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sábado, 5 de setembro de 2020

PIB de Minas Gerais registra queda de 9,8% no 2º trimestre

A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 e as medidas de isolamentos para controlar a disseminação do vírus – que causaram a paralisação de diversas atividades econômicas – derrubaram o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais no segundo trimestre de 2020.

Por Michelle Valverde | Diário do Comércio

De acordo com os dados da Fundação João Pinheiro (FJP), o PIB estadual apresentou variação negativa de 9,8% na comparação com o trimestre anterior. Já em relação ao trimestre igual trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, 11,2%. Sem ano, a retração acumulada é de 6,6%. A estimativa, com base nos dados e expectativas atuais, é que no fechamento do ano, o PIB de Minas encerra com queda de 5% em frente a 2019.

Com o impacto da pandemia de Covid-19, a fabricação de veículos no Estado apresentou retração de 65% entre abril e junho | Crédito: Leo Lara

Para o segundo trimestre de 2020, a estimativa preliminar da FJP para o PIB de Minas Gerais totalizou R$ 152,5 bilhões a preços correntes. Dentre os setores, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária foi responsável por 14,5% do total, o da indústria, por 23,5%, o dos serviços, por R$ 84,5 bilhões (62%).

No segundo trimestre, Minas Gerais apresentou resultado semelhante à economia brasileira, que conformava o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou queda de 9,7%, frente ao primeiro trimestre.

Segundo a pesquisa da FJP, uma retração de 9,8% no PIB mineiro, no segundo trimestre de 2020, foi a maior da série histórica das Contas Trimestres de Minas Gerais, iniciada em 2002, assim como a retração de 9,7% do PIB brasileiro (desde o início da série, em 1996). No segundo trimestre, frente o imediatamente anterior, como atividades econômicas mais afetadas pela pandemia foram a indústria, com queda de 7,3%, e os serviços (10,2%).

Auxílio 

De acordo com o coordenador do núcleo de contas regionais da FJP, Raimundo de Sousa Leal Filho, a queda registrada no PIB do segundo trimestre poderia ter sido ainda maior, porém, o pagamento do auxílio emergencial – feito pelo governo federal – foi considerado essencial e contribuiu para que a queda não fosse ainda mais expressiva.

"O resultado do segundo trimestre veio com uma menor queda do que se imaginava inicialmente. Em abril e maio, como perspectivas que estavam sendo alocadas eram mais graves do que se foi verificado. Essa resposta veio da ação do governo, com o pagamento do auxílio emergencial que foi, sem dúvida nenhuma, o responsável por uma queda menor que a esperada. O pagamento do benefício foi fundamental para a sustentação da demanda agregada e para o consumo das famílias. Cabe agora, se discutir como será essa transição para uma talvez um Bolsa Família ampliado, que, sem dúvida nenhuma, será necessário tanto para as questões sociais, como para a perspectiva de recuperação da economia brasileira", disse.

Ainda segundo Leal, a tendência é encerrar 2020 com um PIB menor que o registrado em 2019, porém, a queda deve ser menor que os 9,8% registrados no segundo trimestre. A atividade agropecuária e a retomada de várias atividades econômicas são pontos favoráveis para a recuperação de parte das perdas.

Indústria da transformação recuou 15,2% no Estado

Entre abril e junho, em Minas Gerais, a indústria de transformação foi o setor mais prejudicado pela crise gerada pela pandemia, o setor registrou queda de 15,2% na relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2019 a queda foi de 17,2%. No acumulado do ano, a retração é de 9,9%.

O resultado negativo visto na indústria de transformação é explicado pela queda na produção de segmentos importantes. Exemplos como o segmento de bebidas, que caiu 11,9%, a indústria têxtil, que teve a produção reduzida em 31,3%, refino, com queda de 22,1%, seguido por produtos de metal (41,8%), fabricação de veículos 65%, máquinas e equipamentos (41,4%) e metalurgia (23,2%).

Queda também foi verificada em todas as bases de comparação nas atividades de comércio. No confronto com o primeiro trimestre o recuo foi de 11,8%. Já em relação ao período mesmo do ano passado, a queda ficou em 13,1%. No acumulado do ano, uma atividade caiu 6,4%.

No comércio, os impactos negativos vieram das quedas observadas nas vendas de combustíveis e lubrificantes (9,4%), vestuários e calçados (41,1%) e veículos, com queda de 28,1%. O alento do setor ficou por conta das vendas nos hipermercados, que subiram 3,2%.

Outro impacto relevante foi verificado dentro do setor de Serviços, na divisão de outros serviços, cuja queda, na comparação com o primeiro trimestre chegou a 11% e em relação ao mesmo período de 2019 a redução foi de 13,1%. Com o resultado, no acumulado do ano até junho, a contração está em 6,4%.

Neste segmento de "outros serviços" estão atividades que dependem da circulação de pessoas, o que foi prejudicado com as medidas de isolamento. Os serviços prestados como famílias, que incluem, por exemplo, programas culturais, salões, academias e cinema, retraíram 44,8%. Em turismo – que envolve hotelaria – a queda foi de 53%.

Outra atividade industrial com resultado negativo foi a construção civil. Em Minas Gerais, o volume de VAB do segmento retraiu 5,4% na comparação do segundo trimestre de 2020 contra o primeiro trimestre do ano.

Agropecuária 

O setor agropecuário, apesar de apresentar retração de 1,6% frente ao primeiro trimestre, ainda registrou alta de 0,8% frente a intervalo igual de 2019 e de 3,9% no acumulado do ano. A tendência é que o setor encerre 2020 com alta em 2019.

O resultado positivo se dará pela colheita do café, principalmente, cujo impacto será registrado no segundo semestre do ano. A vista queda no segundo trimestre, se deve à concentração da colheita no primeiro trimestre do ano, principalmente, da soja, o que tornou o intervalo em uma base forte de comparação.

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