Balanço aponta que programas Fica Vivo! e Mediação de Conflitos tiveram maior participação da comunidade
Agência Minas
As políticas públicas de prevenção social à criminalidade desenvolvidas em Minas Gerais tiveram aumento no número de atendidos durante o último ano. O Programa Fica Vivo!, que tem objetivo de reduzir a taxa de homicídios entre jovens de 12 a 24 anos, teve crescimento de 11%. A média mensal de participantes, em comparação a 2018, passou de 8.390 para 9.308.
Dirceu Aurélio/Sejusp MG; Oficina de percussão do Fica Vivo! |
Já o Programa Mediação de Conflitos (PMC), que trabalha para fortalecer e mobilizar a comunidade para reduzir a criminalidade violenta, superou em 8% o número de pessoas acolhidas, que em 2019 foi de 11.672. O Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (Presp) e a Central de Acompanhamento de Penas e Medidas Alternativas (Ceapa) também apresentaram resultados positivos, contribuindo para o fortalecimento da política de prevenção no Estado.
O balanço de 2019 aponta que o Fica Vivo! realizou quase 140 mil atendimentos em Minas Gerais ao longo do ano. O Mediação de Conflitos, por sua vez, registrou mais de 32,9 mil. A Ceapa obteve 19% de aumento no número de alternativas penais monitoradas, chegando a 21,2 mil. O número de atendimentos do PrEsp também saltou de 14,8 mil para 20,6 mil - um aumento de 39%.
Qualificação
Para a subsecretária de Prevenção à Criminalidade da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Andreza Gomes, os dados mostram que o alcance da política cresceu, resultando na redução de crimes violentos. "Ainda queremos avançar nas estratégias preventivas. Além de prosseguir com os atendimentos e as oficinas existentes, ampliaremos as formas de intervenção em 2020. O objetivo é que o público se qualifique profissionalmente para construir novas oportunidades no mercado de trabalho", acrescenta.
Andreza Gomez ressalta ainda que os planos para este ano incluem a oferta de 18 cursos profissionalizantes e a formação de pequenos grupos de empreendedores, especialmente aqueles voltados para mulheres e jovens. Outra ação a ser posta em prática é a capacitação de moradores e de lideranças de territórios com alto índice de vulnerabilidade social, para que atuem como agentes de segurança cidadã, auxiliando as equipes técnicas mediante recebimento de bolsas.
Exemplo de sucesso
Há cerca de dois anos, o Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) Nova Contagem, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, reúne lideranças femininas, por meio do Mediação de Conflitos, para planejamento conjunto de ações e estratégias de segurança pública comunitária. "Convidamos pessoas que são referências em nossa área de cobertura para sugerirem intervenções no território, pensando em precaver, sobretudo, a violência doméstica. Dessa maneira, trabalhamos mais próximos à realidade comunitária e promovemos a autonomia e o fortalecimento de laços entre elas", explica a analista do programa, Lorena Lazarino.
Participante do grupo, Neuza Carvalho conta que a articulação é relevante para o envolvimento dos demais membros da comunidade. "A gente se encontra para discutir desenvolvimento social em defesa da mulher. Conversamos sobre o que há de bom na nossa região, o que poderia ter melhor proveito e buscamos saídas para nossos problemas, contando com apoio dos poderes federal, estadual e municipal. Assim, esperamos dar visibilidade aos projetos em andamento e incentivar a participação de outras mulheres”, relata Neuza, residente do bairro Ipê Amarelo.
Juventude ativa
Na mesma regional, jovens são estimulados a participar do Fica Vivo! por meio de oficinas de percussão e dança afro. "Isso chama a atenção deles e, desse modo, trabalhamos questões como consciência negra, cultura afro e empoderamento. Fomentamos rodas de conversa sobre o que é ser negro, assistimos a filmes dentro dessa temática e visitamos locais como o Espaço do Conhecimento da UFMG, o Centro de Referência da Juventude e o Inhotim, para possibilitar o acesso a esses espaços culturais e de discussão", afirma a oficineira Aline Dias.
Integrante de ambas as iniciativas, a jovem Clara Aparecida se diz “apaixonada” pelo programa, do qual participa há vários meses. “A gente se movimenta, passeia, conhece muita coisa, visita outras frentes de trabalho. Desde pequena, sempre gostei de dançar; quando eu encontrei a dança afro, fiquei maravilhada”, expõe.
Não por acaso, 13 dos 19 oficineiros do território foram participantes ou multiplicadores do Fica Vivo! durante a adolescência. É o caso de Gleison dos Santos, que se envolveu com os projetos aos 14 anos e, atualmente, ministra aulas de percussão, musicalização e elaboração de tambores.
“A gente faz apresentações durante o ano inteiro, em Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Belo Horizonte. Rodamos mostrando um pouco da nossa realidade e cultura”, descreve. Para 2020, os grupos organizam uma festa de pré-Carnaval, até então inédita em Nova Contagem, oferecendo uma opção de lazer e inserção social aos cidadãos dos entornos.
Marcos Túlio de Almeida também se diz beneficiado por diversas atividades do programa, do qual participou quando mais jovem. Hoje, ele oferece em sua própria barbearia oficinas de corte, descoloração, tintura e finalização. "No momento, atendo entre 15 e 20 jovens e sirvo de referência para eles. Quando há dificuldade, a gente se ajuda. Por exemplo, se o garoto tem uma entrevista de emprego, cortamos o cabelo dele", declara. O barbeiro também contratar alguns desses rapazes para o seu negócio.
Ampliação
Lançado em 2019 pela Sejusp, por meio da Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade, o Selo Prevenção Minas presta consultoria qualificada para municípios mineiros com objetivo de auxiliar no diagnóstico de especificidades da criminalidade local e em propostas de ações preventivas. Alfenas, no Sul do estado, foi a primeira cidade a receber o programa.
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