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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Varejo em Minas Gerais perde 16,1 mil empresas

A crise provocada pelo novo coronavírus fez com que o varejo de Minas Gerais perdesse 16,1 mil empresas com vínculos empregatícios entre abril e junho deste ano. O déficit é o maior para o período no Estado desde 2005 e representa queda de 11% do número de estabelecimentos comerciais verificados antes da pandemia. O número também supera perdas anuais de exercícios anteriores.

Por Mara Bianchetti | Diário do Comércio

Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) e colocam Minas Gerais como uma das unidades da Federação mais impactadas pelo Covid-19 sob o aspecto econômico. À frente do Estado, apenas São Paulo, cuja extinção de empresas do varejo chegou a 40,4 mil.

Muitos lojistas no Estado não resistiram ao longo período de paralisação para conter disseminação de vírus | Crédito: Mara Bianchetti

Em todo o País, a perda foi 135,2 mil lojas ou o equivalente a 10% do número de estabelecimentos existentes no início deste ano. “Em um trimestre apuramos saldo negativo mais intenso do que em todo o de 2016, quando 105,3 mil pontos de vendas havia sido extintos. No caso dos estados, o movimento é semelhante e todos apresentaram recorde histórico, inclusive Minas Gerais”, pontuou o economista da CNC, Fábio Bentes.

O levantamento revelou que no Rio de Janeiro o número de empresas extintas foi de 11,4 mil; no Rio Grande do Sul, de 9,7 mil; e no Paraná de 9,5 mil. Em termos relativos, as maiores quedas foram observadas nos estados das regiões Norte e Nordeste: Rio Grande do Norte (-14,3%); Alagoas (-13,2%); Roraima (-12,0%); e Rondônia (-11,8%).

O resultado de Minas apenas não foi pior, porque os efeitos do novo coronavírus chegaram mais tardiamente no Estado e, consequentemente, as medidas de distanciamento social e limitação do funcionamento das atividades econômicas também.

Para Bentes, a combinação da própria crise econômica provocada pena pandemia, houve a interrupção do funcionamento de diversas atividades consideradas não essenciais e uma economia ainda não tão pujante herdada dos anos anteriores colaboraram para o fechamento definitivo de muitas empresas. O economista classificou o movimento como “seleção natural”.

“No início de 2020 tínhamos uma recuperação lenta da economia. E num cenário como este, muitas empresas do comércio dependem do fluxo de caixa do mês anterior para manter o giro e o funcionamento no período seguinte. Diante tantos obstáculos como os impostos nos últimos meses, elas acabam sendo mais impactadas”, avaliou.

E-commerce 

O lado positivo, conforme o especialista, está na pujança observada no e-commerce nacional. Diante das limitações e das mudanças no comportamento do consumidor, muitos negócios acabaram migrando de vez para o ambiente virtual. No entanto, o aumento das vendas on-line ainda não é suficiente para suprir as perdas observadas no varejo físico.

Conforme a CNC, os índices de comercialização no varejo on-line cresceram 43% no segundo trimestre deste exercício. A participação do e-commerce nas vendas totais do comércio que antes da pandemia era em torno de 5%, hoje deve estar próxima de 10%.

Em relação a recuperação, a expectativa é que o pior já tenha passado e setor deverá experimentar um terceiro trimestre com resultados melhores do que os observados no anterior.

De toda maneira, o economista ressaltou que a tendência para os próximos meses, caso não haja nenhuma reversão da curva epidemiológica no País, é a economia se recuperar. Porém, números de estabelecimentos nos patamares observados no período pré-pandemia, somente em 2022.

“Poderemos vislumbrar alguma recuperação em alguns segmentos no ano que vem. Mas isso vai variar de Estado para Estado também. Acredito que encerraremos este ano com 90 mil estabelecimentos comerciais perdidos no Brasil”, estimou.

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