Mateus Parreiras | Estado de Minas
O código genético (DNA) da vegetação nativa da área devastada pelo rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ajuda a acelerar o reflorestamento após o desastre que matou 270 pessoas, em 2019, na Grande BH. Com isso, espécies que levariam até oito anos para crescer podem levar apenas um ano.
É a primeira vez que a técnica está sendo utilizado no Brasil, fruto de parceria entre a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Vale, que opera a mina.
A técnica é capaz de resgatar o DNA e criar cópias das plantas da região, o que contribuirá efetivamente para acelerar a recuperação da biodiversidade da região. Com o rompimento foram destruídos 132 hectares de floresta.
A técnica é capaz de resgatar o DNA e criar cópias das plantas da região, o que contribuirá efetivamente para acelerar a recuperação da biodiversidade da região. Com o rompimento foram destruídos 132 hectares de floresta.
No ano passado, a Vale plantou quatro mil mudas, em 5,3 hectares e projeta mais 70 mil neste ano, cobrindo 30 mil hectares. Nos próximos três anos, a UFV vai colaborar com a técnica fornecendo 5 mil mudas de 30 espécies.
O projeto foi denominado “Resgate de DNA e indução de florescimento precoce em espécies florestais nativas da região de Brumadinho” e foi considerado pelos especialistas da UFV como um marco para a conservação genética de plantas e reflorestamento de espécies em extinção, como é o caso de algumas em Brumadinho.
O projeto em parceria com a Vale conta ainda com a gestão da Sociedade de Investigações Florestais (SIF). Em campo, os pesquisadores visitam as áreas afetadas e realizam o procedimento de resgate do DNA.
“Em parceria com a Vale, resgatamos o DNA de espécies importantes para na estrutura das florestas da região, como jacarandá caviúna, ipê amarelo, braúna e jequitibá. Também estamos produzindo cópias das plantas para garantir que a constituição genética de cada uma não seja perdida”, afirma o professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV (DEF/UFV), Gleison dos Santos.
Ao todo foram recolhidos materiais genéticos de 10 plantas, de cinco espécies diferentes, incluindo espécies ameaçadas de extinção e protegidas por lei.
O material genético é levado para UFV e mantido sob os mais exigentes padrões de segurança e saúde das plantas. O processo de cópia se inicia no campo, com a coleta de ramos das árvores-matriz. Já no laboratório, os ramos passam por um procedimento de enxertia para se tornarem capazes de reproduzir exatamente o material genético de outras plantas a partir de pequenas porções.
Além de resgatar o DNA de árvores em risco, a técnica induz o florescimento precoce de plantas jovens produzidas a partir de árvores resgatadas. Com essa inovação, mudas que poderiam levar mais de oito anos para florescer, iniciam este processo entre seis e doze meses após o resgate em campo, viabilizando a recuperação mais rápida da vegetação e contribuindo para o acelerar o processo de restauração dos ambientes impactados.
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