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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Detentos de Coronel Fabriciano (MG) buscam novas perspectivas na educação

Cursinho preparatório para exame e doação de 800 livros são exemplos de ações recentes da unidade para a ressocialização dos presos


Agência Minas

As salas de aula estão cheias no Presídio de Coronel Fabriciano. Isto porque, com o apoio de uma rede de voluntários, a unidade prisional tem desenvolvido projetos para estimular os hábitos de estudo e incentivar a leitura entre os presos. Dentre eles estão, por exemplo, a implantação do projeto Remição Pela Leitura e as aulas preparatórias para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Crédito: Divulgação/Sejusp

O cursinho preparatório, em especial, é uma estratégia adotada para que os alunos do presídio se sintam mais confiantes para realizar o Encceja PPL, que contempla pessoas privadas de liberdade de unidades prisionais e socioeducativas. A partir da iniciativa, professores voluntários lecionam duas vezes por semana. Divididos em turmas, os detentos recebem aulas de história, ciências e redação. Já as lições de geografia são ministradas por outro custodiado, que tem formação na área.

O Encceja PPL é uma forma de obter os certificados dos ensinos fundamental e médio para quem não concluiu os estudos na idade adequada Na próxima semana – nos dias 8 e 9/10 (terça e quarta-feiras) – o exame será aplicado em todo o país. Para a prova deste ano, 72 presos da unidade se inscreveram. Serão quatro provas objetivas com 30 questões de múltipla escolha e uma redação, de acordo com o nível de ensino de cada candidato.

Alex Junior Augusto Silva, 19 anos, é um dos participantes. Para ele, poder voltar a estudar no presídio era algo que ele não imaginava e que tem mudado seu comportamento. “Educação, para mim, é aprender. Por mais que tenhamos errado no passado, podemos tentar de novo. Eu não tenho vergonha de falar que sou um reeducando. Tenho certeza que vou sair melhor. Pretendo fazer faculdade de Direito e ser uma pessoa do bem, com novas perspectivas”, afirma.

As iniciativas educacionais do Presídio de Coronel Fabriciano estão atingindo 137 presos da unidade, o que representa 30% da população carcerária local. Os projetos são coordenados por dois agentes de segurança penitenciários: Samyra Granato Azevedo e Marcos Oliveira Moraes. Segundo Samyra, fazer parte desse processo causa grande motivação.
 
“Trabalhando no Núcleo de Ensino da unidade, pude perceber como é grande a carência de estudo entre os presos. Poder contribuir para que eles adquiram um mínimo de conhecimento e educação é muito gratificante, pois eles terão uma oportunidade a mais ao ganharem novamente a liberdade”, observa.

Para o diretor-geral da unidade prisional, João Batista Ferreira, é muito importante o papel do presídio em promover uma mudança. “Mais cedo ou mais tarde, o indivíduo privado de liberdade estará na rua e nossa função é custodiar e ressocializar. Por meio da educação e do trabalho, nós retiramos o preso da ociosidade, e isso tem trazido reflexos muitos positivos para o funcionamento da unidade. Confusões e motins, por exemplo, praticamente acabaram depois que esses projetos foram implantados”, destaca.

Leitura

Desde novembro do ano passado, o projeto Remição pela Leitura vem sendo executado na unidade prisional. Atualmente, os 65 presos participantes contam com uma biblioteca com mais de 800 livros. As obras foram doadas recentemente pela Biblioteca Municipal, que realizou uma campanha para arrecadar os volumes.

Segundo o diretor-geral, quando o projeto começou, era comum a unidade prisional pegar muitos livros emprestados na biblioteca da cidade que, então, teve a iniciativa de doar os volumes para facilitar o trabalho no presídio.

A atividade consiste na leitura de uma obra literária no prazo de 22 a 30 dias e, posteriormente o custodiado escreve uma resenha sobre o livro. Os trabalhos são revisados por servidores e possibilitam a remição de quatro dias de pena, com o limite de 12 obras por ano, de acordo com a Recomendação 44 do Conselho Nacional de Justiça.

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