Governador afirmou, ainda, que poucos técnicos querem fiscalizar as barragens em Minas Gerais
Ana Luiza Faria | O Tempo
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), declarou que é preciso encontrar uma solução que concilie segurança e a viabilização da atividade mineradora no Estado. Para ele, caso a situação continue da forma que está Minas terá uma desestruturação total no setor. “Sei que ninguém pode ficar exposto a riscos, mas parece que nós estamos assistindo um momento em que todos estão com as emoções afloradas, o que causa uma reação que seria além do recomendado. Não é fácil lidar com um problema desses porque não podemos expor ninguém a riscos, mas também não podemos parar uma atividade tão relevante para o Estado” afirmou.
Romeu Zema afirmou que se vê com uma "batata quente" nas mãos | Reprodução |
De acordo com Zema, as mineradoras e o Estado enfrentam dificuldades para encontrar profissionais para fiscalizar as barragens em Minas Gerais. Ele disse que depois do rompimento da barragem da mina do Córrego de Feijão, em Brumadinho, ninguém quer assumir responsabilidade e usou a expressão “batata quente” para exemplificar a situação.
“O que nós estamos observando é que depois dessa tragédia de Brumadinho, nenhum técnico e nenhuma auditoria verifica mais barragem alguma. Depois dessa questão ficou nítido que talvez, o que a engenharia técnica especifica vai ter que ser revisto", disse.
Zema contou que irá a Brasília na quarta-feira desta semana. Lá, terá uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para discutir a questão.
"Vamos tentar organizar uma força conjunta para rever esse problema porque chegamos a um ponto em que ninguém quer ficar com a batata quente na mão, por uma questão muito séria: se ficar e amanhã algo acontecer, essa pessoa estará com um seríssimo problema perante a Justiça, até de ordem criminal e dolosa”, disparou.
Ainda nesta segunda-feira, o governador vai se reunir com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, com uma equipe da secretaria de Estado do Meio Ambiente e representantes do governo federal para tentar achar soluções para a atividade de mineração no Estado.“Vamos discutir o que pode ser feito, pois, se continuar da forma que estamos, nós vamos ter uma desestruturação total do setor”, disse.
Romeu Zema lembrou que nos últimos sete dias, mais três áreas no Estado forma interditadas por risco de rompimentos de barragens: uma mina da Vale em Barão de Cocais, uma mina da Arcelor em Itatiaiuçu e outra mina da Vale em Nova Lima. “Quero lembrar que todo esse problema de Brumadinho infelizmente pode ser apenas o prenúncio de um problema muito maior para o qual nós estamos nos preparando”, lamentou.
O governador comparou o rompimento da barragem de Brumadinho com um “morto que saiu andando”, uma vez que a barragem estava com as operações paralisadas. Ele também se mostrou procurado com as barragens que estão ativas.
“Como sabíamos era uma barragem desativada que não recebia resíduos há anos e o que aconteceu ali foi como se um morto saísse andando. Se um morto sai andando, o que dizer dos vivos, que são barragens que estão recebendo rejeitos? Então, é uma situação extremamente angustiante para nós, mineiros, porque da forma que a coisa está caminhando não vai demorar para termos praticamente todas as barragens aqui do Estado ou boa parte delas consideradas como de risco”, afirmou.
As declarações foram dadas na manhã dessa segunda-feira, durante a cerimônia de assinatura de um termo de repasses da União para o Estado, no valor de R$196 milhões para a área da saúde.
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