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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Emergências do lixo em Rio das Ostras podem deixar prefeito em maus lençóis e gerar processo por improbidade

Quando, no dia 16 de outubro do ano passado, a Prefeitura de Rio das Ostras – depois de um longo período de adiamentos – fez a concorrência pública do serviço de coleta de lixo, imaginou-se que havia chegado ao fim o festival de emergências, com faturamento garantido para empresa Albanq Serviços de Locação de Equipamentos. 


Elizeu Pires

Mero engano, pois o prefeito Marcelino Borba, o Marcelino da Farmácia, autorizou mais dois contratos emergenciais, um do total de seis desde 16 de julho de 2018, primeiro dele como governante.

Marcelino Borba autorizou seis contratos emergenciais do lixo em um ano e meio | Reprodução

Pelo que está nos contratos 004 e 033, datados de 13 de janeiro de 2020, a Albanq vai receber R$ 5,4 milhões (confira aqui) por 180 dias de um serviço apontado como péssimo por moradores e comerciantes da cidade. Quanto ao processo licitatório esse foi parar na Justiça, porque a Prefeitura desclassificou, aparentemente sem justa causa, duas firmas que concorreram com a Albanq, e a aposta é grande que essa licitação pode vir ter o mesmo destino de outras já questionadas no Poder Judiciário, o arquivo das anuladas.

R$ 22,4 milhões sem licitação 

Com contratos também para manutenção dos banheiros públicos da cidade e para locação de estrutura para eventos, a empresa representada junto à Prefeitura por Lucas Rios Cortes, tem no serviço de coleta e transporte do lixo o seu maior negócio, e nem precisou vencer um processo licitatório para isso. Os seis contratos do lixo somam R$ 22,4 milhões.

O primeiro contrato da Albanq na gestão do prefeito Marcelino Borba é o de número 080/2018. Foi firmado logo no primeiro dia de Borba como prefeito, com valor global de R$ 5.443.700,91. Depois vieram os contratos 004, 066 e 131, todos do ano passado, respectivamente nos valores de R$ 5.443.698,61, R$ 2.801.697,26 e R$ 3.287.288,05. No mês passado, com a licitação na qual a empresa foi declarada vencedora com a desclassificação de duas correntes sob questionamento na Justiça, Marcelino autorizou os contratos 004 e 033, o primeiro no total de R$ 2.274.510,22, e o segundo de R$ 3.203.039,61.

Ação judicial 

Nos últimos seis meses a Justiça já anulou os resultados de pelo menos duas licitações realizadas pela Prefeitura de Rio das Ostras, uma delas no valor de cerca de R$ 40 milhões. No caso da concorrência do lixo, de acordo com um advogado que conhece o teor do processo, as duas concorrentes desabilitadas pelo Departamento de Licitação têm chances de reverter a situação.

“À luz do bom direito tanto uma como a outra desabilitada no certame podem vir a ter o respaldo judicial necessário para continuarem disputando o contrato, embora apenas uma delas tenha ingressado na Justiça. Ainda há tempo para a outra firma lutar por seu direito”, diz o advogado.

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