Partido fará rigorosa seleção de candidatos para prefeito e vereador, com foco em cerca de 60 cidades do país
Carolina Linhares | Folha de S.Paulo
Na contramão de partidos que pretendem lançar candidatos no maior número possível de cidades em 2020, o Novo quer mirar em cerca de 60 municípios e escolher seus candidatos a dedo.
Para ser candidato a prefeito ou a vereador, os postulantes terão que se submeter a três etapas de avaliações, testes e entrevistas, além de pagar para participar da seleção — o valor chega a R$ 4.000 nas principais capitais.
As próprias cidades, por meio de seus diretórios municipais já constituídos ou em consolidação, têm que se qualificar para terem o direito de lançar candidatos.
Precisam ter mais de 300 mil habitantes, ao menos 150 filiados ativos e R$ 60 mil arrecadados até outubro deste ano para bancar gastos de campanha, como assistência jurídica e financeira.
“Queremos crescer o mais rápido possível, mas de forma sólida e mantendo a qualidade”, diz o presidente da legenda, João Amoêdo.
Amoêdo defende a seleção como necessária para manter a coesão no partido. “A gente já viu isso, alguns partidos que têm pessoas que acabam se desvirtuando dos princípios e valores. Mas o Novo acredita na instituição, na formação de uma marca, que todos atuem com uma certa coerência”, completa.
A opção por um crescimento sustentável por meio de triagem rigorosa de candidatos destoa das estratégias de outras siglas.
O PSL, de Jair Bolsonaro, por exemplo, visa alcançar 1 milhão de filiados para inflar as candidaturas de 2020. O PSDB, embora tenha um programa para treinar jovens políticos, quer lançar prefeitos nos 645 municípios de São Paulo.
Depois de eleger quatro vereadores na eleição de 2016, a primeira da qual participou, o partido Novo alcançou bom resultado em 2018: elegeu 8 deputados federais, 11 estaduais e um distrital, além do governador Romeu Zema (MG). Presidenciável, Amôedo terminou em quinto, com 2,5% dos votos válidos.
Para o partido, a eleição de 2020 será estratégica. Pela primeira vez, o Novo estará habilitado a participar de debates na TV. A lei eleitoral determina que as emissoras convidem candidatos de legendas com ao menos cinco congressistas.
Para que os candidatos estejam bem preparados para as campanhas e para os debates, o partido começou o processo seletivo com antecedência.
A abertura das seleções ocorre em “ondas” de cidades. Ainda em abril, o Novo deu início à triagem daqueles que querem se candidatar a prefeito nas oito principais capitais do país.
Já são 53 cidades com a seleção em andamento, número que pode chegar a cerca de 60 até outubro, quando as inscrições se encerram.
Já para candidatos a vereador, as inscrições se iniciam neste mês em 17 capitais. Outras cidades ainda deverão ter processos seletivos de vereadores, que terminam em janeiro.
A ideia é que o partido lance chapas de vereadores nos mesmos municípios onde lançará prefeitos para concentrar os esforços de campanha.
“O Novo é um partido recente. Não utilizamos dinheiro público para campanha, então a gente fica sempre com escassez de recursos financeiros e de pessoas. Por isso, é importante planejar o crescimento de acordo com a nossa capacidade de entrega”, diz Amoêdo.
Os membros de diretórios do Novo são voluntários e cada filiado paga R$ 30 ao mês. O partido se financia com essa verba e com doações.
Por abrir mão dos fundos de recursos públicos, os candidatos e os diretórios do Novo têm que bancar seus gastos de campanha (como os R$ 60 mil iniciais) ou ter capacidade de angariar doadores.
Amoêdo diz que isso não fecha as portas para quem não é da elite: “Os candidatos, se são bem qualificados, reconhecidos como lideranças, independentemente da situação patrimonial, conseguem doações voluntárias”.
Mesmo para participar do processo seletivo, é preciso pagar. Postulantes a vereador pagam R$ 350 e se filiam ao Novo no momento da inscrição.
Já para prefeitos, cuja seleção terá participação da consultoria especializada em recursos humanos, a Exec, o custo é de R$ 2.000 em cidades menores e de R$ 4.000 nas principais capitais. O valor é para bancar a contratação da empresa e só precisa ser pago caso o candidato passe para a segunda etapa.
A triagem é contínua e dura cerca de três meses. Ou seja, enquanto há candidatos que se inscreveram recentemente e estão na primeira etapa, há outros que já estão qualificados para a terceira e última fase, que terá início no fim do mês.
A Folha apurou que em São Paulo, por exemplo, há dois nomes qualificados para o passo final: uma entrevista com a direção nacional do Novo, em que o participante apresenta problemas e soluções do seu município.
É possível que mais de uma pessoa seja selecionada para ser candidata a prefeito. Nesse caso, a escolha final será feita na convenção do partido, pelos filiados.
Até agora 271 pessoas se inscreveram para tentar a candidatura a prefeituras — 150 já foram eliminadas. As cidades com mais postulantes foram São Paulo (51), Rio de Janeiro (20), Curitiba (15), Belo Horizonte (13) e Salvador (12).
Um bom desempenho em cidades grandes é crucial para o Novo. “Até porque, em algumas dessas cidades, há uma grande insatisfação com os prefeitos atuais, como Rio e São Paulo. Há demanda por renovação nesses lugares e é importante termos uma candidatura competente para dar opção ao eleitor”, diz Amoêdo.
Em São Paulo, desponta como favorito Filipe Sabará, presidente do Fundo Social do estado de São Paulo e próximo do governador João Doria (PSDB). Ele foi secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social na capital paulista, é empresário e fundador de uma ONG que atua com moradores de rua.
No Rio, o destaque é Fred Luz, que já foi diretor comercial das Lojas Americanas e dirigente do Flamengo. O vereador Mateus Simões é o nome mais competitivo em Belo Horizonte.
“Não temos a menor dúvida de que aquele candidato [escolhido] não vai nos submeter a determinados riscos ou nos deixar frustrados em relação ao alinhamento”, diz o coordenador do processo seletivo, Ubiratan Vieira Guimarães.
As próprias cidades, por meio de seus diretórios municipais já constituídos ou em consolidação, têm que se qualificar para terem o direito de lançar candidatos.
Precisam ter mais de 300 mil habitantes, ao menos 150 filiados ativos e R$ 60 mil arrecadados até outubro deste ano para bancar gastos de campanha, como assistência jurídica e financeira.
“Queremos crescer o mais rápido possível, mas de forma sólida e mantendo a qualidade”, diz o presidente da legenda, João Amoêdo.
Amoêdo defende a seleção como necessária para manter a coesão no partido. “A gente já viu isso, alguns partidos que têm pessoas que acabam se desvirtuando dos princípios e valores. Mas o Novo acredita na instituição, na formação de uma marca, que todos atuem com uma certa coerência”, completa.
A opção por um crescimento sustentável por meio de triagem rigorosa de candidatos destoa das estratégias de outras siglas.
O PSL, de Jair Bolsonaro, por exemplo, visa alcançar 1 milhão de filiados para inflar as candidaturas de 2020. O PSDB, embora tenha um programa para treinar jovens políticos, quer lançar prefeitos nos 645 municípios de São Paulo.
Depois de eleger quatro vereadores na eleição de 2016, a primeira da qual participou, o partido Novo alcançou bom resultado em 2018: elegeu 8 deputados federais, 11 estaduais e um distrital, além do governador Romeu Zema (MG). Presidenciável, Amôedo terminou em quinto, com 2,5% dos votos válidos.
Para o partido, a eleição de 2020 será estratégica. Pela primeira vez, o Novo estará habilitado a participar de debates na TV. A lei eleitoral determina que as emissoras convidem candidatos de legendas com ao menos cinco congressistas.
Para que os candidatos estejam bem preparados para as campanhas e para os debates, o partido começou o processo seletivo com antecedência.
A abertura das seleções ocorre em “ondas” de cidades. Ainda em abril, o Novo deu início à triagem daqueles que querem se candidatar a prefeito nas oito principais capitais do país.
Já são 53 cidades com a seleção em andamento, número que pode chegar a cerca de 60 até outubro, quando as inscrições se encerram.
Já para candidatos a vereador, as inscrições se iniciam neste mês em 17 capitais. Outras cidades ainda deverão ter processos seletivos de vereadores, que terminam em janeiro.
A ideia é que o partido lance chapas de vereadores nos mesmos municípios onde lançará prefeitos para concentrar os esforços de campanha.
“O Novo é um partido recente. Não utilizamos dinheiro público para campanha, então a gente fica sempre com escassez de recursos financeiros e de pessoas. Por isso, é importante planejar o crescimento de acordo com a nossa capacidade de entrega”, diz Amoêdo.
Os membros de diretórios do Novo são voluntários e cada filiado paga R$ 30 ao mês. O partido se financia com essa verba e com doações.
Por abrir mão dos fundos de recursos públicos, os candidatos e os diretórios do Novo têm que bancar seus gastos de campanha (como os R$ 60 mil iniciais) ou ter capacidade de angariar doadores.
Amoêdo diz que isso não fecha as portas para quem não é da elite: “Os candidatos, se são bem qualificados, reconhecidos como lideranças, independentemente da situação patrimonial, conseguem doações voluntárias”.
Mesmo para participar do processo seletivo, é preciso pagar. Postulantes a vereador pagam R$ 350 e se filiam ao Novo no momento da inscrição.
Já para prefeitos, cuja seleção terá participação da consultoria especializada em recursos humanos, a Exec, o custo é de R$ 2.000 em cidades menores e de R$ 4.000 nas principais capitais. O valor é para bancar a contratação da empresa e só precisa ser pago caso o candidato passe para a segunda etapa.
A triagem é contínua e dura cerca de três meses. Ou seja, enquanto há candidatos que se inscreveram recentemente e estão na primeira etapa, há outros que já estão qualificados para a terceira e última fase, que terá início no fim do mês.
A Folha apurou que em São Paulo, por exemplo, há dois nomes qualificados para o passo final: uma entrevista com a direção nacional do Novo, em que o participante apresenta problemas e soluções do seu município.
É possível que mais de uma pessoa seja selecionada para ser candidata a prefeito. Nesse caso, a escolha final será feita na convenção do partido, pelos filiados.
Até agora 271 pessoas se inscreveram para tentar a candidatura a prefeituras — 150 já foram eliminadas. As cidades com mais postulantes foram São Paulo (51), Rio de Janeiro (20), Curitiba (15), Belo Horizonte (13) e Salvador (12).
Um bom desempenho em cidades grandes é crucial para o Novo. “Até porque, em algumas dessas cidades, há uma grande insatisfação com os prefeitos atuais, como Rio e São Paulo. Há demanda por renovação nesses lugares e é importante termos uma candidatura competente para dar opção ao eleitor”, diz Amoêdo.
Em São Paulo, desponta como favorito Filipe Sabará, presidente do Fundo Social do estado de São Paulo e próximo do governador João Doria (PSDB). Ele foi secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social na capital paulista, é empresário e fundador de uma ONG que atua com moradores de rua.
No Rio, o destaque é Fred Luz, que já foi diretor comercial das Lojas Americanas e dirigente do Flamengo. O vereador Mateus Simões é o nome mais competitivo em Belo Horizonte.
“Não temos a menor dúvida de que aquele candidato [escolhido] não vai nos submeter a determinados riscos ou nos deixar frustrados em relação ao alinhamento”, diz o coordenador do processo seletivo, Ubiratan Vieira Guimarães.
O PROCESSO SELETIVO
PREFEITOS
Inscrições até outubro
Total de inscritos até agora: 271
Eliminados até agora: 150
Etapas
1. Inscrição e currículo - Diretório valida o candidato com base em exigências como ter alinhamento com valores do Novo, reputação reconhecida perante a sociedade e a comunidade empresarial, experiência de 8 anos em posição relevante na área de gestão, liderança, capacidade de comunicação, espírito empreendedor, aptidão para trabalhar em equipe, raciocínio analítico e estratégico.
2. Entrevista com a Exec - Candidato se filia ao Novo e paga a taxa nesta fase. Valor de R$ 4 mil para São Paulo, Rio, BH, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza, e R$ 2 mil para demais cidades.
Consultoria faz entrevista e teste comportamental.
3. Entrevista com o Novo - À executiva nacional do Novo, candidato expõe problemas e soluções para sua cidade. Depois, a escolha é validada na convenção de filiados.
VEREADORES
Inscrições de setembro a janeiro
Etapas
1. Inscrição online - Candidato se filia ao Novo e paga taxa de R$ 350 (quem já foi candidato pelo Novo paga metade). Envia currículo, vídeo e faz prova sobre atribuições do vereador e estatuto do Novo
2. Entrevista por Skype - Com membros de diretórios do Novo
3. Exposição e capacitação - Candidato deve participar de eventos do Novo, gravar vídeos e trabalhar suas redes sociais. Também deve fazer videoaulas. Ao final, será avaliado por mentores.
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