do Rio de Janeiro. Atuou como líder da bancada do NOVO na Câmara em 2020. Entre os principais temas do mandato, estão o desenvolvimento e a liberdade econômica, empreendedorismo e inovação, segurança pública, energia e bioeconomia. O deputado federal é formado em Engenharia de Produção pelo CEFET-RJ e fez Economia na UERJ, além de um MBA em Gestão de Empresas na PUC-RIO.
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