Em Lambari, implementação de bloquetes reduz o barro e a formação de poeira na pista e facilita a locomoção da comunidade
Agência Minas
Como adequar estradas rurais, evitando a erosão do solo e a consequente degradação do ambiente? Em Lambari, estância hidromineral que faz parte do Circuito das Águas, no Sul de Minas, o desafio está sendo solucionado pelo Programa de Conservação de Estradas Rurais. O trabalho, implantado há oito anos, reúne ações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), da prefeitura municipal e de cafeicultores das comunidades rurais do município.
Como adequar estradas rurais, evitando a erosão do solo e a consequente degradação do ambiente? Em Lambari, estância hidromineral que faz parte do Circuito das Águas, no Sul de Minas, o desafio está sendo solucionado pelo Programa de Conservação de Estradas Rurais. O trabalho, implantado há oito anos, reúne ações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), da prefeitura municipal e de cafeicultores das comunidades rurais do município.
O pavimento com bloquetes sextavados, feitos de cimento, é considerado sustentável, pois como são assentados em areia ou no solo, sem rejunte, permitem que água da chuva seja escoada para os lençóis freáticos, evitando a impermeabilização do solo | Divulgação / Emater MG |
Com mais de 1,7 mil quilômetros de estradas rurais, o município tem enfrentado dificuldades na manutenção e na conservação dos acessos na zona rural. Nos períodos de chuva, muitos trechos apresentam pontos de alagamento, atoleiros, fortes enxurradas, falta de saídas de água e bacias de contenção, entre outros problemas. Na estiagem, outros dilemas também surgem, como corrugações, conhecidas como “costelas de vaca”, pedras pontiagudas, buracos e poeira.
A Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), é a idealizadora do projeto de conservação e mobilização dos produtores. A prefeitura garante maquinário, equipamento e cimento para fabricar os bloquetes usados na pavimentação e na montagem das canaletas, já que permitem a drenagem da água. Os produtores financiam a maior parte da empreitada, destinando frações das vendas do próprio café para a compra de materiais. Além disso, garantem a mão de obra, formando, entre eles, um mutirão para executar os serviços.
O objetivo é garantir o tráfego normal de veículos e o escoamento da produção agrícola, focada principalmente no café, durante todo o ano. Até o momento, a iniciativa já promoveu a pavimentação de 18 quilômetros de estradas vicinais do município, com adesão de 12 comunidades rurais, segundo o extensionista agropecuário, do escritório local da Emater-MG, José Oscar Brandão.
De acordo com o agrônomo, que divide a autoria do projeto com a colega extensionista de bem-estar social Rossana Toledo, tudo começou quando foram consultados por um produtor, líder da comunidade, se havia crédito rural (Pronaf) para melhorar estradas vicinais. “Então iniciamos um projeto de recuperação de pontos críticos por meio de pavimentação com bloquetes sextavados, tendo a participação da Emater, comunidades rurais e prefeitura”, explica.
O pavimento com bloquetes sextavados, feitos de cimento, é considerado sustentável, pois como são assentados em areia ou no solo, sem rejunte, permitem que água da chuva seja escoada para os lençóis freáticos, evitando a impermeabilização do solo. Por ser antiderrapante, o revestimento oferece maior segurança a pessoas e veículos que percorrem as estradas.
Estrada recuperada
A primeira comunidade a ser beneficiada foi a da Serra do Paiolinho, mas o projeto estendeu-se para todas as regiões rurais do município: Campos, Serrote, São Bartolomeu, Barba de Bode, Capelinha e Vargem Grande. “A cada ano é construído um trecho de cada estrada vicinal e isso vem melhorando o transporte de insumos, da safra de café e facilitando o deslocamento de veículos escolares, equipes de saúde, além das famílias que moram no meio rural. É uma iniciativa que está facilitando a vida de todos, deixando as estradas transitáveis o ano todo”, diz José Oscar Brandão.
Moradores das comunidades atestam também a facilidade para escoar a produção e realizar outras atividades. É o caso do cafeicultor Carlos Bacardi, que compara a situação atual com a do passado. “Antes de melhorar essas estradas a vida era mais difícil. A gente pensava para sair e muito mais para voltar. Era difícil pra levar o que se produzia no sítio e ter acesso às coisas da cidade. Agora temos tranquilidade em sair e chegar”, afirma.
O também cafeicultor Sebastião de Oliveira confirma as dificuldades em transitar na estrada para trabalhar na colheita do café, antes das intervenções. No mês de seca, a poeira era o maior obstáculo na travessia da estrada. Mas na época de chuva, o barro era o grande vilão por dificultar as subidas dos carros, como ele aponta. “Tudo ficava parado e a gente não conseguia vir adubar e dar manutenção na nossa lavoura”, garante.
Motorista de ônibus escolar que roda as comunidades de São Bento, São Bartolomeu e Cachoeirinha, Walter Pimentel elogia o trecho já pavimentado. “Agora o veículo desenvolve muito mais. O bloquete ajuda muito, dá para sair mais tarde. Antes a estrada tinha muito buraco e, quando chovia, fazia bastante barro, não tinha como passar. O trator tinha de vir ou então a gente ficava na cidade”, lembra.
Prêmio e cafeicultura
O Programa de Conservação de Estradas Rurais de Lambari conquistou o primeiro lugar no Prêmio MelhorAção de 2019. A iniciativa da Emater-MG escolhe os melhores trabalhos de destaque no ano para valorizar profissionalmente funcionários e clientes da empresa.
O município de Lambari tem como principal atividade econômica a cafeicultura. A área de café em produção no município é de 6,1 mil hectares e 820 hectares em formação. A produção é de 153 mil sacas por ano.
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